Sínodo

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A sinodalidade à luz do carisma salesiano: questão fundamental

Pe. João Mendonça, SDB
O objetivo desta série de artigos para o Boletim Salesiano será uma proposta de leitura e de escuta, a partir do carisma salesiano, aos apelos da sinodalidade.

Desde 2021, a Igreja católica está num processo local (porque a Igreja acontece nas realidades diocesanas) e aberto ao universal para a realização do Sínodo 2021-2024, convocado pelo Papa Francisco com o tema: “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”. É um chamado a pensar a Igreja nos dias de hoje. Estamos todos e todas caminhando juntos num imenso mutirão de participação para ouvir a voz de Deus nos sentimentos, expressões, desejos, sonhos e projetos de discípulos missionários do Povo de Deus, um povo que não descansa, porque é peregrino.

O objetivo desta série de artigos para o Boletim Salesiano será uma proposta de leitura e de escuta, a partir do carisma salesiano, aos apelos da sinodalidade, pois o Sínodo, como bem afirmou o Papa na abertura, em 2021, “não é um intelectualismo abstrato, não é uma formalidade, não é imobilismo”, mas ação do Espírito que faz arder o coração de todos nós.

A primeira reflexão será sobre a questão fundamental do Sínodo, ou seja: o que move a Igreja a adentrar pelo portal da busca da vontade de Deus na escuta atenta de si, dos outros, dos afastados, dos indiferentes, dos não cristãos e dos cristãos de diferentes denominações? Trata-se de páginas que serão escritas ao longo do caminho, deixando que o Espírito sopre em nossas narinas e nos mantenha despertos do sono da mesmice.

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O Brasil contribuiu com a primeira fase do Sínodo com 258 respostas diocesanas das 278 circunscrições eclesiásticas e de oito grupos específicos que enviaram de forma espontânea a própria colaboração.

O valor de uma experiência
Pensemos. Imaginemos Dom Bosco diante de uma convocação como esta feita pelo Papa Pio IX. Como ele reagiria? Será que ficaria indiferente? Tentaria esconder dos meninos e jovens do Oratório tal convocação? Reuniria apenas os salesianos para responder às perguntas? Ou será que envolveria as Companhias, os vários grupos de aprendizes, os oratorianos, as casas, os benfeitores, todos e todas, para um grande mutirão de participação?

Acredito que Dom Bosco correria os quatro cantos da Congregação envolvendo as pessoas e a sociedade. Aproveitaria das “boas-noites”, das Leituras Católicas, do Boletim Salesiano para incentivar a participação ampla de todos no Sínodo, porque ele sentia como Igreja, vibrava com a Igreja, amava a Igreja.

A questão fundamental do Sínodo é: “Como se realiza hoje nos diversos níveis, tanto local como universal, aquele caminhar juntos que permite à Igreja anunciar o Evangelho em conformidade com a missão que lhe é confiada?”. Esta é a pergunta que está na base do processo, e cabe a todos nós, em nossas obras, participar vivamente com o coração Oratoriano, alegre e otimista, deste saber sentir a Igreja na sua missão. Como conseguimos envolver até agora nossos adolescentes e jovens, colaboradores, Família Salesiana, paróquias, obras sociais, escolas e grupos juvenis nesse mutirão sinodal? A voz deles se uniu às nossas vozes?

A beleza da participação
O Brasil contribuiu com a primeira fase do Sínodo com 258 respostas diocesanas das 278 circunscrições eclesiásticas e de oito grupos específicos que enviaram de forma espontânea a própria colaboração. Em nível global, a Secretaria do Sínodo recebeu as sínteses de 112 das 114 Conferências Episcopais, 15 das Igrejas Orientais Católicas e 17 dos 23 Dicastérios da Cúria Romana e dos Superiores e Superioras da Vida Religiosa Consagrada e de Movimentos de fiéis leigos, além de cerca de mil contribuições individuais de pessoas e de grupos. Portanto, uma participação expressiva e universal da Igreja.

E nós, Família Salesiana, podemos nos encontrar entre essas contribuições? Participamos em nossas dioceses, paróquias, grupos e comunidades educativas e pastorais? Caso nossa resposta seja negativa, ainda há tempo de colaborar. As portas e janelas não foram fechadas. Temos o Documento de Trabalho para a etapa Continental, que está disponível para nosso estudo e reflexão em grupos.

Nesta segunda fase, a imagem bíblica escolhida é a da tenda (Is 42,2), tema que iremos refletir no próximo artigo. A tenda de Deus (Jo 1,1s), que armou sua morada no meio de nós e deseja que todos estejamos debaixo dela; mas que não é uma tenda imóvel, e sim com projetualidade e capacidade de estender-se.

Por uma Igreja sinodal
O Papa Francisco convocou toda a Igreja a percorrer um caminho preparatório, nos anos de 2021 a 2024, para o Sínodo que terá como tema “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”. O Sínodo será realizado em duas sessões, a primeira de 9 a 24 de outubro deste ano e a segunda, em outubro de 2024.

Para auxiliar essa caminhada, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) preparou um site dedicado ao Sínodo: www.cnbb.org.br/sinodo2023. Entre outros materiais disponíveis no site, há uma explicação sobre o que significa a “sinodalidade”: “é o esforço coletivo e a busca contínua de aprendermos a ‘caminhar juntos’ como irmãos e irmãs que somos. É um jeito de ser Igreja pelo qual cada pessoa é importante, tem voz, é ouvida, capacitada e envolvida na realização da missão”.

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