As tecnologias de informação e comunicação já são adotadas há alguns anos no Instituto Teresa Valsé de Uberlândia, MG, pois a escola acredita serem ferramentas importantes no processo de ensino e aprendizagem. No entanto, devido à nova realidade em que vivemos, foi necessário intensificar essas práticas em virtude dos desafios educacionais colocados pela pandemia da Covid-19. No primeiro semestre de 2021, a escola incentivou os estudantes e professores do Ensino Fundamental II a utilizarem esses recursos tecnológicos na reflexão sobre o Pacto Educativo Global, proposto pelo Papa Francisco.
O uso desses recursos foi de grande importância para amenizar os impactos causados pela pandemia, onde professores e alunos foram momentaneamente proibidos de terem o diálogo presencial. Os resultados – na ampliação do conhecimento, na conscientização dos alunos, na comunicação e na vivência do protagonismo juvenil – foram empolgantes!
Lucimar Teodoro, coordenadora pedagógica do Instituto, explica que o projeto começou com a apresentação do Pacto Educativo Global nas turmas do 6º ao 9º ano, por meio de textos e vídeos, durante as aulas de Ensino Religioso, ministrados pela professora Daniela Aparecida Tomazini. Os conteúdos foram aprofundados, especialmente no que diz respeito ao cuidado com a “Casa Comum”, onde o professor de Geografia, Carlos Felipe Nardin, buscou em suas aulas trazer a discussão sobre a necessidade de um novo pensar. Passada a primeira apresentação, os estudantes foram convidados então a compartilharem suas expectativas e propostas em um padlet, a partir de quatro pontos norteadores extraídos do manual “Pacto Educativo Global na Prática”, da Associação de Educação Católica (ANEC):
Ver – Quais são as maiores dificuldades ligadas à educação que você percebe hoje em nível pessoal e coletivo?
Julgar – Que conteúdos aprendidos na escola você considera que colaboram na sua formação integral como ser humano?
Sonhar – Como seria o mundo futuro que você deseja?
Agir – Quais são os passos práticos necessários para concretizar essas mudanças?
“Acredito que esse período de pandemia trouxe muita conscientização para os alunos sobre as questões sociais e de inclusão na educação. As ferramentas e estratégias que os professores utilizaram nas aulas sempre estimulavam, de forma leve, os alunos para refletir, para ter essa percepção mais coletiva e humanizada. E quando vemos o resultado do ‘padlet’, a forma como eles apresentaram suas ideias e propostas de maneira coerente, percebemos o quanto esses ‘pinguinhos’ de reflexão fizeram com que os jovens criassem mesmo essa consciência”, considera Lucimar.
Ela ressalta que o uso do padlet permitiu que cada estudante, além de compartilhar suas próprias ideias, visse o que os colegas pensavam sobre os temas, o que incentivou o maior envolvimento e a busca de propostas conjuntas: uma construção de conhecimento em grupo. “Quando se fala em protagonismo juvenil, é exatamente isso: essa aprendizagem que eles vão construindo aos poucos, pela vivência e reflexão conjunta. Nós, educadores, vamos estimulando, mas o despertar é dos alunos”, completa ela.
A atividade buscou criar mecanismo de escuta ativa do estudante, pelos quais eles também percebem o mundo a sua volta, são seres ativos, com vontade de mudança e, quanto mais cedo esse despertar ocorrer, maiores são as possibilidades de envolvimento e transformação de sua própria realidade, criando uma cultura em que o diálogo entre gerações seja feito de forma normalizada, de forma que todos percebam e opinem, buscando, assim, contribuir para um mundo mais dialogado, inclusivo e plural.
Continuidade
A continuidade do projeto partiu das propostas feitas pelos alunos e daquilo que mais despertou o interesse em cada turma. O tema norteador para todo o Ensino Fundamental II neste terceiro trimestre é a Sustentabilidade, mas cada série está trabalhando um eixo: Ecologia Integral (6º ano), Direito à Educação – tecnologia e desigualdade social (7º ano), Educação para a Paz (8º ano) e Solidariedade e Direito à Educação (9º ano). Os conteúdos específicos e atividades práticas também variam em cada série.
A intenção da escola com essa proposta é dar mais autonomia ao aluno, para que ele direcione seu pensamento e se torne um protagonista. Já o professor é um mediador da situação, dialoga com o aluno, expõe suas perspectivas e, juntos, eles constroem o saber, contribuindo assim para a formação de um novo tipo de cidadão, como proposto pelo Papa Francisco.
Atualmente, todos os professores do Fundamental II estão envolvidos no projeto, além da coordenadora pedagógica e da orientadora educacional, Cristiane Alves Maciel. “Seguindo o que é proposto no Pacto Educativo Global, buscamos que cada série faça pelo menos uma ação de doação, que ultrapasse os muros da escola. O 8º ano, por exemplo, vai confeccionar as mantas térmicas (feitas com caixas de leite longa vida), e para montar essas mantas estamos trabalhando também com a Geometria”.
A área da comunicação também continua presente nas atividades. O 9º ano vai produzir um e-book, dentro dos componentes e conteúdos trabalhados no eixo da Solidariedade e Direito à Educação, abordando a inclusão digital na educação. Já o 8º ano terá como desafio criar uma revista digital, com reportagens mostrando todos os desdobramentos do projeto no Ensino Fundamental II (do 6º ao 9º ano). “Tornou-se um projeto muito maior do que aquela introdução ao Pacto Educativo Global; algo muito participativo e que estimula os alunos a serem agentes de transformação”, celebra Lucimar, refletindo um sentimento compartilhado por toda a equipe de educadores.