Editorial

O Apóstolo do Chablais

Neste mês missionário, um missionário salesiano de Dom Bosco será elevado à gloria dos altares. Nossa Família Salesiana vibra de alegria, pois a espiritualidade salesiana, vivida no cotidiano, no ordinário da vida, nas pequenas coisas, produz santos!

Seguimos a máxima salesiana de que não é necessário realizar coisas extraordinárias para sermos santos, mas sim fazer as coisas do dia a dia, as coisas ordinárias, com perfeição extraordinária. Assim foi a vida de Artêmides Zatti. Dedicou-se ao atendimento dos doentes e dos pobres com um amor imenso dentro do coração. E foram este amor e esta perseverança cotidiana que o santificaram.

Celebrando os 400 anos da morte de São Francisco de Sales, recordamos que ele também foi um grande missionário. Em 1593, o duque da Sabóia, Carlos Emanuel, pediu para o bispo de Genebra, dom Cláudio de Granier, que enviasse missionários para uma região dos seus Estados que seguia a doutrina calvinista, portanto, era composta por protestantes. Era a região próxima ao lago de Genebra, chamada Província do Chablais. O bispo enviou missionários que tiveram que retornar, pois os protestantes os expulsaram. Mas o duque insistia no envio, pois não admitia que em suas terras houvesse pessoas de outra religião. Nenhum padre queira ir, pois tinham medo da perseguição.

Francisco de Sales colocou-se, então, à disposição do bispo. Ele tinha recém sido ordenado padre e era o chefe dos Cônegos da Catedral. O bispo aceitou e Francisco partiu, juntamente com o seu primo Luís, que também era cônego, para realizar o trabalho missionário na região do Chablais. Foram três anos cheios de muitas lutas e sofrimentos.

Quem ama não se entrega, mas inventa, cria! Como os protestantes não queriam ouvir o “padre católico”, Francisco de Sales teve a ideia de imprimir folhas contendo a doutrina católica e colocar essas folhas debaixo das portas das casas dos moradores. Ao mesmo tempo, ele imitava Jesus, andando pelos campos e conversando com as pessoas. E, pouco a pouco, esses protestantes começaram a se converter.

No final de outubro de 1598, Francisco de Sales, que tinha iniciado sozinho a missão, mas que agora já contava com a ajuda de outros padres, conseguiu converter toda a região. Foram mais ou menos 25.000 pessoas convertidas, de acordo com a prestação de contas que ele fez ao Papa Clemente VIII numa carta. O duque Carlos Emanuel, elogiando o trabalho missionário realizado por Francisco, disse, na época: “Eis o homem que plantou nesta Província a cruz e a fé de Nosso Senhor”.  

O ideal missionário não se restringe somente a pregar o Evangelho. Mas faz do missionário, um Evangelho vivo. Assim aconteceu com Francisco de Sales. Através das suas atitudes, imitou o Cristo pobre, manso e humilde de coração, e conquistou as pessoas. Assim fez Artêmides Zatti. Um se tornou “Apóstolo do Chablais” e o outro “Apóstolo da Argentina”. Como diz o Reitor-mor, “posso lhes dizer, por experiência própria, que milhões de famílias em todo o mundo estão cheias de reconhecimento para com os Salesianos que se tornaram ‘Evangelho’ no meio deles”.

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