São Francisco de Sales

Maria: a mais amante e a mais amada!

Pe. Tarcizio Paulo Odelli, SDB
Maria Mãe é, então, a porta, o acesso para o Amor que acolhe, salva e redime todos os seres humanos. E a prova definitiva do amor da mãe para com seu Filho se encontra no calvário.

Como todos os santos, Francisco de Sales também se destaca pela sua devoção a Maria e por aquilo que ele escreveu ou pregou a respeito da Mãe de Deus. Colaborou teologicamente em dois dogmas marianos, com sua doutrina: o dogma da Assunção e o da Imaculada Conceição.

Uma das primeiras orações que a mãe de Francisco de Sales lhe ensinou foi a reza do terço. Ele fez um voto de o rezar todos os dias e procurou cumpri-lo. Muitas vezes, para não se esquecer, ele ficava escrevendo com uma mão e na outra segurava o terço.

Estando em Paris em 1602, pronunciou um sermão magistral sobre a Assunção de Maria no qual, criativamente, apresentou um anagrama para Maria a partir da palavra amor, já que, em francês, “amor” é aimer e Maria é Marie. E ele disse: “Portanto, ela (Maria) nada mais é do que amor, e em nossa própria linguagem, o anagrama de Maria nada mais é do que amor: amar é Maria e Maria é amar!”.

Quando estava estudando em Paris, durante a sua adolescência e juventude, Francisco recorreu a Maria na famosa crise da predestinação, que teve aos 18 anos. Diante da Virgem Negra de Paris, Nossa Senhora da Boa Ajuda, Francisco rezou a oração que São Bernardo compôs e sentiu-se curado. Ele tinha uma devoção muito grande a Nossa Senhora de Loreto. No final dos seus estudos em Pádua, foi até esta cidade para venerar Maria e, ali, emitiu o voto de castidade.

Como apóstolo no Chablais, teve sempre presente a figura de Maria, para auxiliá-lo como missionário, na conversão dos hereges. Ele foi ordenado bispo no dia da Imaculada e deixou escrito, numa carta ao bispo de Saluces: “Recebi a consagração episcopal no dia da Conceição da Virgem Maria, Nossa Senhora, em cujas mãos coloquei a minha sorte”. Francisco afirmou que quem está com Maria sempre está com o Espírito Santo, pois ela é plena de graça e é a morada do Espírito Santo.

Na Filoteia, Francisco de Sales deixou escritas algumas das coisas que podemos fazer para reverenciar e recorrer a Maria: “Honra, reverencia e respeita com amor especial a santíssima e gloriosa Virgem Maria, Mãe de Jesus Cristo, e também nossa mãe. Recorramos a ela, pois, como filhos pequenos, lancemo-nos em seu regaço com toda a confiança; em todos os momentos, em todas as ocasiões, recorramos a esta doce Mãe, invoquemos seu amor maternal e, procurando imitar suas virtudes, tenhamos para ela um coração filial”.

Somos chamados, como Maria, a viver em plenitude o amor que Deus tem por nós, assim como ela viveu.

Maria, mãe
Francisco, no sermão da Assunção de Paris, disse que no seio de Maria começou o tempo da salvação. Porque ela acolheu a Palavra e, assim, todo o seu ser foi habitado por Deus e todo o amor de Deus se concentrou em suas entranhas. Desde este momento, “Maria é somente amor!”. Segundo ele, Deus buscou e escolheu o amor virginal de Maria para que o “Amor entrasse plenamente no mundo”.

Maria Mãe é, então, a porta, o acesso para o Amor que acolhe, salva e redime todos os seres humanos. E a prova definitiva do amor da mãe para com seu Filho se encontra no calvário. Ali estavam os verdadeiros amigos, os que sentiram mais de perto o amor de Deus. E, como diz Francisco de Sales no Tratado do Amor de Deus, ali o amor se encheu de dor, e a dor de amor! Ao nos dar Maria como mãe, Jesus não quis propor uma substituição, mas uma incorporação real. E no sermão da Sexta-feira Santa de 1620, disse que “Maria aceitou por seus todos os filhos da cruz e se tornou nossa mãe”.  

Na escola de Maria
Somos chamados, como Maria, a viver em plenitude o amor que Deus tem por nós, assim como ela viveu. Para tentar chegar à perfeição, temos que aprender da Mãe de Deus a buscar e a cumprir sempre a vontade de Deus. Segundo Sales, ela é “mestra da santidade” e na sua escola aprenderemos a amar a Deus como ela amou. Também é mestra que ensina como sofrer.

Escrevendo à senhora de Granieu, Francisco diz que “uma dor que a Nossa Santíssima Senhora e Abadessa (a Virgem Maria) pode aliviar-vos muito, conduzindo-vos ao monte Calvário, onde tem o noviciado do seu mosteiro, ensinando não só a sofrer bem, mas a sofrer com amor tudo o que acontece, seja para nós, seja para nossos entes queridos”. Ela também, como boa mestra, infunde e inspira atitudes de confiança amorosa. Francisco afirma que a espiritualidade mariana é sempre missionária porque, a exemplo de Maria, é necessário sempre sair de casa para servir com alegria.

Aqui ele se refere à visitação de Maria a Isabel. No sermão da assunção de 1602, o Bispo de Genebra diz que Maria “é a particular auxiliadora das almas que se dedicam a Nosso Senhor”. Assim, disse ele a senhora Brülart, “quem quiser progredir na verdadeira piedade, deve buscar este valioso apoio” em Maria.

O Boletim Salesiano publica durante este ano de 2022 uma série de artigos sobre a espiritualidade de São Francisco de Sales, patrono da Família Salesiana criada por Dom Bosco. Acompanhe nas edições do Boletim Salesiano e no portal: www.boletimsalesiano.org.br.

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