Memórias Biográficas

Humildade

Pe. Osmar A. Bezutte, SDB
A humildade em Dom Bosco e em São Francisco de Sales é o tema do artigo baseado nas Memórias Biográficas, vol. X, p. 441 da edição italiana.

Quantas vezes dirigimos ao céu a invocação: Sagrado Coração de Jesus, manso e humilde de coração, fazei nosso coração semelhante ao vosso!

A palavra humilde me fez lembrar um fato, entre tantos, narrado no volume X das Memórias Biográficas.

Dom Bosco estava em Lanzo, nos exercícios espirituais. Recebeu um telegrama confidencial do Governador de Turim, chamando-o a Florença para assunto do seu interesse: as nomeações de bispos para as dioceses vacantes do Piemonte. O assunto já se tratava há vários meses; e Dom Bosco teve que trabalhar e escrever muito por causa disto. O Papa Pio IX mandou-o tratar expressamente do assunto e, também, preparar-lhe uma lista de candidatos considerados oportunos para a nomeação.

Então, Dom Bosco foi em companhia do padre Cerruti, na época diretor do colégio de Alassio. O Governador e sua esposa ficaram felizes com sua presença, louvando e elogiando seu empreendimento a serviço do Papa.

Padre Cerruti contou no Processo Informativo para a Causa de Beatificação e Canonização: “A humildade de Dom Bosco não se mostrava menor nos elogios que recebia com frequência. Poder-se-ia dizer que esses elogios não se referiam a ele, tão grandes eram a calma e a indiferença que mostrava. Às vezes, porém, se comovia, e eu o vi inclusive chorar. Lembro que em setembro de 1871, quando o acompanhei junto ao Governador de Turim, que o tinha convidado por encargo do Ministro Lanza para ir ter com ele sobre as tratativas das nomeações dos Bispos, foi-lhe ao encontro a mulher do porteiro, pediu-lhe a bênção, e exclamou: – Ó meu Deus, parece-me ver Nosso Senhor! – Dom Bosco corou, vieram-lhe as lágrimas aos olhos, e disse: – Reze por mim e pela minha pobre alma!”.

São Francisco de Sales dá atenção especial à humildade, ‘conhecimento da nossa pequenez e fraqueza’, virtude à qual dedica quatro capítulos da Filoteia. Segundo ele, as virtudes preferidas de uma pessoa a caminho da perfeição são a humildade e a simplicidade.

A humildade é o reto e honesto reconhecimento de nossa real condição de criatura que se manifesta na modéstia do nosso ser e agir… Ela desenvolve em nós um sentimento profundo de nossa miséria, recorda-nos o que éramos, quando quisemos caminhar por nós mesmos sem a ajuda do socorro da divina graça; traz-nos à memória o que seríamos se ficássemos novamente entregues à própria fraqueza. Não consente que elevemos acima de nossos irmãos e não permite que atribuamos a nós mesmos algum bem que possa haver em nós. Trata-se de praticar a justiça, atribuindo o bem à sua própria fonte e dando a glória a quem de direito pertence (conforme afirma Henrique Cristiano José Matos em Ao amor pelo amor).

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