Juventude em Pauta

Um convite para vivenciar a Quaresma

Meu querido jovem e minha querida jovem, iniciamos mais um ano. O início nos traz esperança, nos oferece perspectivas e nos possibilita a oportunidade de colocarmos o reino de Deus em prática. É isso mesmo: colocar todo o ensinamento de Jesus e o seu amor em atos concretos.
Fernando Campos Peixoto, SDB / Foto: istock - Kar-Tr

Somos seguidores de Jesus Cristo, mas somos mais que isso: somos seus discípulos e temos a bonita missão de anunciar o seu Reino e fazer com que ele comece aqui e agora, entre a gente, entre a nossa família, entre os nossos amigos, entre a nossa comunidade. Podemos e somos convidados a experienciar o amor de Jesus. Para isso, precisamos de oração. Mas é preciso recordar que a oração só termina quando a concretizamos em nossa vida.

É que, para Jesus, uma fé sem trabalho concreto não tem muito valor. É preciso ir além, como ele fez. Você se lembra que ele se retirava para rezar, né?! Se lembra que ele passou quarenta dias no deserto? Isso mesmo, fez a sua Quaresma (Mt 4,1-11), se recolheu, refletiu, rezou e acolheu o projeto de Deus para ele. Após essa Quaresma feita por ele, o evangelista Mateus nos recorda que Jesus percorreu toda a Galileia, ensinando, anunciando o Evangelho do Reino e curando todas as doenças e enfermidades de seu povo (Mt 4,23), demonstrando que a ação concreta é o coroamento da oração.

Amizade social
Por isso, a Igreja no Brasil nos convida para a vivência e concretização da Campanha da Fraternidade, que este ano tem o tema “Fraternidade e amizade social”, com o lema que é a afirmação de Jesus nos conscientizando de que “somos todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8).

Querido jovem, é isso que a Campanha da Fraternidade quer nos recordar e evidenciar: somos todos convidados à fraternidade e à amizade social, na construção de um Reino comum, de um céu que começa em nossa casa e se estende à humanidade. Somos convocados pela Igreja no Brasil a assumir uma maneira diferente de lidar com as pessoas, com os seres vivos, com o mundo.

Parece pouca coisa, mas não é. É a efetivação do grande mandamento de Jesus “amai-vos uns aos outros” (Jo 13, 34). Já pensou como é difícil colocar em ação concreta o verbo “amar”? Como exige de nós abertura, vontade, coragem, dedicação, mudança de mentalidade e radicalidade? Não é mesmo fácil concretizar o amor e viver uma grande fraternidade e amizade social. Requer de nós muita força de vontade. É uma grande oração feita com a vida.

Amizade em Dom Bosco
E sabe quem rezava com a vida? Nosso pai e mestre Dom Bosco. Ele viu que era necessário colocar a mão na massa. Era preciso fazer algo pelos jovens, ajudá-los a buscar uma vida mais digna, mais feliz. Era essencial mostrar a eles a importância da esperança que se fundamenta nos sonhos. Sua amizade pelos jovens foi tão intensa que toda a sua vida, que foi de muito trabalho, compôs uma bonita oração. Oração que se traduziu, por meio do diálogo com Deus, numa proposta concreta entregue à humanidade: o cuidado para com os jovens até o seu último suspiro.

Quantas vidas jovens Dom Bosco tocou? Quantos jovens foram visibilizados e singularizados por ele? Quantas famílias foram modificadas com os seus atos, com seu amor, com seu acolhimento, com sua oração? Já pensou que só estamos aqui neste diálogo graças a Dom Bosco? Pois até o Boletim Salesiano foi criado por ele, sem dúvida como fruto de oração, com intuito de fazer chegar as obras de evangelização às pessoas.

Que riqueza foi a vida de Dom Bosco; só sendo pessoa de muita oração para entender que a oração sem obras é vazia. Para compreender que é preciso ser amigo de todos e fazer sempre algo por todos, num grande gesto concreto. Tudo teria sido diferente se a oração de Dom Bosco não tivesse sido coroada com atitudes. Se Dom Bosco não tivesse notado a importância da alteridade, de ir ao encontro do outro, de amar o próximo como a si mesmo.

Olhar e acolher o outro
Pois bem, quantos de nós convivemos com as mesmas pessoas todos os dias e não sabemos nada sobre elas? Quantos de nós fazemos parte de movimentos, pastorais e serviços de nossas igrejas e sequer sabemos o nome dos membros que compõem esses grupos de que participamos? É um tema importante: olhar o outro. É necessário visibilizar as pessoas e acolhê-las em nosso meio.

Acolher de modo incondicional, ou seja, sem impor condições ou limites. Acolher pelo simples fato de ser gente. Isto é: não é preciso ser da nossa religião, pensar como a gente pensa ou fazer o que fazemos para que o outro seja acolhido. É preciso apenas ser gente, e por esse fato merecer nosso respeito, nosso carinho e nosso amor.

Nesse sentido, temos muito caminho pela frente. Temos muitas oportunidades para estar no mundo de modo mais fraterno e amigável. E o Papa Francisco nos faz um apelo, ao final da carta encíclica que inspira a nossa Campanha da Fraternidade 2024: seu desejo é o de que cada um de nós incentive e viva a paz, a justiça e a fraternidade.

Que juntos possamos conviver tendo a consciência de que todos somos iguais em direitos e em dignidade. Que todos somos importantes aos olhos de Deus e que, por isso, é preciso ver o outro e acolhê-lo em suas diferenças. Que os pobres, os órfãos, os refugiados, as viúvas, os exilados, os oprimidos, os torturados, os injustiçados, os analfabetos, os prisioneiros de guerra, os violentados, os miseráveis e marginalizados existem e caminham conosco. Por tudo isso, você é convidado, a partir do tema da Campanha da Fraternidade 2024, a ser sinal do amor de Deus a cada uma dessas pessoas que passam pela sua vida.

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