Ao ler as páginas do presente Boletim Salesiano, o leitor perceberá a imensa riqueza que a Família Salesiana construiu, desde Dom Bosco, na dimensão missionária. Como nos diz o Reitor-mor, padre Ángel Fernández Artime, “tudo começou há mais de 160 anos. Alguns anos depois que um grupo de jovens, entusiastas do seu educador, Dom Bosco, empenhou-se em dar vida à “Sociedade de São Francisco de Sales”, hoje conhecida como Congregação dos Salesianos de Dom Bosco.” Dom Bosco se lançou na obra missionária a partir de uma norma fundamental do seu agir, que era buscar a glória de Deus e a salvação das almas.
No seu artigo, o padre Antonio da Silva Ferreira nos revela como nosso fundador foi dando passos graduais na obra das missões. Desde jovem, no seminário, lia com prazer notícias sobre os missionários e sobre as missões. Inclusive alimentou o projeto de ser missionário, sendo dissuadido pelo padre Cafasso, que o convenceu de que sua missão era com a juventude pobre e abandonada de Turim. Mas ele nunca afastou da sua mente esse projeto missionário que, depois, foi realizado pelos seus filhos, quando enviou os primeiros missionários para terras de missão no além-mar.
A vida é missão! “Não é que a vida tenha uma missão, mas a vida é uma missão”, afirma o Papa Francisco na Exortação Apostólica Gaudete et Exultate. Creio que é assim que entendemos, como Família Salesiana, nosso ideal e todas as atividades que fazemos nos diversos países onde estamos, principalmente entre os jovens mais pobres e as populações mais necessitadas, como o leitor irá constatar nos diversos artigos e depoimentos que compõem as páginas deste Boletim.
Esses testemunhos nos ajudam a compreender que a missão não se reduz a uma parte da nossa vida, mas que a vida é missão. Ou, como diz o Papa Francisco, “a missão no coração do povo não é uma parte da minha vida, ou ornamento que posso pôr de lado; não é um apêndice ou um momento entre tantos da minha vida. É algo que não posso arrancar do meu ser”. Ser discípulo missionário significa, então, não apenas fazer coisas, cumprir uma série de tarefas.
Como cristãos, nossa resposta é e sempre será: “Eis-me aqui, envia-me.” (Is 6,8) É muito interessante também constatar que, mesmo no meio da pandemia que assola nosso mundo, a Família Salesiana continua firme na sua missão de estar nos lugares onde mais se precisa. “Ser missionário inclui muito trabalho, dedicação, renúncias e esforços. Mas permite também perceber o valor da vida, da solidariedade, do compartilhar dores e alegrias com os irmãos de culturas diversas.
”A Família Salesiana é também convidada, neste mês missionário, a celebrar o “Dia missionário salesiano.” Neste ano, tem como tema: “Alegrai-vos sempre no Senhor, novamente vos digo, alegrai-vos”. Como diz o documento preparatório deste dia, “os jovens de ontem e de hoje são um prolongamento do sonho de Dom Bosco que continua a realizar-se nos oratórios e centros juvenis da Europa. São verdadeiras “estações missionárias” num contexto cultural, por vezes, marcado pela indiferença religiosa, por situações de famílias feridas, carências afetivas.” E como Igreja celebraremos o Dia Mundial das Missões.
Tudo isso significa que, além das informações, das reflexões e das orações que faremos, nós queremos participar ativamente na missão de Jesus e na sua Igreja.
Padre Tarcizio Paulo Odelli, SDB
Diretor do Boletim Salesiano Brasil