A Família Salesiana de Dom Bosco sempre se inspirou no humanismo de São Francisco de Sales para realizar a sua missão. Isso se traduz numa maneira, num modo de estar no mundo e de se relacionar com Deus. Por isso acolhemos os valores do mundo, evitamos nos lamentar do tempo em que vivemos, conservamos tudo o que é bom, principalmente aquilo que agrada aos jovens, e estamos sempre alegres.
O Papa Francisco está propondo um “novo humanismo”, que poderíamos chamar de humanismo samaritano, ou seja: solidário, de cooperação entre as nações, de construção coletiva da paz, de interligar tudo. Isso requer que todos nós pensemos e sonhemos juntos, para construir um novo mundo juntos.
Neste Boletim Salesiano, o leitor poderá ver como a Família Salesiana está envolvida nesta construção. João Paulo Vergueiro, no seu artigo “A importância da doação para um mundo mais solidário”, afirma que “a generosidade deve fazer parte da raiz da sociedade”. Ele explica muito bem o que significa ser generoso e mostra como a doação faz parte da humanidade. Termina dizendo que “para um mundo mais solidário, mais humano e fraterno, o quanto mais promovermos a doação, melhor”.
Esta é também a experiência relatada pelo Reitor-mor, na visita que fez aos jovens presos do Instituto Penitenciário de Menores Ferrante Aporti de Turim, que antes se chamava “La Generala”. Ele diz que se sentiu como Dom Bosco. E afirma que “tal como ontem, também hoje é possível chegar ao coração de cada jovem. Mesmo nas maiores dificuldades, é possível melhorar, é possível mudar e viver honestamente. Dom Bosco sabia-o e trabalhou nisso toda a sua vida”.
Nesse ano, nós, da Família Salesiana de Dom Bosco, somos convidados a ser fermento na família humana. Esse é o tema da Estreia. O Reitor-mor propõe uma reflexão sobre a dimensão laical da nossa Família. Diz ele: “O leigo na Igreja e na Família Salesiana é e sempre será um cristão comprometido que santifica o mundo a partir de dentro”. Foi por isso que Dom Bosco fundou os Salesianos Cooperadores, como diz Carlos R. Minozzi no seu artigo “Salesianos Cooperadores: cristãos ‘sacudidos’”. Para ele, esta é “uma alternativa vocacional aos leigos, para que possam libertar-se da rotina apática em que se encontram e coloquem-se a serviço da promoção juvenil”.
Junto com a Igreja no Brasil, vivenciamos o “Ano Vocacional”. Fernando Campos Peixoto, no artigo “Vocação é graça e missão”, diz que “o Ano Vocacional é um convite para ficarmos ainda mais perto de Deus e seguirmos um conselho de Dom Bosco: nossa vida é um presente de Deus e o que fazemos dela é o nosso presente a Ele”.
O padre João Mendonça trata da “Sinodalidade à luz do carisma salesiano: alargar a tenda”. Dentro do espírito do novo humanismo proposto pelo Papa, padre Mendonça afirma que “o Sínodo nos exorta, como Família Salesiana, a saber criar, inovar e sair de nós mesmos, vencendo a tentação muito presente hoje de vender e entregar obras com a frouxidão de quem perde a esperança”.
O novo humanismo é realizado também através da “cultura do encontro”. Ir. Márcia Koffermann pergunta, em seu artigo “Comunicação e cultura popular: resgatando a arte do encontro”, como estamos formando as novas gerações, que tipo de educação estamos passando. O certo é que não podemos “simplesmente ser instrumentos de um mercado globalizado, neoliberal e individualista”.
Tudo isso, certamente, exige dedicação e comprometimento, como afirma padre José Ricardo Mole no seu artigo “Trabalhe enquanto eles dormem”. No final do artigo, ele cita a frase de Paulo Freire: “A educação transforma pessoas e as pessoas transformam o mundo”. Tudo isso é um humanismo cheio de esperança!
Padre Tarcizio Paulo Odelli, SDB
Diretor do Boletim Salesiano Brasil