Um oratório ativo desde o início da presença missionária em Iauaretê
O Oratório São Domingos Sávio nasceu praticamente junto com a missão salesiana de Iauaretê, no ano de 1929, com a chegada dos primeiros missionários. A missão situa-se no município de São Gabriel da Cachoeira, no oeste da Amazônia brasileira, nos limites com a Colômbia. É uma das missões mais distantes e difíceis de alcançar.
O povo em geral sempre manifestou amor pelo esporte e com a animação do oratório e, desde os tempos de internato, o oratório se desenvolveu, criando entre as comunidades e os jovens um clima saudável. Inclusive, a atual liga esportiva do local nasceu dessa experiência oratoriana.
Atualmente, o oratório de Iauaretê conta com cerca de 100 participantes, entre crianças, adolescentes, jovens e alguns adultos. Realiza-se normalmente quatro vezes por semana: segunda-feira, quarta-feira, sábado e domingo.
Aos sábados e domingos, o oratório ocorre das 16h às 18h. Na metade do tempo, às 17h, soa a sirene e todos se reúnem na quadra ou outro local, onde alguém escolhido transmite uma mensagem salesiana, cristã ou de outra temática, finalizando sempre com uma oração.
Atividades esportivas, lúdicas e religiosas
Nas segundas e quartas-feiras, o oratório inicia-se às 19h com a Santa Missa e uma mensagem de boa-noite na matriz da Paróquia São Miguel Arcanjo. Depois, seguem-se as atividades educativas, lúdicas e esportivas, finalizando às 21h30.
Padre Gabriel Romero, conselheiro-regional para a América Cone-Sul, em uma de suas visitas, apontou que este é o único oratório que ele viu que se inicia com a celebração eucarística. Nem todos participam da missa, evidentemente, mas há uma boa adesão e os próprios jovens entendem a importância disso. O oratoriano Andrey Miguel (17 anos) assinala: “O que me chama mais atenção no oratório é que começa com a missa. É bom escutar a palavra de Deus. É bom reencontrar nossos colegas, conversar e jogar com eles, além de conhecer novas pessoas”.
Trabalho conjunto
Os salesianos que estão mais diretamente vinculados ao oratório são o padre João Batista, diretor do oratório; o assistente e coordenador de Pastoral, S. Rafael Alexandre, e os aspirantes. O diretor da comunidade, padre Wellington Abreu, apoia as iniciativas, facilitando a realização das atividades e eventos. As Filhas de Maria Auxiliadora (FMA) também exercem sua presença fraterna e educativa.
O oratório dispõe de um ambiente educativo muito amplo: dois campos, quadra poliesportiva, quadra de areia, duas salas de jogos (inauguradas neste ano), sala das crianças, sala dos materiais do oratório e de som.
Animação feita pelos jovens
No Oratório São Domingos Sávio, a animação é feita por um grupo de jovens e adolescentes, que são responsáveis por organizar os ambientes, programar e executar atividades e garantir uma experiência oratoriana com maior qualidade e assistência. Eles recebem funções, que se alternam mensalmente, de modo que todos podem, ao longo do ano, exercer diferentes responsabilidades, promovendo, assim, o protagonismo juvenil.
São realizados encontros para avaliar e fazer a escala mensal, além de momentos formativos e de lazer. “Como animador, meu dever no oratório é fazer com que as pessoas se divirtam, mas de um jeito bom, não exagerado, para evitar coisas ruins. Estou lá para divertir, orientar e ajudar”, diz o animador Michel Gabriel (15 anos).
Missão Salesiana Amazônia
Vale ressaltar a experiência da Missão Salesiana Amazônia, realizada em julho e que contou com grande participação dos jovens do distrito, visitando famílias e promovendo oratórios nas comunidades. Ao término da missão, foi decidido iniciar o oratório itinerante: dois sábados por mês, os animadores são divididos em dois grupos. Enquanto um anima o Centro Juvenil Salesiano, a outra equipe vai até uma comunidade para desenvolver gincanas, atividades esportivas e momentos de oração. Já foram atendidas nesse sistema três comunidades: Santa Maria, Aparecida e Vila Fátima.
O coordenador do grupo de animadores, Adelson Gomes, salienta a importância do oratório para os jovens e para toda a população de Iauaretê: “A proposta educativa de Dom Bosco favorece a formação de ‘bons cristãos e honestos cidadãos’, especialmente por meio da ‘boa tarde’ e do ‘boa noite’. A presença salesiana é fundamental para que o oratório continue sendo um espaço educativo e evangelizador. Portanto o oratório representa para mim um ambiente acolhedor, esportivo, educativo e evangelizador”.
Encontro
Muito mais do que um local para praticar esportes e brincar, o oratório é uma experiência de encontro do jovem com amigos e com o próprio Senhor Jesus. O sentido religioso se garante especificamente no momento do boa-tarde, mas também em todos os demais momentos, pois tudo respira salesianidade. A adolescente Laernilda Oliveira (15 anos) mostra como se sente neste ambiente oratoriano: “Quando estou aqui, isso me traz paz, alegria... muita felicidade. Gosto de jogar com as pessoas e da acolhida que fazem com a gente. As mensagens de boa-tarde também são interessantes”.
Vale destacar que muitos jovens procuram a comunidade salesiana para conversar, partilhando suas alegrias e tristezas, suas conquistas e decepções. Retomando uma das frases de padre Wellington, pode-se afirmar que “Iauaretê é a pequena Valdocco da Amazônia, é missão que dá vida, é pátio onde se respira o carisma salesiano e transforma quem por ele passa e é lugar seguro para a aplicação do sistema preventivo”. Viva o oratório e viva Dom Bosco!
Padre Wellington Abreu, SDB, e S. Rafael Alexandre, SDB.
Há mais de um século acolhendo a juventude amazônica
Com 110 anos de presença na região do Alto Rio Negro, os salesianos têm no Oratório Dom Bosco, em Santa Isabel, um exemplo vivo da dedicação missionária à juventude, oferecendo não apenas um espaço seguro de lazer e formação para adolescentes e jovens, mas também um pilar de assistência para as comunidades indígenas locais, incluindo o povo Yanomami.
Um pouco de história
Em 1943, Santa Isabel era um povoado pequeno na ilha grande, no outro lado de onde hoje é o município. Com a intenção de fazer uma escola agrícola, os salesianos compraram um grande pedaço de terra e se estabeleceram no local. Em 1947, o padre José Schneider e o coadjutor Afonso Ambrósio iniciaram um internato em Santa Isabel de Tapuruquara, hoje município de Santa Isabel do Rio Negro, e, aos poucos, a população indígena foi se aproximando da obra.
O salesiano Davi Brazão de Abreu, que atua no Oratório e na Paróquia, destaca que o atendimento aos jovens é uma prioridade desde o início. “Desde aquele período, já temos relatos de que os jovens, depois da missa, vinham para o oratório festivo na obra salesiana. Ele (padre José Schneider) sempre acolheu os jovens, sempre priorizou um local seguro, no qual os jovens pudessem vir, brincar e se divertir”, relata.
Outro nome lembrado com carinho é o do padre Bento, responsável por grande parte da infraestrutura atual. “Ele se dedicou a construir as quadras, boa parte da estrutura que tem hoje aqui”, afirma Davi.
Presença ativa no pátio
O Oratório Dom Bosco atende entre 120 e 150 crianças e adolescentes, e funciona de forma regular às terças, quintas e sábados, além de algumas atividades realizadas nas tardes dos outros dias da semana, em que os jovens são convidados a brincar e interagir.
A interatividade e a assistência/presença dos salesianos no pátio são marcas essenciais nesses momentos de oratório. Durante esta reportagem, enquanto o salesiano Davi concedia a entrevista, o padre salesiano Luís Antônio jogava vôlei na quadra com um grupo de jovens e o pároco, padre Wilson Ribeiro, se preparava para a mensagem de ‘boa noite’ com os participantes.
A importância da mensagem de ‘boa noite’
A tradição do ‘boa noite’, herdada do primeiro oratório de Turim, idealizado por Dom Bosco, é uma parte fundamental do oratório. Durante este momento, um salesiano ou uma das Irmãs Filhas de Maria Auxiliadora (FMA) presentes na obra oferece uma mensagem de formação e fé. Em seguida, é servido um lanche aos jovens.
“Afinal de contas, Dom Bosco afirmava que temos que estar sempre disponíveis para os jovens”, reforça Davi Brazão, que está na etapa do tirocínio, preparando-se para a ordenação presbiteral. “Para mim é uma alegria muito grande e um aprendizado também estar aqui nessa obra, me preparando como Salesiano de Dom Bosco para exercer a missão pastoral aqui na Amazônia”, completa ele.
Apoio dos benfeitores e protagonismo dos jovens
Apesar do trabalho extenso, o oratório opera com recursos limitados. “A gente não tem muito recurso próprio, então dependemos de padrinhos e madrinhas. São os nossos benfeitores para que a gente possa, por exemplo, dar o lanche para os jovens" explica Davi.
Outra colaboração muito importante para a continuidade do oratório é a dos próprios jovens. “Temos aqui também um grupo de animadores, formado por jovens que, nos dias de oratório, são encarregados de preparar e distribuir o lanche dos meninos. Durante as atividades eles ficam disponíveis também para atender os outros jovens que precisem de algo”.
Assim, o oratório em Santa Isabel do Rio Negro permanece como um símbolo do espírito missionário salesiano, neste ano em que são celebrados os 150 anos da primeira expedição missionária salesiana no mundo e os 110 anos de presença salesiana na Amazônia.
Juninglece Maximiano (Juny), coordenadora da Pascom.