Projeto de Vida

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Discípulo missionário de Jesus Cristo: purificação ou iluminação

Pe. João Mendonça, SDB
O terceiro artigo dessa série trata sobre a importância do Pai-Nosso e do Creio, e dos três sacramentos iniciáticos.

O seguimento de Jesus requer a mudança interior – conversão ou metanoia – que repercute na vida pessoal, “no modo de ver e do coração” (Evangelii Nuntiandi, 10). Como gesto, o catecúmeno recebe o Pai-Nosso e o Creio.

A importância do Pai-Nosso e do Creio
A oração do Pai-Nosso é fruto da observação dos discípulos. A narrativa de Lucas diz que, após um tempo de oração, um dos discípulos pediu: Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou a seus discípulos (LC 1,1).

Então, Jesus ensina uma relação com Deus que é novidade. Chama Deus de PAI nosso. Não é o meu Pai. Esta expressão transforma a perspectiva da relação com Deus. Há uma intimidade, relação filial, que abre horizontes para a compreensão do Reino de Deus.

O grande pedido na oração é: venha o teu Reino. Ao mencionar o Reino, Jesus não se refere a um lugar no mapa, mas é o senhorio de Deus, a presença de Deus que realmente existe e transcende a todas as formas de governos humanos. Isto significa que Deus irrompe atuante na história aqui e agora. Consequentemente o pão cotidiano, o perdão recíproco e a vitória sobre as tentações são sinais do Reino.

O Creio apostólico evoluiu na tradição cristã desde a profissão herdada de Paulo: Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e, ao terceiro dia, foi ressuscitado, segundo as Escrituras (1 Cor 15,3-4), passando pelos Concílios de Nicéia (325 d.C.) e Constantinopla (381 +/- d.C.), até o Credo do Povo de Deus de Paulo VI (30/06/1968). Ao professar a fé, o catecúmeno se une à comunhão da Igreja.

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Isto significa que ser cristão em comunhão não é uma opção, mas sim uma consequência da catequese.

A unidade dos três sacramentos da iniciação
Após receber o Pai-Nosso e o Creio, o catecúmeno inscreve o próprio nome no livro dos eleitos. É o momento da consciência de fé, da profissão pública e da adesão à vontade do Pai. Com este rito, o catecúmeno torna-se purificado e iluminado para continuar o processo de amadurecimento na fé, recebendo os três sacramentos da fé: Batismo, Confirmação e Eucaristia.

Na noite da grande vigília pascal, os catecúmenos são apresentados a toda a comunidade reunida ao redor do Mistério da ressurreição. São criaturas novas, banhadas nas águas da vida nova, ungidos com os óleos da força de Deus e dos Dons do Espírito, guiados pela luz que é Cristo.

Assim, no sacramento da iniciação, o catecúmeno completa o processo de conversão, adesão e testemunho do Evangelho, para tornar realidade a finalidade da evangelização, que “é precisamente a de educar de tal modo para a fé, que esta depois leve cada um dos cristãos a viver, e a não se limitar a receber passivamente, ou a suportar os sacramentos como eles realmente são, verdadeiros sacramentos da fé” (Evangelii Nuntiandi, n. 47).

Em outras palavras, “o processo de interiorização do Evangelho envolve toda a pessoa em sua singular experiência de vida” (Diretório para a Catequese 2020, n. 3).

Viver o Evangelho na comunidade
A fé professada é vivida na inserção da comunidade (Diretório para a Catequese 2020, n. 88). Isto significa que ser cristão em comunhão não é uma opção, mas sim uma consequência da catequese. Trata-se de uma espiritualidade de comunhão, e não de uma espiritualidade subjetiva, intimista.

Em outras palavras, ser cristão, com projeto de vida, em uma continuidade de formação mistagógica, é desenvolver o sentido de pertença à Igreja e de identificação com sua missão como discípulo missionário. Se não chegarmos a este ponto, podemos considerar nossa catequese falida.

A vivência mistagógica será o tema consequente do próximo artigo.

Padre João da Silva Mendonça Filho, SDB, é mestre em Educação pela Pontifica Universidade Salesiana de Roma/Itália com especialização em Metodologia Vocacional, e pós-graduado em Comunicação pelo SEPAC/SP e PUC/SP.

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