Sonho que faz sonhar – RSB

A RSB continua a realizar o sonho de Dom Bosco no Brasil

Em seus 22 anos de história, a Rede Salesiana Brasil (RSB) une Salesianos e Filhas de Maria Auxiliadora na proposta conjunta de tornar real em nosso país, a cada dia, o sonho de Dom Bosco para as juventudes.

Um dos desafios propostos pela Estreia do Reitor-Mor é o de perceber, nas diversas realidades das presenças salesianas ao redor do mundo, como a proposta educativa e evangelizadora de Dom Bosco para as juventudes é, ainda hoje, um “sonho que faz sonhar”. Em nosso país, certamente o principal exemplo que temos da atualidade desse sonho é a Rede Salesiana Brasil (RSB).

“Tenho certeza de que nossos esforços para formar a Rede Salesiana Brasil passam pelo desejo de darmos continuidade à missão que recebemos: somos filhos e filhas do sonho e da audácia de Dom Bosco”, considera a Ir. Sílvia Aparecida da Silva, FMA, Diretora-Executiva da RSB. Para ela, o caminho de 22 anos da Rede, desde a sua elaboração em 2002, foi realizado por salesianos, salesianas e leigos(as) com um objetivo comum: evangelizar e educar as juventudes. “Essa certeza nos move, assim como o Sonho dos 9 Anos moveu a vida e a missão de Dom Bosco. Eu vejo como um compromisso pessoal, ou seja, cada um de nós tem nas mãos a responsabilidade de continuar sonhando e fazendo sonhar!”, completa.

Composta pelas seis inspetorias dos Salesianos de Dom Bosco (SDB) e pelas quatro inspetorias das Filhas de Maria Auxiliadora (FMA) no Brasil, a RSB hoje congrega 94 escolas de educação básica, 103 obras sociais, 15 instituições de ensino superior e 11 centros de comunicação, potencializando a resposta salesiana aos grandes desafios colocados no atendimento às juventudes no país.

Para o P. Sérgio Augusto Baldin Júnior, SDB, Diretor-Executivo da Rede Salesiana Brasil, a RSB continua a realizar o Sonho de Dom Bosco, em primeiro lugar, porque “o vasto movimento em favor das e dos jovens, quando dinamizado e articulado como Rede, responde aos nossos tempos e potencializa todo o bem que o carisma salesiano pode realizar, particularmente para os jovens em suas inúmeras situações de vulnerabilidades e pobrezas”.

O trabalho em Rede, afirma o padre Sérgio, permite ainda que consagradas e consagrados, leigas e leigos percorram um caminho formativo mais qualificado: “Isso ocorre justamente porque existe a partilha das melhores experiências pastorais e pedagógicas, enriquecidas pela pluralidade e pela diversidade das regiões do Brasil. Tal perspectiva fortalece nosso sentido de pertencimento ao carisma”.

O sonho inicial
A própria história da Rede Salesiana Brasil nasce de um sonho: o de reunir todas as escolas dos Salesianos e das Filhas de Maria Auxiliadora no país em uma única rede de ensino, com organização e material didático próprios. P. Nivaldo Luiz Pessinatti, SDB, relembra que essa proposta foi sendo gestada desde a década de 1990, quando iniciou o trabalho realizado em parceria entre os SDB e as FMA por meio do “Plano de Ação Conjunta”.

No dia 29 de junho de 2002, na casa Inspetorial das FMA em São Paulo, reuniram-se os inspetores e inspetoras do Brasil. O “Plano de Ação Conjunta” foi o primeiro tema amplamente debatido, e a ata da reunião relata: “Há muito tempo se pensa na elaboração de material didático para nossas escolas, tendo em vista os objetivos culturais técnicos e salesianos na educação. Foi sugerido que o material seja de qualidade e que as diferenças regionais sejam respeitadas. Além dos benefícios do material, dentro de uma própria visão de educação, será um modo de divulgar a nossa marca salesiana com projetos que deem visibilidade ao nosso trabalho educativo”. Os inspetores e inspetoras aprovaram o projeto.

Na reunião anual das escolas salesianas, foram levantados alguns pontos para serem apresentados e apreciados pela Assembleia Ordinária da Cisbrasil, realizada em agosto de 2002. Entre esses pontos estavam a operacionalização de uma rede nacional de escolas salesianas e a produção de um material didático próprio em nível nacional. Também foram elencadas as intencionalidades da Rede Salesiana de Escolas, que deveria ser supervisionada por um Conselho composto por representantes das inspetorias SDB e FMA, e as atribuições da Rede. Foram então constituídas quatro equipes de trabalho: Pedagógica, Editorial, Administrativa e de Desenvolvimento. Estas equipes, de forma articulada, realizaram o projeto solicitado. Em abril de 2003, a implantação da Rede Salesiana de Escolas (RSE) foi aprovada e iniciada.

Ao traçar algumas considerações sobre esse projeto inicial sonhado em conjunto por SDB e FMA, P. Pessinatti afirma: “A intuição de construir um material didático comum funcionou como um bom pretexto para se discutir, avaliar e planejar a ação educativa dos salesianos e das salesianas no Brasil, de modo especial nas escolas. A partir desta construção do projeto editorial foram surgindo e evidenciando inúmeros desafios para a missão educativa, provocando, consequentemente, boas e inovadoras soluções”.

Sonhar alto e trabalhar com afinco
A RSE se consolidou e se desenvolveu, sempre no esforço conjunto de religiosos e leigos, que sonharam alto e trabalharam com afinco. Foram realizados eventos, congressos e seminários; publicações específicas além do desenvolvimento e constante atualização do material didático; um plano de formação que realizou centenas de cursos e projetos voltados para os educadores e gestores. A partir de 2010, foi desenvolvido o Projeto de Gestão Educacional, com o objetivo de produzir uma análise econômico-financeira das escolas vinculadas à RSE e difundir boas práticas de gestão. Outra iniciativa inovadora foi a fundação do Portal Futurum, que carregava em seu projeto as características pedagógicas e de conteúdo didático que atualmente estão presentes nas principais plataformas digitais de educação.

A experiência exitosa da Rede Salesiana de Escolas incentivou os SDB e as FMA a sonharem ainda mais longe: por que não estender essa experiência para outros campos da atuação salesiana no Brasil? No dia 22 de novembro de 2011, em Brasília, a Conferência das Inspetorias do Salesianos de Dom Bosco do Brasil – Cisbrasil e a Conferência das Inspetorias das Filhas de Maria Auxiliadora do Brasil – CIB formalizaram a constituição, na qualidade de associadas fundadoras, da associação civil de direito privado Rede Salesiana Brasil – RSB. Os associados fundadores aprovaram o Estatuto Social da entidade e nomearam o P. Nilson Faria dos Santos e a Ir. Rosa Idália Pesca Diretores Presidente e Vice-presidente, respectivamente. A primeira assembleia geral da RSB foi realizada no dia 27 de março de 2012, em Brasília, DF. A partir desta data, duas vezes por ano, reuniram-se sistematicamente os 18 membros efetivos da assembleia geral da RSB.

O trabalho conjunto que já se consolidara na educação básica estendeu-se, primeiro, para a ação social, fortalecendo a gestão, o alcance e a fidelidade carismática em mais de uma centena de obras sociais mantidas pelos Salesianos e pelas Filhas de Maria Auxiliadora no Brasil. Em seguida, atingiu também a área da Comunicação. Em 2013, foram aprovadas algumas iniciativas importantes, como a criação do Centro Salesiano de Formação (CSF), o financiamento permanente do Boletim Salesiano, a incorporação da ACSSA e a integração da Pastoral Juvenil junto à RSB. No mesmo ano, foi aprovado o plano de negócios da Editora Edebê, tendo como sócias a Rede Salesiana Brasil e a mantenedora da Edebé Espanha.

Aquele sonho inicial foi gerando novos sonhos, novas propostas, novas perspectivas... e muitos novos desafios.

Novos desafios para um mundo em mudança
Já na assembleia geral da RSB de novembro de 2017 foram levantados elementos e reflexões sobre uma possível revisão da estrutura organizacional da Rede e de seus recursos financeiros. O P. Edson Castilho, SDB, foi indicado para preparar uma proposta inicial. Após uma pesquisa aprofundada e ampla, foi elaborado o Plano Estratégico da RSB 2020/2030, aprovado em abril de 2019.

Porém, no início de 2020, com a pandemia da Covid-19, a implantação do projeto foi prejudicada, ao mesmo tempo em que se exigiram uma grande flexibilidade e a reforçada criatividade nas diversas áreas de atuação da Rede Salesiana Brasil. Como aconteceu com Dom Bosco durante a sua vida, também para a RSB o sonho se mantinha firme e profético, mas com as adaptações e os novos elementos que a realidade exigia.

O Plano Estratégico foi retomado em 2022, com um novo planejamento e a consolidação dos Comitês das Escolas, da Ação Social e da Comunicação. Atualmente, o novo planejamento, com seu respectivo organograma, está sendo o mapa de navegação da RSB.

P. Pessinatti, que acompanhou todo o processo da Rede, tanto como Diretor-Executivo da RSE e da RSB, quanto na qualidade de Inspetor Salesiano de São Paulo e depois do Nordeste, ressalta a importância dessa iniciativa não apenas no que concerne à história, mas ao que a Rede Salesiana Brasil representa hoje: “Um fato que continua sendo altamente instigador para a RSB é a busca incansável de encontrar novas formas de oferecer os valores evangélicos para todos os participantes das várias comunidades educativas”, considera ele, que dá como exemplos concretos o fórum estabelecido com o Ensino Religioso desde os primeiros tempos e a interlocução entre a dimensão acadêmica (razão) e a pastoral (religião) com o projeto “Identitá”.

“De forma intangível, porém muito sentida, a consciência do trabalho em Rede gera uma segurança e a reciprocidade e responsabilidade para com o carisma salesiano”, afirma P. Pessinatti, para quem a presença dos valores evangélicos, incontestavelmente materializados nos vários produtos e canais de comunicação da RSB, podem ser reconhecidos e avaliados constantemente. “Sem discursos proselitistas, os conceitos, as atitudes e as propostas em vista de formar o bom cristão e honesto cidadão, como indicava Dom Bosco, permeiam todas as propostas da RSB”, finaliza.

“Sonhamos uma Rede viva, em processo permanente de construção”

A Ir. Ivanette Duncan de Miranda, FMA, participou das primeiras iniciativas para ação em Rede de Salesianos e Filhas de Maria Auxiliadora no Brasil e compôs a Diretoria Executiva, tanto da RSE como, depois, da RSB. Ao Boletim Salesiano, ela conta a história desse sonho.

Como foi o início desse sonho, de unir Salesianos e Salesianas em uma proposta educacional conjunta?
Ir. Ivanette: Era o princípio de um novo milênio da era cristã. Salesianos e Salesianas das Américas, sentindo-se responsáveis por atualizar e qualificar a resposta à herança carismática recebida de nossos fundadores, realizaram, em 2001, em Cumbayá-Quito/Equador, o II Encontro das Escolas Salesianas das Américas. Revendo seus compromissos como Família Salesiana, comprometeram-se com o fortalecimento dos processos de reinterpretação e redefinição de sua presença educativa a serviço dos setores mais vulneráveis da sociedade, à luz dos valores evangélicos.

Inspiradas em “Cumbayà II”, as opções feitas pelo Brasil Salesiano, a partir de 2001-2002, passaram por um processo histórico que teve início na decisão de sonhar juntos: uma caminhada compartilhada no âmbito da educação, a partir do desenvolvimento de um material didático comum que facilitasse a formação dos educadores e gestores das escolas e os projetos integrados em âmbito nacional, envolvendo SDB e FMA. De fato, desde o início, decidiu-se sobre o material didático, que o texto deveria ser um pretexto de qualidade para se discutir valores.

Qual foi a importância de iniciar esse trabalho conjunto pelas Escolas?
Ir. Ivanette: Com o compromisso de concretizar a pedagogia salesiana no processo educacional e na adoção de um material didático específico e inovador, estabeleceu-se um processo em rede que permitiu aos gestores das escolas compartilhar saberes e expectativas e encontrar respostas mais adequadas e qualificadas aos desafios do momento histórico do país, especialmente através do apoio, da articulação e do assessoramento à formação continuada de seus educadores.

A criação do Centro Salesiano de Formação foi e continua sendo a iniciativa mais explícita desta busca de crescimento da qualidade do projeto da RSB. As formações regionais asseguraram a integração que ocorria nos Polos: recurso fundamental para o diálogo construtivo entre as Inspetorias de SDB e FMA do Brasil. A participação nos encontros nacionais para o corpo dirigente (ENARSE e ENEL) se fez oportunidade de congraçamento em torno das temáticas mais atuais da educação como espaço de debates enriquecedores para inspiração dos projetos formativos da Rede. Outro projeto significativo foi a criação de uma Editora própria, a Edebê Brasil.

Como vê a Rede Salesiana hoje? Ainda é "um sonho que faz sonhar"?
Ir. Ivanette: A Rede Salesiana Brasil encontra-se em um tempo diferente do início de sua caminhada. É claro que os desafios para a educação se tornam mais complexos. Mas a RSB, investindo sistematicamente na formação de seus profissionais, qualifica-os para atuar o Projeto Educativo Pastoral Salesiano, hoje, tanto na dimensão acadêmica como na evangelizadora, o que lhes permite consolidar propostas educativas capazes de efetivar o carisma e a missão educativa salesiana que busca, desde seus inícios, a formação integral dos educandos.

Assim, paralelamente ao aprofundamento das origens carismáticas e à coragem de inovar, presenciamos o protagonismo de gestores e educadores leigos que, juntamente com SDB e FMA, assumem o carisma salesiano de forma comprometida e vivencial. As forças se renovam. “O sonho ainda faz sonhar”. O slogan inicial da Rede – Entusiasmo diante da vida – não esmoreceu. O desafio inicial, vindo de “Cumbayà II”, ainda ressoa em nossos ouvidos e em nossos corações. E, afinal, ainda não atingimos os horizontes que nos propusemos no início desta caminhada. É uma missão que SDB e FMA se comprometeram publicamente em realizar. E, enquanto acreditarmos no sonho que nos fez sonhar um dia, seguiremos adiante, investindo ousadamente neste projeto inédito e inovador que é a RSB. As fragilidades, que naturalmente ocorrem no processo histórico de qualquer instituição, não nos fazem perder a garra de lutar para ver a RSB crescer e subsidiar projetos educativo-pastorais e sociais em saída, em rede, e não mais por Inspetorias isoladamente.

Não sonhamos uma Rede perfeita, mas uma Rede viva, em processo permanente de construção, com a participação de todos. Esse é o sonho que nos faz sonhar hoje.

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