A Rede Salesiana de Escolas (RSE) e a editora Edebê Brasil iniciaram, em 2014, um projeto inovador: implantar o Material Didático Digital para o ensino fundamental II e ensino médio em todas as mais de cem escolas da RSE no Brasil. Isso significou um esforço e uma mobilização enormes, a começar pela Rede Salesiana Brasil (RSB), mantenedora das duas entidades, que acreditou na proposta.
Todo o material didático da Rede foi reformulado e adaptado, houve um grande investimento na compra de tecnologias e no suporte técnico, as equipes das duas entidades e de todas as comunidades educativo-pastorais da Rede se empenharam fortemente no processo de treinamento para as novas ferramentas... Em 2016, esse processo fecha um ciclo, com a implantação do MDD nos anos finais dos ensinos médio e fundamental. O sucesso alcançado entre educadores, alunos e suas famílias é fruto desse empenho na inovação e de um enorme amor pela missão de educar.
O caminho não foi fácil, e foi preciso enfrentar desafios como a própria velocidade imposta pela “era digital” e a necessidade de adaptação dos professores a uma nova realidade. Mas, para o padre Nivaldo Luiz Pessinatti, que acompanhou todo o processo como diretor-executivo tanto da RSE e da Edebê Brasil até o final de 2015, “nesta transição (inevitável) da era impressa para a era digital, o ensinar e o aprender continuam sendo os grandes desafios”. Mudaram os processos e as plataformas, o que só contribui para intensificar a missão educativa salesiana: “As plataformas adaptativas, os objetos digitais e os livros interativos democratizaram e facilitaram estes processos de aprendizagem, ampliando e incentivando a pesquisa. Mais do que nunca: a escola tornou-se o ambiente no qual TODOS aprendem”, completa.
Renovação constante
Essa mudança é sentida – e bem aceita – nas escolas. Principalmente pelos alunos, que receberam com grande empolgação a possibilidade de usar a tecnologia na sala de aula. “Agora vai ficar mais fácil estudar porque vou ter acesso a links que vão me ajudar a entender melhor, a jogos educativos, e poderei também fazer minhas tarefas de onde estiver, levando apenas um tablet. É uma nova era que chega ao nosso colégio”, avalia Alexandre Souza, 11 anos, aluno do Colégio Dom Bosco de Manaus, AM. No final do ano passado, ele participou de um treinamento promovido pelo colégio para alunos que iniciariam em 2016 o uso do MDD, trocando cadernos e livros por conteúdos digitais acessados através de tablets e computadores. A orientadora educacional do Colégio, Dayse Anne Flôres, considera que o MDD tem sido importante para os alunos: “O uso do material provoca a interatividade, amplia a visão de mundo e instiga-os a buscar, a conhecer mais”.
O MDD não se restringe aos livros didáticos. É um material completo, que inclui caderno digital, possibilidade de pesquisas e navegação no Portal Futurum e outras ferramentas. A cada ano, mediante o Laboratório de Avaliação e Pesquisa (LAP), a Edebê faz uma ampla avaliação junto aos membros das comunidades educativas. Este material é lido, acolhido e torna-se uma orientação importante para o enriquecimento e a melhoria do material didático. Isso significa que, para os alunos do ensino fundamental II e do ensino médio, a cada ano o MDD passa por mudanças, inclusive para que os links e softwares estejam sempre atualizados.
Em 2016, outra novidade será o lançamento do novo material didático para o ensino fundamental I. Assim como o MDD, ele será implantado paulatinamente, iniciando com o 1º e o 2º ano. Nesta idade, ainda é necessária a priorização do material didático impresso, mas a Edebê preparou subsídios digitais para que os professores possam utilizar em sala de aula.
Formação continuada
As equipes do Centro Salesiano de Formação, da RSB, e da Editora Edebê, estão investindo na qualificação dos educadores para o uso do material didático. Em 2015, foram oferecidos aos educadores da Rede Salesiana de Escolas diversos subsídios por meio do ambiente virtual de aprendizagem do CSF. “A expectativa é que estes subsídios sejam utilizados pelas escolas, de forma autônoma e criativa, nas formações locais, com vistas a potencializar o projeto do MDD”, afirma Ana Paula Costa e Silva, coordenadora executiva do CSF. Para 2016, serão realizados também encontros presenciais, tanto para educadores iniciantes quanto para aqueles que já utilizam o material, com foco nas propostas metodológicas.
A proposta, sempre, é ampliar as possibilidades abertas para que o educador desenvolva da melhor maneira a sua missão. Para explicar a importância disso, padre Pessinatti retoma as palavras do professor Paulo Blikstein, da escola de educação da Universidade Stanford, na Califórnia, e diretor do Stanford Lemann Center: “Há cem anos tentamos substituir o professor por tecnologia, e nunca deu certo. É como querer substituir o médico na sala de cirurgia, não faz sentido. É o jeito errado de pensar tecnologia educacional. O que faz sentido é dar ferramentas tecnológicas para o professor melhorar o que ele faz na sala de aula, assim como um médico usa tecnologia para melhorar o diagnóstico e o tratamento. Mas o professor precisa ser extremamente bem treinado no uso dessas tecnologias”, finaliza.
Colaboraram: Vivian Marler/COMSOCDB, equipe Colégio Auxilium
O uso do Material Didático Digital em uma escola da RSE
Leia a seguir a experiência de uso do Material Didático Digital da Edebê no Colégio Auxilium de Anápolis,GO. Na matéria, publicada pelo RSEInforma, são destacadas as principais mudanças na rotina escolar promovidas pelos novos recursos digitais na opinião de educadores, alunos e pais.
Desde o início do ano letivo de 2014, o Material Didático Digital da Editora Edebê começou a chegar às unidades da RSE. Um bom exemplo para entendermos as mudanças proporcionadas pelo MDD na vida de alunos e educadores é a experiência do Colégio Auxilium de Anápolis, GO. A direção da escola, composta pela diretora pedagógica Rute Camargo da Silva e pela diretora institucionaliIrmã Luzia Batista, conta que o primeiro contato com o MDD aconteceu em 2013. “Foi realizada no final desse ano uma formação para utilização do MDD em sala de aula. Essa formação se deu por área do conhecimento. Tivemos a oportunidade de ‘navegar’ nas páginas do material e nos encantamos”, relembra Rute.
A partir de então, vieram os desafios da implantação: apresentar o MDD aos pais, adaptar as salas de aula, garantir uma internet de boa capacidade e a parte técnica do processo. Como em toda a Rede, o MDD foi colocado à disposição primeiro aos alunos do 6º ano do ensino fundamental e 1º ano do ensino médio. “No início havia insegurança, mas com o passar dos dias cada pessoa envolvida no processo foi se apropriando mais do material e, aos poucos, as angústias foram dando lugar à satisfação em ter um material atualizado e rico em recursos”, afirma Rute.
Atualmente, o uso do MDD no Colégio Auxilium tem monitoramento constante. A escola, através de sua equipe de TI, montou um atendimento aos alunos e educadores. As aulas são acompanhadas, sempre com a ideia de aprimorar o trabalho, e as equipes participam também de formações, como as realizadas pela Editora Edebê.
Para os educadores
Nas aulas da educadora Maria Auxiliadora Di Clemente, professora de Geografia do ensino fundamental II e médio, o conteúdo agora é apresentado no data-show. Os alunos acompanham em seus notebooks e dispositivos móveis. Para ela, um dos grandes diferenciais é poder mostrar, de forma mais realista, conteúdos que antes eram vistos de forma abstrata. Outra vantagem é a possibilidade de buscar informações atualizadas sobre os temas e de acompanhar os fenômenos geológicos atuais. “A utilização de mapas e softwares permite a localização de áreas estudadas. Já as notícias atualizadas contribuem para contextualizar os temas”, explica.
A opinião é compartilhada por Leandro Frederico da Silva, professor de Matemática do ensino médio. Com os recursos do MDD, tornou-se mais fácil para ele construir uma ponte entre a teoria e o cotidiano dos alunos. “Reproduzindo vídeos, analisando e produzindo gráficos e desenhos através de softwares, posso contextualizar as aulas de uma forma muito mais dinâmica”, observa.
Leandro destaca a importância dos jogos, que ensinam de maneira lúdica e estimulam a criatividade, e também cita a utilidade do caderno interativo, visto por ele como uma extensão de sua aula. Para Leandro, os recursos mais úteis do MDD são os vídeos e softwares: “Os vídeos, através da intervenção do professor, podem propiciar momentos de debate e reflexão. O acesso a softwares facilita o entendimento e a análise de gráficos e figuras geométricas de uma forma que no livro impresso jamais poderia ser alcançada”, avalia.
Sobre o comportamento das turmas após a adaptação ao MDD, Leandro e Maria concordam que ocorreram boas mudanças. Mais interação entre disciplinas, dinamismo, envolvimento e interesse dos alunos são alguns dos pontos notados nas aulas com recursos digitais. “Ficaram mais atraentes, sem dúvida. Os alunos indagam mais, mesmo porque o MDD proporciona outros pontos de vista sobre o mesmo assunto. Noto que os alunos estão mais autônomos em relação à construção dos conceitos”, diz Maria Di Clemente.
Leandro vê melhorias também na questão disciplinar: “Agora consigo proporcionar um envolvimento completo do meu aluno de acordo com a sequência didática planejada, além de uma grande interação com outras disciplinas e com o mundo que nos cerca”.
Com a palavra, os alunos
Quando soube que teria um material didático digital, João Pedro Barbaresco ficou animado com a novidade. “Achei estimulante porque une duas ações legais: estudar e navegar na internet”, afirma. O que ele mais gosta de seu material é a praticidade: “Posso estudar e estar com ele em vários ambientes. Posso viajar e não preciso mais levar um tanto de livros para estudar, somente o tablete”.
Rafael Pimentel Naves percebeu a mudança na sua rotina de estudos já no primeiro ano de uso. “Comparando com os outros anos, senti um estímulo maior. Os vídeos, sites, a própria explicação dos conteúdos flui naturalmente e o caderno interativo completa as atividades. Antes, minha mãe tinha que me ajudar a estudar. Hoje não. Sinto vontade e facilidade em aprender”, conta. Raquel Pimentel Naves não destoa de seus colegas quando o assunto são as mudanças trazidas em sua rotina pelo Material Didático Digital. “Estudar ficou mais divertido. As explicações são completas. Os vídeos e as imagens prendem a atenção”.
A mudança aos olhos dos pais
Segundo a direção do Colégio Auxilium, um dos desafios da implantação do Material Didático Digital na escola foi superar a desconfiança dos pais em relação aos novos recursos. “No início, o MDD causou insegurança no sentido do ‘controle’ da internet. Os pais estavam preocupados com o que os filhos estariam abrindo durante as aulas”, relata Rute.
Ao longo do tempo, o MDD foi conquistando a aceitação das famílias. Um exemplo é o depoimento da servidora pública Eunis de Souza Pimentel Naves, mãe dos alunos Rafael e Raquel. “No início, confesso que fiquei receosa com esse estudo digital. Mas com o passar do tempo, notei mais interesse dos meus filhos na realização das tarefas. Passei a verificar o conteúdo do material e achei muito interessante a forma como são colocados aos alunos. Os vídeos são muito bem feitos, a narração do conteúdo didático é perfeita. A matéria a ser estudada é colocada de uma forma de fácil compreensão, com muitas ilustrações do que está sendo ensinado. Enfim, deixo aqui registrado o meu voto de confiança a esse material didático digital. Parabéns a todos que se empenharam na sua produção”, declarou.
A expectativa do Colégio Auxilium é que o Material Didático Digital da Edebê, aliado à educação salesiana, continue a gerar interesse e estimular o protagonismo dos alunos, contribuindo para formar bons cristãos e honestos cidadãos. “Nosso fundador, São João Bosco, viveu além do seu tempo. Ele viu na educação o único meio de tirar crianças e jovens da margem de uma sociedade desigual. Hoje as novas tecnologias avançam num piscar de olhos, e a educação deve caminhar ao lado dessa evolução, proporcionando aos alunos o aprendizado de forma prazerosa”, conclui a diretora pedagógica Rute Camargo da Silva.