De 5 a 8 de dezembro de 2015, a Comunidade salesiana São Sebastião celebrou o tradicional Tríduo a Nossa Senhora Imaculada Conceição, aproveitando a ocasião para comemorar os cem anos da construção da Basílica de Nossa Senhora Auxiliadora. O Santuário representa um grande marco da devoção à Mãe de Deus na cidade de Jaboatão dos Guararapes, PE.
A Basílica foi construída sob uma imensa rocha e foi abençoada em 1905 por dom Luís Raimundo Brito, arcebispo de Olinda e Recife. Logo no ano seguinte, em 1906, iniciaram os trabalhos para a construção do santuário, sob a direção do padre Antonio Véllar, grande devoto de Nossa Senhora. Trabalhou incansavelmente, buscando sempre doações para a conclusão da obra.
A construção foi rápida. No dia 24 de maio de 1909, festa de Nossa Senhora Auxiliadora, realizou-se a primeira função no santuário. Às 8h30, ao som festivo da banda e do canto das ladainhas, foi realizada a procissão da capela, na parte habitada ao sopé da colina, até o santuário que, embora inacabado, já apresentava o belo e majestoso aspecto que ainda tem atualmente. Celebrou-se então a primeira missa solene e, após receber a benção de Maria Santíssima, os fiéis se dispersaram com os corações repletos de alegria.
Consagração
No dia 5 de dezembro de 1915, na presença de uma multidão de fiéis e autoridades, entre as quais o governador Dantas Barreto, o governador eleito Manoel Borba, o prefeito de Jaboatão e os diretores de algumas casas salesianas, dom Luís consagrou solenemente o Santuário de Nossa Senhora Auxiliadora. Três dias depois, em 8 de dezembro, ele coroou solenemente a imagem de Nossa Senhora Auxiliadora confeccionada no Tirol, na Áustria. Na manhã seguinte, dom Luís faleceu repentinamente.
No ano de 1916, o Santuário foi agregado à patriarcal Basílica Vaticana, por documento assinado pelo então acerdiago da Basílica, cardeal Merry del Val. Por este ato o santuário foi enriquecido com o título de basílica menor com todas as honras e privilégios inerentes.
Riqueza histórica
O projeto arquitetônico da Basílica foi elaborado pelo coadjutor Domingos Delpiano (1844-1920). Delpiano nasceu em Castelnuovo d´Asti e entrou para o Colégio Salesiano de Marselha em 1875, onde conheceu Dom Bosco, quando já estudava arquitetura. Professou em 1881 e fez parte da turma fundadora do Colégio Santa Rosa, de Niterói, RJ.
O Santuário possui peças riquíssimas e de grande valor histórico, como, por exemplo, a imagem de Nossa Senhora Auxiliadora, que é esculpida em madeira, pintada em cores naturais, com 130 centímetros de altura. O altar–mor é de mármore e foi trabalhado nas escolas profissionais Salesianas de São Paulo, dádiva dos ex-alunos do Colégio Salesiano do Recife, conforme proposta aprovada na reunião no ano de 1909, em Jaboatão. A pia batismal tem mais de 100 anos. Foi um presente do doutor Gonzaga Macujé, que a retirou da capelinha do engenho deste nome, em Jaboatão, onde por muitos anos foi usada para os batizados. Em 1914, o Bispo diocesano deu a autorização para que fosse usada no Santuário.
Em 25 de agosto de 1946, com a vinda do padre Carlos Leôncio da Silva ao Nordeste, se fez a transladação dos restos mortais do padre Véllar do cemitério de Jaboatão, para depositá-los na parede do santuário, no mesmo lugar onde ele confessava, sob os olhares de Nossa Senhora Auxiliadora.
Centenário
São muitos os dados históricos sobre a Basílica de Nossa Senhora Auxiliadora. Assim, os formandos da Colônia Salesiana, prepararam com muita dedicação toda a programação do Tríduo. As paróquias de Santo Amaro, São Pedro e Nossa Senhora Aparecida, de Jaboatão, estiveram presentes para abrilhantar os festejos. No corredor da igreja, os fieis visitaram a exposição histórica, com fotos, textos e objetos sacros antigos que eram utilizados nas celebrações, entre os quais um cálice de 1912.
Para encerrar este momento comemorativo, o povo saiu em procissão da Capela de São Sebastião no Lote 92, até a Basílica, onde foi celebrada a Solenidade da Imaculada Conceição. A celebração foi presidida pelo diretor da Colônia Salesiana e reitor da Basílica de Nossa Senhora, padre Rondon de Andrade; concelebraram os padres Carlos Júnior, responsável pela formação dos aspirantes e pré-noviços da comunidade, o ecônomo, padre José Venturelli, o confessor da casa, padre José Sianko. Padre Rondon coroou solenemente a imagem da Augusta Rainha dos Céus, repetindo assim o mesmo gesto feito por dom Luís há 100 anos.
Marcones da Silva Nascimento é aspirante salesiano e sacristão da Basílica de Nossa Senhora Auxiliadora.
Porta da Misericórdia é aberta no Santuário
Simbolizando a acolhida misericordiosa da Igreja ao povo, dia 13 de dezembro foi realizada a abertura da Porta Santa da Basílica de São João em Latrão e nas catedrais de todo mundo. Na Arquidiocese de Olinda e Recife, em Pernambuco, a solenidade se deu na Igreja Catedral Santíssimo Salvador do Mundo (Catedral da Sé), em Olinda. No entanto, a arquidiocese estabeleceu um lugar em cada uma das oito regiões episcopais para que também seja celebrado o Ano da Misericórdia. Em cada um desses locais, os fiéis poderão passar pela Porta Santa, viver a graça do jubileu e obter a indulgência.
Dentre os lugares escolhidos está a Basílica Salesiana de Nossa Senhora Auxiliadora, em Jaboatão dos Guararapes: um grande presente para este santuário que completou no último dia 5 de dezembro cem anos de sua consagração. A cerimônia de abertura da Porta Santa, em 10 de janeiro, integrou o novenário da Festa de Santo Amaro, e contou com a presença do inspetor salesiano do Nordeste, padre Nivaldo Luiz Pessinatti.
O Jubileu Extraordinário da Misericórdia iniciou oficialmente dia 8 de dezembro de 2015, durante a Solenidade da Imaculada Conceição, e segue até o dia 20 de novembro de 2016. Segundo a carta do Papa Francisco ao presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, “para viver e obter a indulgência os fiéis são chamados a realizar uma breve peregrinação rumo à Porta Santa, aberta em cada catedral ou nas igrejas estabelecidas pelo bispo diocesano, e nas quatro Basílicas Papais, em Roma, como sinal do profundo desejo de verdadeira conversão”. Além da Porta da Misericórdia escolhida pela diocese, os ordinários diocesanos podem dispor a abertura de outras Portas da Misericórdia também junto aos Santuários de particular importância, frequentados pelos fieis na respectiva diocese, como foi o caso da Basílica de Nossa Senhora Auxiliadora.
Jakeline Lira, com informações: CNBB e Arquidiocese de Olinda e Recife