A guerra em Angola, na África (1975-2002), causou devastações de todo o tipo, inclusive a desestruturação das famílias e a desvalorização da vida. Desde então, a Igreja e a Congregação Salesiana se empenharam para reconstruir o país e a vida dos jovens, não só com muitas propostas educativas, mas também construindo e reerguendo lugares sagrados.
A reconstrução de igrejas é um dos sinais desse esforço de reorganização humana, material, estrutural, educativa, familiar e espiritual, que está sendo realizada no país. Terminada a guerra em 2002 iniciou-se, com entusiasmo, essa reconstrução. Os Salesianos conseguiram inicialmente ajuda para reerguer a infraestrutura das escolas, dos centros de formação profissional e dos ambulatórios.
Em um segundo momento, passou-se à reconstrução dos templos, contando com a contribuição e a colaboração da própria população angolana e também com o auxílio de benfeitores. Foi assim que se pôde terminar em Cangamba a igreja Nossa Senhora da Paz, entregue à Diocese; em Cangumbe, a igreja de São José; em Cangonga, a de Sant’Ana; em Chicala, a Cristo Rei; e em Luena, a igreja Nossa Senhora da Reconciliação, também entregue à Diocese.
Os salesianos de Angola esperam agora continuar a reconstrução da “Igreja de Deus feita de pessoas” que vivem na fé e na caridade. Esperam que este esforço se concretize também na realização de lindos lugares sagrados para louvar a Deus e ouvir a sua Palavra como comunidade de irmãos.
Símbolos do sofrimento
Em janeiro, o bispo de Lwena, Angola, o salesiano dom Jesus Tirso Blanco, expressou publicamente seu agradecimento à Fundação ‘Auxílio à Igreja que Sofre’ (AIS) por sua colaboração para reconstruir as igrejas de sua diocese. “Estas igrejas são o símbolo do sofrimento causado pela guerra. Foi uma imensa alegria para os fiéis poder assistir à abertura da Porta Santa em igrejas que tinham sido reduzidas a escombros pela guerra. Somos agradecidos à Fundação ‘AIS’, porque o seu auxílio foi realmente fundamental”, afirmou o bispo.
Cinco das seis igrejas em que foi aberta a Porta Santa foram de fato reconstruídas com o auxílio dessa Fundação Pontifícia. “Depois de treze anos do final da guerra continuam evidentes os sinais do conflito; mais que nas construções, nas pessoas. Eis porque esse Jubileu da Misericórdia é tão importante para nós: convida-nos a continuar a reconstrução tanto das nossas igrejas quanto do tecido social e espiritual do país”, declarou dom Tirso.
Entre os edifícios reconstruídos graças à AIS está a Catedral de Nossa Senhora da Assunção, em Lwena, bombardeada em 1991 e reaberta somente em 2013. Outra reconstrução significativa foi a da Igreja de Nossa Senhora de Fátima, em Moxico Velho, parcialmente destruída em 2009. “Fora levantada entre 1917 e 1922, pelos primeiros missionários. Para nós representa um lugar muito significativo porque foi de onde partiu a evangelização”. Depois da reabertura, em 2013, a igreja tornou-se santuário diocesano, visitado por grande número de peregrinos.
Dom Tirso Blanco sublinha como a reconstrução das igrejas vem contribuindo para uma participação renovada dos fiéis. “Em Cazombo, até alguns anos atrás, havia somente um sacerdote e duas irmãs. Hoje são 14, entre padres e religiosas. A celebração eucarística ocupa um lugar muito importante na vida dos habitantes desta diocese, e deve ser feita em lugares dignos, que permitam aos fiéis compreender o valor dos sacramentos”, completa o bispo.
Uma das seis igrejas designadas para o Ano Jubilar da Misericórdia em Lwena ainda não foi reconstruída. Da Igreja de Sant’Ana, em Camanongue, resta apenas um arco central, que hoje serve de Porta Santa. “A igreja de Camanongue nos lembra todas igrejas da nossa diocese ainda em ruínas: simboliza as cicatrizes que a guerra deixou na alma dos angolanos...”, finaliza dom Tirso.