Dom Bosco compreendeu que, para ter êxito na formação integral dos jovens, como descrito no Sistema Preventivo, teria que buscar alguns elementos-chave para compor o seu método educativo. Assim, buscou em Francisco de Sales o amor, a bondade, a paciência e a doçura. E percebeu que tudo isso poderia ser vivido de forma familiar, por meio do espírito de família, onde se vive a vida participando dos sacramentos, na oração, no otimismo, na confiança, na alegria e no cumprimento dos deveres de cada dia.
Ele aliou a tudo isso o esporte, a diversão, a música, o teatro. Por isso nós, na Família Salesiana, chamamos a tudo isso de “educação integral”, que está resumida na frase “educar evangelizando e evangelizar educando”. Isso adquire grande valor neste tempo da Quaresma que viveremos neste ano com o lema proposto para a Campanha da Fraternidade, que trata sobre a educação: “Fala com sabedoria, ensina com amor”. Diríamos, um lema bem salesiano! O leitor poderá ver, nestas páginas do Boletim Salesiano, muitas ações que estão sendo feitas nas obras salesianas para vivenciar a Campanha da Fraternidade.
Em seu artigo, o Reitor-mor recorda esses elementos vitais para a nossa família. Ele fala de uma experiência que os salesianos estão realizando no Perú. Padre Ángel afirma que os estudiosos de Dom Bosco concordam que o “modelo familiar” não era o único que Dom Bosco tinha a seu dispor pela tradição para descrever a comunidade educativa, mas evidentemente considerava-o o mais adequado. Segundo o seu modo de pensar, sendo a família a primeira comunidade educativa e o lugar natural da educação da criança, a comunidade educativa devia reproduzir idealmente e de forma otimizada o ambiente familiar.
No seu artigo “Projetistas de utopias”, a irmã Celene Couto Rodrigues nos lembra que uma das condições-chave da educação é colocar a pessoa no centro. Isso vivenciado por meio da ‘pedagogia do encontro’, realizada por Dom Bosco. Ele não ficou parado, aguardando que os jovens viessem a ele (certamente não viriam), mas foi para as ruas e prisões em busca deles. Foram encontros provocativos, que moveram e transformaram vidas, tal como o Reitor-mor descreve no seu artigo também. Irmã Celene conclui seu artigo afirmando que o Papa Francisco nos convoca a “educar para a solidariedade e a justiça, para a responsabilidade e o compromisso, para o cuidado das pessoas e do mundo”. Tudo isso “exige ousadia e risco para gerar propostas diferentes e provocativas”.
Esse contato educativo em Dom Bosco, por meio do encontro, é sempre feito de forma muito simples. Isso está demonstrado no artigo escrito pelo padre Osmar Bezutte, no qual se revela a fórmula para ser amigo de Dom Bosco. A fórmula, de acordo com as Memórias Biográficas é a seguinte: A mais B menos C. Foi com essa fórmula que Dom Bosco conquistou o coração dos seus jovens.
Os tempos são outros e cheios de “mortos e muitas lágrimas, isolamento, fome, desemprego, o lucro acima da vida. Ficou escancarada a globalização da morte e do negacionismo”, como afirma o padre João Mendonça no seu artigo “Projeto de Vida para educadores: tempo esfacelado”. Mesmo assim, a Família Salesiana, seguindo os passos de Dom Bosco, continuará a se engajar no campo educativo, caminhando com seus educandos, falando com sabedoria e ensinando com amor, porque nos propusemos neste ano a fazer tudo por amor, e nada por força!
Padre Tarcizio Paulo Odelli, SDB
Diretor do Boletim Salesiano Brasil