Dom Bosco viveu em um tempo de grandes transformações econômicas, políticas e sociais. No século XIX, a Era Industrial, nascida na Inglaterra, se expandia e mudava completamente a vida do mundo ocidental, com transformações nas cidades e no campo. Eram mudanças sentidas pela população, muitas vezes, de maneira cruel. Dom Bosco as via nas ruas de Turim, na Itália, e percebia sua incidência na juventude.
Com a criação do oratório e a conformação de seu Sistema Preventivo, ele possibilitou a crianças e jovens pobres e desassistidos daquela época a formação evangélica para que seguissem pelo bom caminho; a aprendizagem de ofícios que lhes permitiam se posicionar no mercado de trabalho; educação para as letras e a cultura; e um ambiente familiar e alegre, onde podiam brincar, se divertir, criar. Mais do que isso, percebeu que a juventude de então – como a de hoje – precisa mais de confiança, afeto e caridade do que de repressão.
Ao falar sobre as origens de sua obra, no livro Memórias do Oratório, o próprio Dom Bosco relembra a experiência que teve com os jovens egressos das prisões: “Pude então constatar que os rapazes que saem de lugares de castigo, caso encontrem mão bondosa que deles cuide, os assista nos domingos, procure arranjar-lhes emprego com bons patrões e visitá-los de quando em quando ao longo da semana, tais rapazes dão-se a uma vida honrada, esquecem o passado, tornam-se bons cristãos e honestos cidadãos. Essa é a origem do nosso oratório, que, abençoado por Deus, teve um desenvolvimento que então eu não podia imaginar”.
Foi com essa preocupação que Dom Bosco começou a idealizar o oratório festivo salesiano como o conhecemos atualmente: um espaço para que os jovens se encontrassem nos dias de folga (os dias festivos), e ali pudessem participar de atividades de esporte e lazer, acompanhadas de momentos celebrativos e de oração.
O início do oratório, entretanto, é marcado por um fato ocorrido em 8 de dezembro de 1841, solenidade da Imaculada Conceição. Dom Bosco se preparava para rezar a missa na igreja de São Francisco de Assis, em Turim, quando conheceu um jovem órfão, de nome Bartolomeu Garelli, que quase foi expulso da igreja pelo sacristão. Dom Bosco interveio, disse que o menino era seu amigo, convidou-o para assistir à missa... após a celebração, conversou amavelmente com Garelli, fez com que o menino percebesse ali uma presença acolhedora e convidou-o a retornar na semana seguinte, para que, com ele e outros jovens, pudesse conversar, se divertir e rezar.
Garelli aceitou o convite e trouxe consigo alguns colegas. Assim, todos os domingos, Dom Bosco passou a reunir um grupo cada vez mais numeroso de rapazes. Em fevereiro do ano seguinte, já eram cerca de 20. No fim de março, 30. E, na festa de Sant’Ana, então celebrada em 26 de julho, eram mais de 100!
Os jovens continuaram se reunindo em torno de Dom Bosco e, depois, dos seus salesianos; primeiro em Turim, em seguida em outras cidades da Itália, outros países da Europa, outros continentes... e hoje continuam encontrando o mesmo apoio e incentivo daqueles primeiros tempos nos oratórios, nas obras sociais, nas paróquias e nos centros profissionalizantes e educativos salesianos espalhados por todo o mundo.