Para responder à questão temática do Encontro Nacional da Rede Salesiana Brasil – “Onde estão as juventudes?” – os participantes do evento tiveram a oportunidade de assistir a duas palestras iniciais, que apontaram algumas diretrizes de reflexão sob o ponto de vista social e da Igreja Católica no Brasil.
No dia 28 de agosto, ainda no período da manhã, o Prof. Dr. Maurício Perondi, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), conduziu a primeira palestra, com o tema “Para onde vão as juventudes? Tendências e oportunidades”. Perondi partiu da questão central do evento para desafiar os participantes a se questionarem também sobre “Como estão as juventudes?” e de que forma podemos sair ao seu encontro. “Estar com os jovens é ser presença. Mais do que falar, é o que a gente faz; e mais do que o fazer, é como o jovem se sente quando está com a gente. O que faz diferença é a relação humana que estabelecemos com os jovens”, afirmou.
O professor apresentou uma série de dados, coletados em estudos recentes sobre as juventudes, para afirmar que o presente e o futuro da sociedade passam pela humanização: “Estamos em um período de transição pandêmica, no qual as consequências da pandemia ainda existem, especialmente como impacto na saúde mental, e os jovens percebem isso”.
Perondi destacou, ainda, que há um vazio institucional quando se fala na educação e que é necessária uma mudança de concepção sobre como os adultos e as instituições em geral podem responder às necessidades das juventudes. “Qual é o papel das instituições na educação e na formação das juventudes? Historicamente, afirmamos que o jovem é o centro da educação, mas é importante olhar para quem trabalha com os jovens”, considerou ele.
“Precisamos encontrar os pontos de conexão que despertem o interesse dos jovens; trabalhar com as questões ligadas à vida, ao cotidiano, ao mundo dos jovens”, finalizou.
“Ao seu lado”
As atividades da tarde começaram com a assessoria de Dom Nelson Francelino Ferreira, bispo de Valença, RJ, e Ex-Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Sob o tema “Ao seu lado”, o bispo refletiu junto com os participantes do Encontro sobre o Plano Pastoral Juvenil da Igreja no Brasil.
O Ex-Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB agradeceu e ressaltou a participação salesiana nesta comissão. Na sequência, convidou os presentes a refletirem sobre como as instituições – inclusive a Igreja Católica – muitas vezes se aproximam das juventudes com respostas prontas, tratando de questionamentos que não fazem parte do universo juvenil ou se apresentando com um forte teor moralista.
“Antes de tudo devemos nos perguntar como a nossa Igreja precisa mudar para falar às juventudes; como a Rede Salesiana precisa se atualizar constantemente para responder aos anseios das juventudes. A juventude, que foi tantas vezes vítima do descaso, precisa ser acolhida. E isso nos leva a uma segunda questão: o que os jovens esperam de nós, Igreja do Brasil e Rede Salesiana?”, questionou o bispo. Segundo ele, os jovens responderam em grande parte a essa pergunta no processo do Sínodo dos Jovens: “Eles esperam uma Igreja autêntica, acolhedora, alegre, integradora, que seja casa de escuta e de atenção, e não apenas uma instituição que os julgue”, afirmou.
Assim, procurar pelas juventudes passa por repensar as instituições e seus representantes, que devem seguir o exemplo de amor e acolhida oferecido por Jesus. “Os jovens, sem deixar de ser o futuro do nosso país e da nossa Igreja, também são o presente e um dos principais agentes de mudança e progresso da sociedade. O que fazemos como adultos depende de como pensamos e agimos quando jovens. A Pastoral Juvenil deve olhar para o Cristo, ser contagiada pela sua misericórdia, que não julga nem condena, mas se coloca a caminho”, exortou Dom Nelson.
Construindo um futuro de esperança com a juventude, Dom Nelson Francelino compartilha reflexões inspiradoras sobre o papel da Igreja na vida dos jovens. Ele enfatiza a importância de abandonar polarizações e rivalidades para nos concentrarmos na essência do amor e do acolhimento. Assista aqui!
A partir do tema "Onde estão as juventudes, tendências e oportunidades", Maurício Perondi mergulhou profundamente na reflexão sobre como a juventude enfrentou a transição pandêmica, marcada não apenas pela crise de saúde, mas também pelas consequências psicossociais. Ele ressaltou a necessidade de humanização das relações e espaços, destacando a importância da saúde mental e de relações positivas para a construção do futuro. Um verdadeiro chamado por um mundo adulto mais compreensivo e ativamente envolvido no apoio e orientação das gerações emergentes. Veja aqui a entrevista!