Mensagem do Vigário do Reitor-Mor

Com Dom Bosco, sempre!

Não é indiferente celebrar um Capítulo Geral num lugar ou noutro. Certamente, em Valdocco, no “berço do carisma”, temos a oportunidade de redescobrir a gênese da nossa história e reencontrar originalidade que constitui o coração da nossa identidade de consagrados e apóstolos dos jovens.
Pe. Stefano Martoglio – Vigário do Reitor-Mor dos Salesianos

Na antiga moldura de Valdocco, em que tudo fala das nossas origens, sou quase obrigado a fazer memória daquele dezembro de 1859, em que Dom Bosco havia tomado uma decisão incrível, única na história: fundar uma congregação religiosa com jovens.

Ele já os havia preparado, mas continuavam a ser muito jovens. “Desde há muito tempo pensava fundar uma congregação. Chegou o momento de descer ao concreto”, explicou com simplicidade Dom Bosco. Na realidade, esta congregação não nasce naquele momento: existia já por aquele conjunto de Regras que vocês sempre têm observado por tradição… Tratava-se agora de avançar, de constituir formalmente a Congregação e de aceitar as suas Regras. “Ficai, todavia, a saber que só serão inscritos nela aqueles que, depois de haver refletido seriamente, quiserem fazer a seu tempo os votos de pobreza, castidade e obediência… Dou-vos uma semana para pensardes nisso”.

Na saída da reunião houve um silêncio insólito. Bem depressa, quando as bocas se abriram, se pôde constatar que Dom Bosco tinha razão de proceder com lentidão e prudência. Alguns murmuravam entre dentes que Dom Bosco queria fazer deles frades. Cagliero percorria o pátio a passo largo, entregue a sentimentos contraditórios.

Mas o desejo de “permanecer com Dom Bosco” levou a melhor, na maioria. Cagliero saiu-se com a frase que ficaria histórica: “Frade ou não frade, eu fico com Dom Bosco”.

Na “conferência de adesão”, que se realizou na tarde de 18 de dezembro, os rapazes eram 17.

Dom Bosco convocou o primeiro Capítulo Geral no dia 5 de setembro de 1877, em Lanzo Torinese. Os participantes eram 23 e o Capítulo durou três dias inteiros. Hoje, para o Capítulo Geral 29, os capitulares são 227. Vieram de todas as partes do mundo, representando todos os salesianos.

Na abertura do primeiro Capítulo Geral, Dom Bosco disse aos nossos irmãos: “O Divino Salvador diz no santo Evangelho que onde estiverem dois ou três reunidos em seu nome, Ele mesmo está no meio deles. Nós não temos outra finalidade nestas reuniões senão a maior glória de Deus e a salvação das almas redimidas pelo precioso sangue de Jesus Cristo”. Estamos certos, portanto, de que o Senhor estará no meio de nós e que Ele conduzirá as coisas de tal modo que todos se sintam à vontade.

Nesta missão não estamos sós. Sabemos e sentimos que a Virgem Maria é um modelo de fidelidade.

Uma mudança de época A expressão do Evangelho: “Jesus chamou aqueles que queria consigo e enviou-os a pregar” (Mc 3,14-15), diz que Jesus escolhe e chama aqueles que quer. Entre estes convocados também estamos nós, salesianos. O Reino de Deus torna-se presente e aqueles primeiros Doze são um exemplo e o modelo para nós e para as nossas comunidades.

Os Doze são pessoas comuns, com virtudes e defeitos, não formam uma comunidade de puros nem um simples grupo de amigos. Sabem, como disse o Papa Francisco, que “vivemos uma mudança de época mais que uma época de mudanças”. Em Valdocco, nestes dias, respira-se um clima de grande consciência. Todos os irmãos sentem que este é um momento de grande responsabilidade.

Na vida da maioria dos irmãos, das províncias e da Congregação, há muitas coisas positivas, mas isto não basta e não pode servir de “consolação”, porque o grito do mundo, as grandes e novas pobrezas, a luta cotidiana de tantas pessoas – não só pobres, mas também simples e laboriosas – levanta-se forte como pedido de auxílio. São todos pedidos que devem provocar-nos, sacudir-nos e não nos deixar tranquilos. Com a ajuda das inspetorias, através da consulta, pensamos haver identificado, por um lado, os principais motivos de preocupação e, por outro, os sinais de vitalidade da nossa Congregação, marcados sempre com os traços culturais específicos de cada contexto.

Durante o Capítulo, propomos concentrar-nos sobre o que significa verdadeiramente para nós ser “salesianos apaixonados por Jesus Cristo” porque, sem isto, ofereceremos bons serviços, faremos bem às pessoas, ajudaremos, mas não deixaremos uma marca profunda.

A missão de Jesus continua e tornar-se visível hoje no mundo, também por meio de nós, seus enviados. Somos consagrados para construir amplos espaços de luz para o mundo de hoje, para sermos profetas. Fomos consagrados por Deus e chamados ao seguimento do seu amado Filho Jesus para viver verdadeiramente como conquistados por Deus. Por isso, uma vez mais, o essencial está integralmente na fidelidade da Congregação ao Espírito Santo, vivendo, com o espírito de Dom Bosco, uma vida consagrada salesiana centrada em Jesus Cristo.

A vitalidade apostólica, como vitalidade espiritual, é compromisso em favor dos jovens, das crianças e dos adolescentes, nas mais variadas pobrezas. Portanto, não podemos nos contentar em oferecer apenas serviços educativos. O Senhor chama-nos a educar evangelizando, levando a sua presença e acompanhando a vida com oportunidades de futuro. Somos chamados a procurar novos modelos de presença, novas expressões do carisma salesiano em nome de Deus. Isto seja feito em comunhão com os jovens e com o mundo, mediante “uma ecologia integral”, na formação de uma cultura digital nos ambientes habitados pelos jovens e pelos adultos.

E são fortes o desejo e a expetativa que este seja um Capítulo Geral corajoso, em que se digam as coisas, sem se perder em frases corretas, bem construídas, mas que não tocam a vida.

Nesta missão não estamos sós. Sabemos e sentimos que a Virgem Maria é um modelo de fidelidade.

É belo recordar com a mente e com o coração o dia da solenidade da Imaculada Conceição de 1887 quando, pouco menos de dois meses antes da sua morte, Dom Bosco disse a alguns salesianos que, comovidos, olhavam para ele e escutavam: “Até agora caminhamos na certeza. Não podemos errar; é Maria que nos guia”.

Maria Auxiliadora, a Nossa Senhora de Dom Bosco, nos guia. Ela é a Mãe de todos nós e é Ela que repete, como em Caná da Galileia nesta hora do CG 29: “Fazei tudo o que Ele vos disser”.

A nossa Mãe Auxiliadora nos ilumine e nos guie, como fez com Dom Bosco, a ser fiéis ao Senhor e a nunca desiludir os jovens, sobretudo os mais necessitados.

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