“Temos passado por momentos muito difíceis. Uma chuva de bombas caiu sobre Aleppo. Uma menina do oratório e sua irmã ficaram feridas porque uma bomba foguete caiu sobre sua casa. Agora, graças a Deus, estão bem”. É mais uma das informações dramáticas enviadas pelos salesianos de Aleppo, na Síria. Por causa da retomada dos bombardeios, eles tiveram de interromper as atividades de verão para crianças e adolescentes. Não há, entretanto, intenção de entregar os pontos. No final de julho, foi organizado um Dia da Juventude local e um pequeno grupo participou da delegação do Oriente Médio na Jornada Mundial da Juventude, celebrada na Polônia.
Embora o contexto seja de desolação e desalento, os salesianos continuam ativos e decididos a fazer o possível pelos seus rapazes: “Apesar da guerra, organizamos em Aleppo, com as Igrejas locais, o ‘Dia da Juventude’, nos dias 29 e 30 de julho, simultaneamente à JMJ 2016 Cracóvia. É uma mensagem forte de esperança para todo o mundo. Um grito que sobe de todos os jovens da cidade: ‘Nós somos gente de paz! Queremos a paz!’”.
“Rezem por nós! É que dias muito duros são esperados”, concluem os salesianos.
Colônia de Férias
Mesmo após cinco anos de guerra, os salesianos continuam a oferecer aos jovens da chamada “cidade mártir”, Aleppo, uma Colônia de Férias em julho, mês de verão na Síria. “Apesar da guerra e do escuro que dela deriva, procuramos acender algumas luzinhas de esperança no coração dos pequenos de Aleppo”, conta o padre Pier Jabloyan, salesiano sírio.
A colônia do oratório salesiano iniciou-se com a participação de cerca de 800 meninos e meninas, assistidos pela comunidade com a ajuda de aproximadamente 85 animadores de várias idades e, em diversas atividades, toda a Família Salesiana de Aleppo.
Neste ano o tema da Colônia girou em torno da misericórdia: “É um tema muito atual para nós, não só porque neste ano há o Jubileu, mas também porque nos toca em profundidade. A nossa terra precisa de misericórdia, daquela que nos chega de Deus”, afirmou padre Jabloyan. Infelizmente, após duas semanas a Colônia teve de ser interrompida, pois não havia condições de segurança para transportar os jovens até o local.
JMJ 2016
A Inspetoria salesiana do Oriente Médio (MOR) esteve presente à Jornada Mundial da Juventude - JMJ 2016, em Cracóvia, Polônia, graças à participação de 21 jovens procedentes de três países que nos últimos anos foram, por diversos motivos, muito provados: Síria, Egito e Líbano. Os jovens foram acompanhados pelo padre Simon Zakerian, delegado de Pastoral Juvenil da inspetoria, atualmente residente em Damasco, Síria.
A participação na JMJ assume para os jovens do Oriente Médio muitos significados. Eles se beneficiam das oportunidades que a JMJ oferece – clima de oração, de festa. Mas também são, entre os jovens de todo o mundo, testemunhas tanto dos sofrimentos como da esperança dos seus povos. São ainda embaixadores de fé e entusiasmo por entre seus amigos ao voltarem para suas próprias casas.
“Para nós, da Inspetoria MOR, é quase um milagre poder ajudar os nossos jovens a participar desse grande evento eclesial, porque as dificuldades são tantas e de todo tipo. Peçamos realmente uma graça especial para todos os jovens participantes da JMJ, a fim de que seja um tempo de conversão e de profunda partilha espiritual”, afirma o padre Zakerian.
“Unimos nossa voz à do Santo Padre”
Ecoou em todo o planeta a videomensagem do Papa em favor da campanha da Cáritas Internationális: “Síria, a paz é possível!”. Os salesianos no país enviaram uma carta, em retorno à mensagem. Leia a seguir:
“Perder todos os dias crianças, irmãos e irmãs inocentes, por causa da violência e do ódio, faz um mal imenso a todos nós que vivemos aqui, e a tantos amigos e fiéis que partilham conosco tão difícil situação!
Antes de tudo, faz-nos muito bem e encoraja, tanto a nós, cristãos, quanto aos nossos conacionais, os muçulmanos, ouvir essas palavras sinceras em favor da Síria e da reconciliação. Este povo já está cansado, perdeu as forças, não aguenta mais essa guerra. Tem razão o Santo Padre quando diz que o povo sírio é uma vítima: de fato, quem está pagando as consequências do conflito é o povo pobre.
Também nós unimos a nossa voz à do Santo Padre, e gritamos: “Não há uma solução militar na Síria, só uma solução política”. Só pelo diálogo se pode chegar à solução.
O Papa diz que a paz na Síria é possível. Sim, é possível quando os países pararem de mandar armas aos combatentes, quando deixarem de olhar para a Síria como um bolo a ser dividido, quando deixarem de tratar a Síria como uma praça para aparecer ao mundo como salvadores, quando, na verdade, ali estão par alimentar o fogo do ódio e da discórdia: ‘Com a mão direita acariciam; com a esquerda, ferem’, disse o Papa. Nós, sírios, constatamos que é verdadeiramente essa a realidade.
A coisa mais linda na mensagem do Papa Francisco é o convite a rezar pelo povo sírio que sofre. Também nós acreditamos realmente que Deus nos dará a sua paz. E lhes agradecemos tanto, porque estão sempre prontos a rezar e a sustentar o povo sírio”.