Em 11 de novembro de 1875, na igreja de Maria Auxiliadora, na Itália, Dom Bosco realizava o envio dos primeiros missionários salesianos para a Argentina. Àqueles jovens religiosos que partiam para levar o Evangelho a terras distantes e desconhecidas, Dom Bosco fez uma série de recomendações, entre as quais estava: “Cuidai de modo especial dos doentes, meninos, velhos e pobres, e ganharei as bênçãos de Deus e a benevolência dos homens”.
Assim o fizeram os filhos e filhas espirituais de Dom Bosco, ao longo dos anos desde aquele primeiro envio missionário, e em tantas partes do mundo em que se expandiu o carisma salesiano de cuidado com os jovens, especialmente os mais pobres. Como relembra o atual Reitor-mor dos Salesianos, padre Ángel Fernández Artime: “Nunca me canso de recordar na nossa Família Salesiana que hoje os filhos e as filhas de Dom Bosco estão em 134 países (72% dos países do mundo), porque no seu tempo, quando quase não havia salesianos, Dom Bosco quis que um primeiro grupo fosse para a Argentina para ajudar os emigrantes italianos e depois chegar aos indígenas. Se tivesse ficado só na Itália, a realidade do carisma de Dom Bosco seria muito diferente hoje”.
Nesta edição do Boletim Salesiano, o leitor vai encontrar muitos exemplos de como a espiritualidade salesiana e a ação concreta da Família fundada por Dom Bosco podem transformar a vida de tantas pessoas. Um primeiro exemplo vem justamente da Patagônia Argentina, destino dos primeiros missionários salesianos, onde se expressou a santidade do irmão Artêmides Zatti. Canonizado no último dia 9 de outubro, Zatti viveu a santidade no cotidiano da atenção aos doentes, os mais pobres e carentes daquela região.
O pedido de Dom Bosco para o cuidado especial com os meninos e jovens, centro do carisma salesiano, gerou obras sociais e educativas capazes de transformar a vida de milhares de pessoas. Ao longo dos anos, jovens que vivenciaram esse carisma tornaram-se educadores e evangelizadores de outros jovens; trouxeram a espiritualidade salesiana para o seu cotidiano na vida adulta. É possível verificar isso, por exemplo, na entrevista da jovem Maria Neves para a coluna “Juventude em Pauta”. Ex-aluna salesiana do Educandário Nossa Senhora das Graças, de Manicoré, AM, hoje ela propaga sua experiência da salesianidade em seu trabalho de comunicadora e na vivência do voluntariado missionário entre os povos indígenas.
Outro exemplo está no artigo do padre Agnaldo Soares Lima sobre o Festival Artístico de Obras Sociais Salesianas, promovido pela Rede América Social Salesiana (RASS): “Sem dúvida, há muito potencial artístico e transformador nas crianças, nos adolescentes e nos jovens das obras sociais das Américas e este potencial é promovido graças à dedicação, amor e paciência de educadores, leigos e consagrados, que o tornam possível. Como RASS, temos o grande desafio de multiplicar Valdocco para os jovens de hoje, para que possamos ser uma rede na qual nos relacionamos, nos comunicamos e nos sentimos como uma família inclusiva e transformadora que gera oportunidades de desenvolvimento integral”.
Esta edição do Boletim Salesiano traz ainda artigos e matérias sobre os escritos de São Francisco de Sales, inspirador e patrono da Família Salesiana fundada por Dom Bosco e o papel dos educadores salesianos na comunicação atual pelas redes sociais e na Pastoral Escolar, entre outros temas.
Assim, nas páginas desta edição do BS, convidamos você, leitor, a acompanhar uma pequena mostra de tudo o que faz a Família Salesiana em favor dos jovens, dos doentes, dos mais pobres e necessitados, no Brasil e no mundo. Porque, como dizia Dom Bosco e repete hoje o Reitor-mor, padre Ángel Artime: “É preciso fazer saber o bem que se faz”.
Ana Cosenza
Editora do Boletim Salesiano - Brasil