Rodolfo Komorek

O “padre santo”

O Venerável padre Rodolfo Komorek, salesiano polonês que viveu no Brasil e dedicou-se de maneira exemplar aos pobres e aos doentes, é lembrado como o “padre santo” pelos que tiveram a graça de conviver com ele.
Com informações: sdb.org, Inspetoria Salesiana de São Paulo e Arquivo Boletim Salesiano

Um dos principais testemunhos do serviço aos que mais precisam, em qualquer situação, pode ser encontrado no elenco de santidade da Família Salesiana: o Venerável padre Rodolfo Komorek, missionário polonês que viveu a maior parte de sua vida no Brasil. Foi em nosso país, especialmente na cidade de São José dos Campos, SP, que o “padre santo”, como era conhecido, superou a fragilidade de sua própria saúde para confortar os doentes e os pobres.

Rodolfo Komorek nasceu em 11 de outubro de 1890 em Bielsko, que hoje pertence à Polônia, mas, na época, era uma província austríaca. Tornou-se padre diocesano em junho de 1913. Pouco menos de um ano depois, foi nomeado capelão militar e foi nessa condição que viveu a Primeira Guerra Mundial, dispensando aos feridos e doentes o conforto espiritual.

Sobre esse período de sua vida, Teresio Bosco, no artigo “As pessoas o chamavam de ‘o padre santo’”, relata: “Ele é capelão nos hospitais militares da Cracóvia. Ali vê chegar ondas de feridos das batalhas de Tannenberg, dos lagos Masuri, de Leopoli, os dilacerados pelas granadas na fortaleza austríaca de Przemysl. O irmão Roberto escreve: ‘Eu o visitei uma vez no hospital durante minha licença do front. Os doentes o amavam muito. Ele estava sempre entre eles, tentando aliviar-lhes o sofrimento’. Mas ele pede para ser enviado como capelão para a linha de frente. Alcança as tropas do Tirol, onde recebe a medalha de mérito da Cruz Vermelha. Na motivação lê-se: ‘Um exemplo raro de padre que se dedica com idealismo aos compromissos de sua própria vocação’”.

Sentados: 1ª à esquerda: Wanda, Maria, D. Inês e Leopoldo. Em pé: 1ª à esquerda: o filho João, o pai João e Roberto.
O menino Rodolfo.

Salesiano missionário
Durante a Primeira Guerra Mundial, Rodolfo Komorek amadureceu sua vocação: queria ser missionário, ajudar as pessoas em locais distantes. Aos 32 anos pediu para entrar na Congregação Salesiana e, em 1922, iniciou o noviciado. Em outubro de 1924, foi destinado ao Brasil, na cidade de São Feliciano, RS, para cuidar da pastoral dos poloneses imigrantes e sem assistência religiosa. Distinguiu-se como evangelizador e confessor, e já naquela época era chamado de “o padre santo”. Mas, quando as pessoas o chamavam assim, ele logo respondia: “Não, sou o padre Rodolfo, um grande pecador”.

Na paróquia salesiana, preparava os filhos dos colonos para a Primeira Comunhão. Se dedicava também aos doentes, tanto nos centros de saúde quanto em suas casas, para onde se dirigia sempre que precisavam dele, mesmo percorrendo grandes distâncias a pé. À noite, reunia as pessoas junto à igreja para recitar o rosário.

Passou por várias paróquias e comunidades salesianas na região Sul do Brasil, até ser enviado até ser enviado como confessor ao estudantado salesiano de Lavrinhas, SP, onde se distinguiu pela santidade.

Em Lavrinhas
O inspetor na época escreveu ao padre Ladislau Paz, diretor do seminário: “Tenho a convicção de lhes enviar um santo”. Padre Ladislau se convenceu da veracidade daquelas palavras pouco tempo depois da chegada de padre Rodolfo: “Antes e depois das confissões, ele orava por muito tempo. Seu confessionário estava sempre cercado por pessoas que o procuravam para receber a absolvição e os conselhos apropriados que dava, curtos, firmes e práticos. Quando aparecia alguém procurando um padre para ajudar um doente ele era o primeiro a se oferecer. [...] Às vezes, tinha que chegar a casebres distantes, em altas colinas e sem estradas. Mas ele ia, chovesse ou fizesse sol, desenrolando seu rosário negro, já muito usado e gasto, que nunca quis trocar por outro”.

Saúde debilitada
Padre Rodolfo Komorek já não era jovem, e quando foi diagnosticado com tuberculose, doença extremamente grave na época, sabia que lhe restava pouco tempo neste mundo. A casa de saúde de São José dos Campos, SP, foi a última etapa dos seus 25 anos de missão no Brasil. Mesmo ali, superando sua própria condição de saúde frágil, assistia os demais doentes exercendo durante o dia todo o ministério sacerdotal.

Dom Giovanni Marchesi, na época ainda um jovem padre, também esteve internado na mesma casa de saúde, e lembra de padre Rodolfo dessa maneira: “Eu fiquei muito contente de viver ao lado de um santo. Embora doente, ele trabalhava o dia inteiro no ministério sacerdotal. A Santa Casa (retiro dos idosos), da qual ele era capelão, e o sanatório Vicentina Aranha eram o campo do seu apostolado. Quantos tuberculosos assistiu! Alguns, primeiro indiferentes, acabaram recebendo os sacramentos do ‘santo padre’, como o chamavam. Sua pobreza nos impressionava. Dormia sobre três mesas de madeira, com um cobertor muito velho e alguns sobretudos gastos para se cobrir. Sua humildade era imensa: sempre o último de todos”.

Padre Fausto Santa Catarina, que também conviveu com ele em São José dos Campos e foi um de seus principais biógrafos, afirma: “O grande amor do Pe. Rodolfo para com Deus não podia deixar de manifestar-se como um grande amor para com o próximo. Foi sempre heroicamente disponível. Não somente em momentos de fervor e consolação, mas nas horas difíceis da doença e das incompreensões”.

No início do século XX, quando ainda eram muito fortes todos os tipos de preconceitos – racial, social, de gênero, padre Rodolfo se fazia próximo e amigo de todos, independentemente de sua condição social.

Devoção
Padre Rodolfo Komorek passou os últimos dias em contínua oração. Queria que os remédios, já inúteis para ele, fossem dados aos pobres que não conseguiam comprá-los.

Morreu aos 59 anos, no dia 11 de dezembro de 1949, e seus restos mortais estão na Capela Menino Jesus de Praga, localizada dentro do espaço físico da Paróquia Sagrada Família. O local recebe todos os anos grande número de visitantes e peregrinos provenientes de todas as partes do Brasil.

Em outubro de 2021, com o apoio da Prefeitura Municipal de São José dos Campos, foi inaugurado o Memorial Padre Rodolfo Komorek, no espaço em que ficava o quarto do religioso no período em que ficou internado para tratar da tuberculose.

A Igreja reconheceu suas virtudes heroicas cristãs e o declarou “venerável” em 1995.

Para saber mais

O Movimento Padre Rodolfo Komorek é dedicado ao conhecimento, imitação e intercessão do Venerável Padre Rodolfo Komorek. No site www.padrerodolfokomorek.com mantido pela Inspetoria de Nossa Senhora Auxiliadora, dos Salesianos de Dom Bosco em São Paulo, é possível obter mais dados sobre a biografia de padre Komorek, sua causa de beatificação, os milagres a ele atribuídos e os locais de visitação que relembram sua vida e obra, como o Museu e Relicário Padre Rodolfo Komorek e a Obra Social Padre Rodolfo Komorek, ambos pertencentes à Paróquia Sagrada Família de São José dos Campos, SP.

Oração para pedir a Deus a glorificação do Venerável Padre Rodolfo Komorek

Ó Jesus, no Venerável Padre Rodolfo nos destes um comovente exemplo de amor aos pobres e aos doentes, de paciente dedicação ao ministério das Confissões. Sua vida de caridade e penitência constitui um contínuo apelo ao seguimento do Evangelho. Concedei-nos, por sua intercessão, a graça que vos pedimos (pedir a graça desejada), e a sua glorificação entre os santos da vossa Igreja, que ele honrou com uma vida de grandes virtudes. Amém. (Com aprovação eclesiástica)

Baixe esta matéria em PDF

Reveja
Publicidade

A seguir
Publicidade

© 2024 Copyright - Boletim Salesiano Brasil