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Educomunicação Socioambiental: uma necessidade dos nossos tempos

“A Educomunicação Socioambiental busca pensar e comunicar um novo modelo de sociedade, com profundas transformações nos sistemas de produção e consumo, nas relações sociais e na organização política”.
Ir. Márcia Koffermann, FMA / Foto: istock - Tanankorn Pilong

Diante da problemática que envolve o agravamento das mudanças climáticas já em andamento no mundo, uma das áreas de intervenção da Educomunicação que vem crescendo e ganhando força é a Educomunicação Socioambiental, que trata “sobre o problema ambiental no cenário urbano, tomando como referência os vínculos entre comunicação e educação”, conforme Falcão e Citelli (2020).

Para esses autores, a “Educomunicação surge como possibilidade teórica e prática de promover aquele ajuste de rota, contribuindo no sentido de alcançar a desejada cidadania ambiental urbana”. A abordagem educomunicativa permite um olhar amplo sobre a questão ambiental, partindo de uma perspectiva inter e transdisciplinar, tendo em vista também os aspectos sociais, econômicos e políticos que precisam ser levados em consideração.

O modelo de consumo e produção e as relações que se desencadeiam a partir disso precisam ser pensadas. A educação socioambiental precisa enfocar as formas de exploração dominantes, a apropriação e distribuição dos recursos naturais, a diferença gritante entre ricos e pobres, as políticas neoliberais que agravam a situação de pobreza e injustiça social em que vivem milhares de seres humanos e a forma como as notícias e informações sobre o tema são veiculadas nas mídias.

Um novo modelo de sociedade
Diante disso, a Educomunicação Socioambiental busca pensar e comunicar um novo modelo de sociedade, com profundas transformações nos sistemas de produção e consumo, nas relações sociais e na organização política (Vila-Merino, Caride Gómez, & Buxarráis Estrada, 2018).

Ao longo dos anos se estabeleceu no mundo todo um modelo de sociedade baseado no crescimento econômico, ou seja: quanto mais se produz, mais se vende e mais riquezas se acumulam. Porém, as mudanças climáticas e todo o contexto social que vem se desenhando têm mostrado que esse modelo é insustentável.

istock / bombermoon

A Educomunicação, justamente por atuar no campo de relação entre Comunicação e Educação, pode contribuir enormemente com a educação das novas gerações

Conforme aponta a UNESCO (2020), a educação para o desenvolvimento sustentável deve se fundamentar em três dimensões: numa ação transformadora que requer o envolvimento de cada pessoa; em mudanças estruturais que revelem as raízes profundas das situações de pobreza e vulnerabilidade; e no desenvolvimento tecnológico que traz consigo avanços e novos desafios.

A área de intervenção da Educomunicação Socioambiental, portanto, está neste contexto de reflexão crítica diante de uma sociedade que sofre com a degradação ambiental e exclui milhares de pessoas do desenvolvimento humano e social. Numa linha educomunicativa, poderíamos falar também numa Ecologia Integral, afinal, como afirma o Papa Francisco, não existem duas crises, uma social e outra ambiental, mas apenas “uma única e complexa crise socioambiental” (Francisco, 2015).

Projetos
A Educomunicação, justamente por atuar no campo de relação entre Comunicação e Educação, pode contribuir enormemente com a educação das novas gerações, com a formação da opinião pública e com o engajamento de um maior número de pessoas nas questões socioambientais tendo em vista o desenvolvimento sustentável da sociedade. De forma prática, a Educomunicação Socioambiental pode ser operacionalizada a partir de projetos voltados para:

• O cuidado com o meio ambiente, a reciclagem, o uso da água, o cuidado dos espaços sociais, arborização, reflorestamento, cuidado e transformação de praças, mananciais ou outros espaços públicos.

• A utilização de mídias para promover a consciência ambiental, a reflexão sobre os modelos de consumo, estilos de vida e a cultura do cuidado, jornalismo e ativismo ambiental.

• Reflexões, estudos, debate midiático e trabalhos voltados para a relação entre crise ambiental e crise social, problemáticas sobre a produção agrícola e a questão da fome no Brasil e no mundo, distribuição da produção de alimentos e cadeias produtivas, a questão agrária e os conflitos no campo, distribuição e acumulação de renda.

• Reflexão e ação em vista do aquecimento global, mudanças climáticas, impactos do aquecimento global no clima local, nacional e mundial, relação entre as mudanças climáticas e o problema da fome, escassez de alimentos, desertificação e desastres naturais.

• Reflexão entre a questão ambiental e a cidade, falta de planejamento urbano, localização das periferias, condições de vida, saneamento básico, distribuição da água potável, transporte público e mobilidade urbana, relações entre periferia e centro, entre outros.

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