Embora no decorrer de toda a sua vida Dom Bosco tenha aceitado apenas sete paróquias, ele sempre foi considerado o pároco dos “jovens pobres e abandonados sem paróquia”: de fato, o Oratório, em Valdocco, era ‘uma paróquia que evangelizava’. Entretanto, em passado não muito distante, o ministério paroquial não era visto como um apostolado salesiano. Foi o Capítulo Geral 19 (CG19) que reconheceu a paróquia como lugar para “um cuidado exemplar da comunidade juvenil” (CG19, IX, 3).
Em seguida, em 1971, o Capítulo Geral Especial (CGE) apontou o ministério paroquial como “um verdadeiro apostolado salesiano”, porque ele oferece “vastas possibilidades e condições favoráveis para levar a termo as finalidades próprias da nossa missão e, em particular, a educação dos jovens de extração popular e pobre” (CGE, 400-401). Em síntese: a aceitação da paróquia se justificava pela possibilidade de ministrar aos jovens “educação e promoção humana e cristã” (como finalmente se codificou nas Constituições, art. 42, e Regulamentos, art. 26).
Nesse enfoque, o Quadro de Referência para a Pastoral Juvenil Salesiana põe a paróquia e o santuário confiados aos salesianos entre as “atividades e obras da Pastoral Juvenil Salesiana” (Cap. VII).
Entretanto, neste mundo globalizado, o contexto mudou drasticamente: a paróquia, tanto na cidade quanto no campo, tornou-se “um santuário, onde os sedentos vão beber para continuar o seu caminho, e um centro de envio e reenvio missionário” (Evangelii Gaudium, 28). Nela se encontram não só católicos, mas também refugiados, migrantes, seguidores de outras religiões, ateus de todas as idades, “povos ainda não evangelizados”.
Por isso, em cada paróquia estão não só fiéis empenhados, mas também muitos dos que julgam já conhecer suficientemente Jesus Cristo e que se contentam em viver a sua fé de modo rotineiro. Há também aqueles que receberam um primeiro anúncio do Evangelho fraco, tendo uma identidade cristã fraca e vulnerável: eventualmente abandonam a sua fé em Jesus Cristo ou a vivem como algo cultural, sem concelebrar com a comunidade nem receber os sacramentos, sem envolver-se na vida da paróquia. Há igualmente os que ouviram falar de Jesus Cristo, aqueles que buscam alguém que eles percebem, mas não sabem nomear; assim como aqueles que vivem uma vida cotidiana totalmente destituída de sentido.
Hoje, toda paróquia está se tornando cada vez mais uma verdadeira fronteira missionária. Há uma necessidade urgente de atividade pastoral, de missão ad gentes, de nova evangelização, como já sublinhava São João Paulo II na Redemptoris Missio (32- 33). É necessário repensar nossas paróquias salesianas para que sejam realmente paróquias “em saída”! Nessa situação extremamente missionária é urgente que cada paróquia salesiana supere toda pastoral “de manutenção” e redescubra a importância e a atualidade do primeiro anúncio como chave para uma conversão pastoral que promova o entusiasmo missionário (Evangelii Gaudium, 79, 82- 83).
Fonte: InfoANS