Queridas e queridos jovens, essa é uma frase dita por Dom Bosco e repetida em algumas situações de sua vida. Na verdade, foi um conselho dado por ele a muitas pessoas, mas primeiramente ao padre Miguel Rua, no ano de 1863.
E você pode ser perguntar: qual a razão de trazermos essa frase agora?
Justamente porque, iniciando um novo ano, estamos repletos de novos projetos e ideais, e empenhados na realização de sonhos e conquistas. Por isso, com certeza, carregados de muitos bons propósitos. Podemos, então, neste espírito de renovação, acrescentar mais um propósito à nossa vida que, certamente, nos ajudará a ganhar o céu: esforçar-me por fazer-me amar. Assim, no singular, para demonstrar que o compromisso é pessoal.
No início do ano
Iniciamos o ano como bons cristãos e pessoas cheias de desejo de paz, nos recordando de buscar o céu e tendo a convicção de que o Reino de Deus já está entre nós, mas que sua permanência é um esforço diário e pessoal de cada um.
Somos agraciados por poder partilhar esse Reino, sobretudo porque nele estão presentes a generosidade, a bondade e o amor de Deus, que nos oferece vida a cada instante. E podemos retribuir esse amor com bons propósitos, como a escolha de nos fazermos amados a cada dia. Não se trata de nos fazermos os “queridinhos” e as “queridinhas” das pessoas, mas de nos empenharmos para sermos melhores, para aceitar as pessoas, para que sejamos uma presença leve e de Deus nos mais distintos ambientes que frequentamos.
De fato, supomos que na vida de cada um de nós, mesmo sendo amados por Deus e na certeza de sua presença constante e amorosa em nosso meio, passamos por nossas dificuldades humanas, muitas vezes ligadas aos relacionamentos no âmbito pessoal, comunitário, social ou familiar. É que nem sempre é fácil estar com o outro e partilhar a vida com o próximo. Por essa razão Jesus deixou um grande mandamento: “Amai-vos uns aos outros” (Jo 15, 12).
Logo, mesmo nas dificuldades que possamos ter com as pessoas, faz-se sempre uma oportunidade para empreendermos uma autorreflexão sobre a nossa vida, para, então, revermos nossas ações e atitudes. Sempre temos algo para melhorar, todos nós; isso porque somos seres inconclusos, aprendemos e mudamos ao longo do tempo, o que é muito bom, porque isso nos oferece a oportunidade de sermos pessoas cada vez melhores.
Diálogo e encontro
Nesse sentido, fazer esforço para se fazer amado está relacionado, acima de tudo, ao respeito para com todas as pessoas, independente de quem elas são ou de como elas pensam, pois somos todos filhos e filhas de Deus, amados e pensados por Ele; um Deus que respeita a liberdade de cada ser humano.
Nesse propósito, oferecido por Dom Bosco, somos convidados ao diálogo respeitoso, a ir ao encontro das pessoas, buscando conhecer as suas histórias e as razões de suas atitudes, tentando adentrar em suas realidades. Somos chamados a estar nos lugares com docilidade, a exemplo de São Francisco de Sales, com um sorriso no rosto, com vontade de conversar, de ser amigo e amiga, com desejo de fazer elogio, de perceber as coisas boas que a vida tem a nos oferecer. Afinal, somos alegres porque estamos com Jesus ressuscitado, que venceu a morte para dar-nos a vida eterna.
Nessa perspectiva, o fazer-se amar é um grande desafio que o vigor da juventude nos ajuda a alcançar. Ser jovem possibilita o espaço privilegiado para o crescimento pessoal; para sermos bons desde agora. Mas tudo isso só pode ser feito com humildade, abertura de coração, de mentalidade e muita vontade de chegar ao céu.
Dessa maneira, queridos jovens, a cada chateação e incompreensão, a cada oportunidade que não seja tão bem-sucedida como queríamos, diante dos dias tristes e inesperados, ante as ofensas e em todas as dificuldades normais da vida, quando tiverem o desejo de responder humanamente, respondam com o coração: escolhi fazer-me amar, isto é, não escolhi responder o mal com o mal. Ao contrário, escolhi ser dócil, amoroso, compreensivo, dialógico, acolhedor, leve e humilde.
Que Dom Bosco, nosso amigo que muito nos desejou o bem e tanto fez por nós, nos ajude nesse bom propósito de vida; que ele nos inspire a sermos, no esforço de nos fazermos amar, fiéis propagadores do Reino de Deus e de seu amor, assim como ele fez no decorrer de toda a sua vida. Que Deus nos abençoe grandemente nesse novo ano que se inicia e que Nossa Senhora Auxiliadora ilumine todas as nossas atitudes e ações.
Fernando Campos Peixoto, SDB, é teólogo e mestrando em Educação pela Universidade Católica Dom Bosco, MS.