A Primeira Expedição Missionária Salesiana, que partiu da Itália em 11 de novembro de 1875, completa 150 anos em 2025. Esse marco histórico não é apenas uma data para ser lembrada, mas uma oportunidade para toda a Família Salesiana refletir sobre o passado, celebrar o presente e olhar com esperança para o futuro.
Para celebrar a data, a Congregação Salesiana adotou o slogan “Agradecer, Repensar, Relançar”. É um convite para agradecer a Deus pelo dom da vocação missionária salesiana; para repensar e desenvolver uma renovada visão das missões diante de novos desafios; e para relançar, com entusiasmo, a proposta missionária salesiana, alcançando um número ainda maior de jovens em todo o mundo, em especial os mais pobres e abandonados.
Uma aposta no futuro
A decisão de Dom Bosco de enviar missionários para a Argentina em 1875, pouco tempo depois de fundar a Congregação, não foi uma mera ousadia do Santo, pois já naquela época ele compreendia que o carisma salesiano de educar e evangelizar a juventude não poderia ficar restrito à Europa. Durante sua vida, São João Bosco enviou 153 jovens missionários – o que representava cerca de 20% dos salesianos da época – lançando as bases para uma presença que hoje se estende por mais de 130 países, nos cinco continentes.
A escolha da Argentina como primeiro destino também não foi aleatória; o país oferecia um terreno fértil para a missão salesiana devido à sua diversidade cultural e às necessidades sociais e educacionais da época, especialmente entre imigrantes e comunidades indígenas.
A primeira expedição foi composta por dez salesianos, liderados pelo padre João Cagliero. O grupo, imortalizado por uma foto do fotógrafo Michele Schemboche, incluía os padres João Batista Baccino, Valentim Cassini, Domingos Tomatis, Tiago Allavena e José Fagnano e os irmãos/coadjutores Estevão Belmonte, Vicente Gioia, Bartolomeu Molinari e Bartolomeu Scavini.
As recomendações de Dom Bosco
A missa de envio dos primeiros missionários salesianos foi emocionante! Dom Bosco preparou uma homilia na qual relembrou a ordem de Jesus aos Apóstolos: “Ide por todo o mundo e proclamai o Evangelho a toda a criatura”, e enfatizou que essa não era uma mera sugestão, mas uma ordem divina.
Dom Bosco também preparou uma série de recomendações, escritas à mão, que entregou aos missionários. Entre seus conselhos, ele fez um pedido para que os salesianos dessem atenção aos mais necessitados: “Cuidai de modo especial dos doentes, meninos, velhos e pobres, e ganhareis as bênçãos de Deus e a benevolência dos homens”. Ele reforçou também o propósito da missão: “Procurai almas e não dinheiro, honras, dignidades”.
Na Argentina, o grupo se estabeleceu e iniciou seu trabalho na Patagônia, focando na educação e no apoio a jovens carentes e, depois, às comunidades indígenas. O sucesso da missão na Argentina incentivou o envio de missionários salesianos a outros países da América do Sul, como Uruguai, Chile e também o Brasil (onde os salesianos chegaram em 1883), consolidando o sonho de Dom Bosco de evangelizar e educar a juventude mais vulnerável.
As missionárias Filhas de Maria Auxiliadora
A expansão das missões salesianas não se restringiu aos Salesianos de Dom Bosco. Logo na Terceira Expedição Missionária, em 14 de novembro de 1877, uniram-se a eles as Filhas de Maria Auxiliadora (Irmãs Salesianas). Naquela data, seis jovens corajosas saíram da Itália rumo ao Uruguai para iniciar o trabalho educativo e pastoral salesiano com as meninas. Eram elas: irmã Ângela Vallese (23 anos), irmã Joana Borgna (17 anos), irmã Ângela Cassulo (25 anos), irmã Ângela Denegri (17 anos), irmã Teresa Gedda (24 anos) e irmã Teresina Mazzarello (17 anos).
Para preparar o 150º aniversário desta primeira partida missionária das Filhas de Maria Auxiliadora, o Instituto das FMA iniciou em 2024 um triênio inspirado no lema: “Agora é o tempo de reavivar o fogo” (cf. Maria D. Mazzarello, Carta 27), apresentado por Madre Chiara Cazzuola na Circular 1038, em que é indicado o objetivo: “Celebrar com coração agradecido o ardor missionário do Instituto para reavivar, no hoje da contemporaneidade, o impulso profético do nosso carisma como dom à Igreja e à humanidade”.
Tradição e renovação
As expedições missionárias, que anualmente são renovadas pelo Reitor-Mor, mostram que a dimensão missionária salesiana é um elemento vivo e que continua a atrair religiosos e leigos, de vários ramos da Família Salesiana.
No próximo dia 11 de novembro de 2025, o Reitor-Mor, padre Fabio Attard, deverá presidir na Basílica de Maria Auxiliadora, em Valdocco, a missa de envio de um novo grupo de missionários, reafirmando o compromisso assumido por aqueles primeiros jovens junto a Dom Bosco: propagar o Evangelho em todo o mundo, com especial atenção aos jovens e às populações carentes.
Com muito humor, este vídeo apresenta os integrantes da Primeira Expedição Missionária Salesiana, a partir da famosa foto de Michele Schemboche.
Entre os frutos mais importantes das missões salesianas estão alguns jovens que viveram intensamente a proposta salesiana e que hoje estão no caminho de reconhecimento de sua santidade pela Igreja Católica.
São eles: a Beata Laura Vicuña e o Beato Zeferino Namuncurá, da heroica juventude do Chile e da Argentina; Akash Bashir, estudante salesiano no Paquistão que se sacrificou para impedir que um fundamentalista muçulmano explodisse a comunidade católica reunida para a missa dominical; e Simão Bororo, catequista indígena na Missão de Meruri, no Brasil, que morreu junto com o missionário salesiano padre Rodolfo Lunkenbein, ambos assassinados por fazendeiros contrários à demarcação das terras indígenas na região.
Os quatro estão representados no quadro “Os frutos das missões salesianas”, do artista argentino Juan Manuel Jaimes, que foi encomendado pelo padre Alfred Maravilla, conselheiro Geral para as Missões, para comemorar o 150º aniversário da Primeira Expedição Missionária Salesiana.
A pintura mostra como os jovens estavam profundamente enraizados em suas culturas de origem e na fé católica, vivendo a santidade no cotidiano, com empenho e amor, segundo o estilo salesiano.
Os missionários salesianos, com a sua paixão pela juventude e pelos mais necessitados, não apenas levaram o carisma de Dom Bosco a diversos cantos do mundo, mas também foram responsáveis pela fundação de novos grupos dentro da vasta Família Salesiana. Alguns destes grupos, que testemunham o dinamismo da obra salesiana, estão presentes também no Brasil. Confira:
Irmãs da Caridade de Jesus (SCG)
Fundador: Padre Antônio Cavoli SDB
Fundação: 1937
Presenças: Atualmente, o grupo está presente em 16 países, incluindo Japão, Brasil, Itália, Coreia do Sul e outros, abrangendo a Ásia, a América e a Europa.
Histórico: Em 1926, o padre Antônio Cavoli, um dos primeiros missionários salesianos a chegar ao Japão, dedicou-se a pregar o Evangelho através de atividades de caridade. Convencido de que a caridade era o meio mais eficaz para tocar o coração dos japoneses, ele e um grupo de jovens mulheres começaram a visitar e cuidar de pobres e doentes. Em 1937, com o incentivo do padre Vicente Cimatti, foi fundada a Congregação das Irmãs da Caridade. Desde o início, a congregação foi impulsionada pela paixão missionária do seu fundador, expandindo-se para diversos países. O carisma das irmãs é testemunhar a caridade misericordiosa de Jesus, especialmente para com os pobres e sofredores.
Filhas dos Sagrados Corações de Jesus e de Maria (HHSSCC)
Fundador: Beato Luís Variara SDB
Fundação: 1905
Presenças: Presente em 11 países, principalmente na América Latina (Colômbia, Brasil, Equador e Venezuela, entre outros), e também na Europa e na África.
Histórico: No exercício de seu ministério em Agua de Dios, na Colômbia, o padre Luís Variara descobriu a vocação religiosa de jovens afetadas pela hanseníase e de filhas de pais que tinham a doença. Em 1905, guiadas por ele, seis jovens deram vida ao Instituto. O grupo nasceu com o ideal de transformar a doença e a dor em valores de redenção e entrega total. A espiritualidade salesiana é vivenciada na evangelização dos pobres, em especial dos doentes de hanseníase, crianças e jovens. Além de assistirem aos doentes, as irmãs atuam em diversas obras educativas e sociais.
Associação Damas Salesianas (ADS)
Fundador: Padre Miguel González SDB
Fundação: 1968
Presenças: O grupo está hoje em 24 países, incluindo Venezuela, Argentina, Brasil, Colômbia, Espanha, Filipinas e Angola.
Histórico: Em Caracas, na Venezuela, um grupo de mulheres engajadas em obras sociais salesianas, que atuavam na construção do Templo Nacional de São João Bosco, decidiu manter-se unido para dar continuidade às aspirações sociais do complexo. Em 1968, com a orientação do padre Miguel González, formaram a Associação Damas Salesianas. O carisma das Damas Salesianas é a santificação através das atividades diárias, com um foco especial na mulher como agente de transformação social. Elas se dedicam a cuidar da saúde física, moral e espiritual, com atenção especial à juventude marginalizada e a crianças em situação de carência.