Em 19 outubro, em pleno Mês Missionário, a Igreja Católica reconhece formalmente a santidade de Irmã Maria Troncatti, uma Filha de Maria Auxiliadora (FMA) que dedicou sua vida ao serviço de Deus junto aos mais necessitados. A canonização ressalta a sua trajetória missionária, marcada por uma fé inabalável, muita coragem e um amor profundo pelo povo Shuar, no Equador.
A promessa de partir em missão
Nascida em 16 de fevereiro de 1883, em uma família de agricultores, em Corteno, Itália, Maria Troncatti sentiu o chamado à vida religiosa desde cedo. Influenciada pelo Boletim Salesiano, ela ingressou no Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora em 1908. Durante a Primeira Guerra Mundial, atuou como enfermeira da Cruz Vermelha em um hospital militar, demonstrando sua dedicação ao próximo.
Já na época tinha o desejo de se tornar missionária, e, em 1922, foi enviada ao Equador. Acompanhada por duas irmãs FMA, partiu para o interior da floresta amazônica equatoriana, instalando-se em Macas. Ali, se tornou uma figura central na vida das comunidades locais, especialmente entre os indígenas Shuar, que carinhosamente a chamavam de “Madrecita” (Mãezinha).
Missionária na floresta amazônica
Sua missão na Amazônia foi multifacetada e heroica. Atuando como enfermeira, cirurgiã, dentista e farmacêutica, ela viajava para as áreas mais longínquas, às vezes acessíveis somente por meio de canoas, para atender os enfermos e lutar contra a malária e outras doenças tropicais.
Mas seu trabalho não se limitava à saúde física: irmã Troncatti era também educadora, catequista e pacificadora. Com sua presença e fé, ela ajudou a mediar conflitos entre os Shuar e os colonos, trabalhando para promover a paz e a conciliação. Ela não apenas ensinou o Evangelho, mas o viveu em cada gesto de cuidado, respeito e amor pelo povo.
Irmã Maria Troncatti morreu tragicamente em 25 de agosto de 1969, em um acidente de avião. Mas seu exemplo de vida, a profunda dedicação ao próximo e a evangelização através do serviço a tornaram uma figura amada entre o povo da região de Macas, onde já era considerada santa.
Mãe, missionária, artesã da paz e da reconciliação
No caminho de preparação para a canonização de Maria Troncatti, a primeira Filha de Maria Auxiliadora a ser declarada santa depois de Madre Maria Domingas Mazzarello, o Instituto das FMA escolheu um lema que resume muito bem a vida de irmã Troncatti: “Mãe, missionária, artesã da paz e da reconciliação”.
Também foi preparado um logotipo oficial para a canonização, que destaca o lema escolhido em torno de uma fotografia do rosto de irmã Maria Troncatti – sorridente e acolhedor – entrecortado por dois símbolos que expressam seu programa de vida e santidade: o terço e a maleta de médica e enfermeira.
Formação missionária sobre irmã Maria Troncatti
A vida de irmã Maria Troncatti continua a inspirar muitos missionários e missionárias. Entre os eventos de preparação para a sua canonização e para celebrar os 150 anos da Primeira Expedição Missionária das FMA, o Âmbito para as Missões do Instituto realizou, de 22 a 24 de agosto, uma série de encontros on-line para as coordenadoras e missionárias ad gentes de todas as inspetorias do mundo.
“Irmã Maria Troncatti, artesã de reconciliação e de paz” foi o tema desenvolvido nos encontros por continentes, apresentados pela irmã Francisca Caggiano, FMA e vice-postuladora da Causa.
Na saudação inicial, irmã Ruth del Pilar Mora, conselheira Geral para as Missões, ressaltou: “Quando programamos este triênio, não imaginávamos que o Senhor nos concederia, em sua Providência, este grande dom da canonização de irmã Maria Troncatti. Para nós, ter uma Filha de Maria Auxiliadora missionária canonizada depois de Madre Mazzarello é um grande sinal de envolvimento e de compromisso em todos os níveis da missionariedade”.
Irmã Francisca Caggiano, em sua intervenção apaixonada, inspirando-se na Mensagem para o Dia Missionário Mundial com o lema “Missionários da esperança entre os povos”, destacou irmã Maria Troncatti como missionária de esperança: “Irmã Maria soube escutar e dar voz aos pobres que lhe pediam vida e saúde, dignidade e direitos, e absorveu suas esperanças e a sua dor. Era uma mulher atenta que protegia a todos, sobretudo os mais fracos. Enquanto cuidava dos Shuar, lutava pelos seus direitos, principalmente pela terra, o salário, as compras e vendas. Acompanhava cada fase, mesmo sabendo que alguns colonos não estavam contentes com esse progresso”.