Os missionários salesianos chegaram ao Brasil em 14 de julho de 1883, liderados por dom Luís Lasagna. Eles atendiam ao apelo do bispo do Rio de Janeiro, dom Pedro Maria de Lacerda, para trabalhar com a educação da juventude e, em especial, com o ensino de ofícios para os filhos das classes populares.
A primeira casa, o Colégio Santa Rosa, foi aberta em Niterói, RJ, inicialmente com apenas 10 alunos. A iniciativa salesiana, ao mesmo tempo que contava com o apoio de parte da sociedade, enfrentou também grande resistência, especialmente dos liberais da época, que viam na Congregação Salesiana uma ameaça. Relatos do padre Miguel Borghino, primeiro diretor do colégio, mostram a intensidade dessa oposição: “Começaram por falar mal de nós, depois a criticar o nosso método, e por último, a espalhar, por toda a parte, que os alunos passavam mal”.
Apesar das dificuldades, a fé e a perseverança fizeram o trabalho salesiano florescer. Em um ano, a escola já tinha 30 alunos, e logo abriu cursos profissionalizantes de carpintaria, alfaiataria e sapataria, além da sua destacada tipografia.
Expansão pelo País
A obra salesiana rapidamente se espalhou pelo país. Em São Paulo, SP, o Liceu Coração de Jesus, segunda obra dos salesianos no País, foi aberto apenas dois anos depois, em 1885, com um foco particular para os imigrantes italianos que começavam a chegar em grande número ao Brasil.
Pouco depois, em 1892, as primeiras Filhas de Maria Auxiliadora (FMA) chegaram a Guaratinguetá, SP, para oferecer às meninas o carisma educacional de Dom Bosco e Madre Mazzarello. O grupo de 12 irmãs foi recebido com festa na cidade, para assumir o Colégio do Carmo e, depois, estender pelo Brasil colégios e casas de acolhida para as meninas e jovens moças – é preciso lembrar que, na época, a educação de meninos e meninas era separada.
O Liceu São Gonçalo, fundado em 1894 em Cuiabá, MT, foi a porta de entrada para o trabalho missionário salesiano junto aos povos indígenas. No mesmo ano, foi iniciada a obra salesiana no Nordeste, com o Colégio do Sagrado Coração, em Recife, PE.
No Sul, junto aos imigrantes
A presença salesiana no Sul do Brasil também tem raízes antigas. Em 1901, os primeiros salesianos desembarcaram em Rio Grande, RS, para dirigir uma escola de artes e ofícios. No ano seguinte (1902), embora já existissem inspetorias salesianas no Brasil (em São Paulo, Mato Grosso e Pernambuco), por questões de proximidade a casa salesiana em Rio Grande foi assumida pela Inspetoria São José, do Uruguai e Paraguai, sendo reclamada por São Paulo somente anos mais tarde.
A chegada dos salesianos ao Estado de Santa Catarina, em 1916, tem ligação com os atritos internos na população, composta em sua maioria na época por imigrantes italianos, alemães e poloneses. Foram fundadas paróquias na região, de forma a manter a paz por meio da religião, e os salesianos foram solicitados para assumir a paróquia de Ascurra, o que ocorreu oficialmente em 1916.
Somente anos mais tarde seriam fundadas outras obras salesianas em Santa Catarina, como as de Itajaí (1956) e Joinville (1961). No Paraná, a missão salesiana começou em meados do século XX, mais precisamente em 1958, com foco em paróquias e centros juvenis nos bairros periféricos de Curitiba.
Missão em Rede
Hoje, a proposta salesiana de “educar evangelizando e evangelizar educando” se estende por todo o País. Unidos na Rede Salesiana Brasil (RSB), Salesianos de Dom Bosco e Filhas de Maria Auxiliadora atuam em mais de 100 obras sociais e outra centena de escolas de educação básica, além de instituições de ensino superior, missões junto aos povos indígenas e paróquias, que continuam a missão de formar “bons cristãos e honestos cidadãos”.
O Colégio Salesiano Santa Rosa, primeira obra salesiana no Brasil, tem um memorial on-line, no qual é possível acessar gratuitamente fotos e textos sobre a história dos salesianos no Brasil e sobre a presença em Niterói, RJ. Basta clicar no site: https://www.flickr.com/photos/memorialsalesianosantarosa/albums/
Em Guaratinguetá, SP, fica o Memorial das Filhas de Maria Auxiliadora no Brasil, que conta um pouco da história das FMA no país e apresenta relatos e memórias. Além das visitas guiadas locais, que podem ser realizadas de terça-feira a sábado, o Memorial das FMA conta com um site no qual é possível fazer um “tour” pelo local e conhecer o acervo: https://www.salesianas.org.br/memorialfma/
Rodolfo Komorek, nascido na Polônia, já contava 32 anos de idade quando pediu para entrar na Congregação Salesiana, com o sonho de ser missionário e ajudar as pessoas em terras distantes. Iniciou o noviciado em 1922 e, em outubro de 1924, foi destinado ao Brasil, na cidade de São Feliciano, RS, para cuidar da pastoral dos poloneses imigrantes e sem assistência religiosa. Distinguiu-se como evangelizador e confessor, e já naquela época era chamado de “padre santo” pelo povo. Na paróquia salesiana, preparava os filhos dos colonos para a Primeira Comunhão. Se dedicava também aos doentes, tanto nos centros de saúde quanto em suas casas, mesmo quando precisava percorrer longas distâncias a pé.
Passou por várias paróquias e comunidades salesianas na região Sul do Brasil, até ser enviado como confessor ao estudantado salesiano de Lavrinhas, SP. Quando foi diagnosticado com tuberculose, doença extremamente grave na época, padre Rodolfo foi enviado à casa de saúde de São José dos Campos, SP, onde viveu a última etapa de sua missão no Brasil. Superando sua própria condição de saúde frágil, assistia os demais doentes.
Morreu aos 59 anos, no dia 11 de dezembro de 1949, e seus restos mortais estão na Capela Menino Jesus de Praga, localizada dentro do espaço físico da Paróquia Sagrada Família. O local, assim como o quarto em que o religioso viveu e que foi transformado em um memorial, recebe todos os anos grande número de peregrinos provenientes de todas as partes do Brasil.
No site
https://padrerodolfokomorek.salesianossp.org.br/ mantido pela Inspetoria Salesiana de São Paulo, é possível obter mais dados sobre a biografia de padre Komorek, sua causa de beatificação e os milagres a ele atribuídos.
Na noite de 31 de agosto, a Inspetoria Salesiana de São Paulo realizou no Liceu Coração de Jesus, na capital paulista, a solenidade de abertura das celebrações pelos 140 anos da presença salesiana em São Paulo.
A celebração eucarística foi presidida pelo cardeal dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo Metropolitano de São Paulo, no Santuário do Sagrado Coração de Jesus. Concelebraram dom Rogério Augusto das Neves, bispo auxiliar da Região Sé, padre Alexandre Luís de Oliveira, inspetor da Inspetoria de São Paulo, além de outros bispos e padres salesianos. Entre as autoridades civis, esteve presente o secretário Municipal de Educação, Fernando Padula.
Às 19h30, logo após a missa, foi aberta a Mostra Fotográfica “140 anos da Presença Salesiana de São Paulo”, organizada pelo Museu da Obra Salesiana no Brasil (MOSB). A exposição está dividida em três núcleos temáticos: “As Origens e Fundação”, “Festas, Ritos e Tradições” e “Artes, Ofícios e Comércio”. Entre objetos, fotografias e memórias, a mostra não apenas resgata mais de um século de história, mas reafirma a missão salesiana de educar para transformar. A mostra é itinerante e será exibida em outras casas salesianas da Inspetoria, reforçando a memória e a identidade salesiana em diferentes regiões.