Juventude em Pauta

Jovens, vamos fugir dos fatalismos!

Num trecho do livro do Êxodo (3,8), Deus nos diz: “Portanto, desci para livrá-lo da mão dos egípcios, e para fazê-lo subir daquela terra, a uma terra boa e larga, a uma terra que emana leite e mel [...]”.
Fernando Campos Peixoto, SDB

Queridos jovens, estamos começando mais um mês, este dedicado à Bíblia. Pela Bíblia nos tornamos mais íntimos de Deus e temos a possibilidade de conhecer, de modo mais profundo, o Seu amor por cada um de nós. Mas desejo, dentre todas as experiências narradas na Sagrada Escritura, rememorar a história da saída do Povo de Israel do Egito, onde eram escravizados e diminuídos. Num trecho do livro do Êxodo (3,8), Deus nos diz: “Portanto, desci para livrá-lo da mão dos egípcios, e para fazê-lo subir daquela terra, a uma terra boa e larga, a uma terra que emana leite e mel [...]”.  

Amados jovens, este é o desejo de Deus para todos nós: que sejamos livres das opressões, dos pecados que escravizam, de todos os males e de tudo aquilo de ruim que o mundo pode nos oferecer. Sejamos livres em prol de uma vida alegre e digna, onde corra leite e mel. Nesse sentido, precisamos construir a consciência de que não nascemos para ser escravos de nada e de ninguém, mas sim para a liberdade.

Por isso, quando a Igreja prega o desapego aos bens materiais, significa justamente que tudo é passageiro e que perder uma coisa aqui ou outra ali faz parte da vida. Não podemos nos tornar escravos dos bens materiais; eles estão/são para nos servir e não ao contrário. Então, a Igreja está nos ensinando que não vale a pena se escravizar pelos bens que se corroem, ou seja, que acabam com o tempo.

A fuga do pecado
Por essa razão, também, quando a Igreja prega a fuga do pecado, está nos dizendo que o pecado nos afasta de Deus porque nos escraviza de algum modo, no faz ser menos humanos, menos gente, como por exemplo, o pecado da ganância, que coloca o dinheiro acima das pessoas; o pecado da indiferença, que não enxerga a pessoa como semelhante; o pecado da carne, que utiliza a pessoa como objeto, e assim por diante. Logo, nos tornamos escravos destas ações e vamos perdendo o controle sobre nós mesmos, vamos nos desumanizando, nos afastando de Deus, porque passamos a olhar só para nós mesmos. Os outros, incluindo Deus, ficam de fora.

Não digo que será fácil; será difícil, é verdade, mas não será impossível.

Com isso, desejo destacar que não fomos gestados para nenhum tipo de situação que escraviza ou que nos diminui. Não podemos aceitar nada que possa nos escravizar. É preciso fugir dos relacionamentos abusivos e tóxicos que nos tornam escravizados. É necessário lutarmos contra os preconceitos que nos diminuem. É imprescindível que não nos deixemos levar pela indiferença que nos afasta de nós mesmos e depois do outros e dos sofrimentos alheios como a fome, as drogas, o abandono, entre outros.

Por isso, jovens, é essencial dar o primeiro passo para uma vida mais leve, mais digna, mais justa e mais livre. Para isso é preciso contar com a graça de Deus e se esforçar. E jamais aceitar que tudo é assim porque tem que ser assim.

Nada é impossível
Um importante educador brasileiro, chamado Paulo Freire, ensina que não podemos acreditar no fatalismo imposto, ou seja, que as coisas são assim porque não há outro modo diferente de ser ou porque é impossível mudar. Pelo contrário. Nós, que temos fé, sabemos que para Deus nada é impossível e Deus, sendo tão amoroso e misericordioso, não nos criou para o sofrimento, para a penúria ou para ficar neste mundo padecendo. Pelo contrário, Deus, sendo Pai, não quer nada de ruim às suas filhas e aos seus filhos, quer justamente enviá-las/los para uma terra que emana leite e mel.

Dom Bosco, nosso amado patrono das juventudes, percebeu isso. Notou que Deus não queria ninguém sendo escravizado. Foi por isso que dedicou até o último suspiro de sua vida em favor dos jovens, especialmente os mais pobres. Ele percebeu que os jovens eram postos em situações de escravidão e de desumanização constantes. Muitos não tinham o que comer e nem vestir, não tinham família, não tinham um lar. Tornaram-se escravizados pela pobreza, pela tristeza e pela indiferença. Eram/estavam fadados a esta vida de sofrimento e escravização. Era um fato, um fatalismo traçado pelo destino, do qual não viam saída. Mas Dom Bosco fugiu do fatalismo. Ele conseguiu visibilizar outras oportunidades, outros meios, e teve força, contando também com o auxílio divino, para propor soluções e ajudar aqueles meninos a serem livres.

Concluo fazendo um convite a vocês, jovens: fujam dos fatalismos da vida ou que a vida nos impõe. Não digo que será fácil; será difícil, é verdade, mas não será impossível. Conte com a ajuda de Maria Santíssima Auxiliadora e de nosso amado pai, São João Bosco. Deus te abençoe hoje e sempre!

Fernando Campos Peixoto, SDB, é professor de Filosofia, teólogo e mestrando em Educação pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), MS.

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