Boa parte da ajuda enviada pela Família Salesiana no Brasil foi centralizada pela Inspetoria São Pio X, dos Salesianos de Dom Bosco, e pela Inspetoria Nossa Senhora Aparecida, das Filhas de Maria Auxiliadora. Mas a ação das presenças salesianas na região sul do país foi bem além da contribuição material, com exemplos de solidariedade e união em prol dos mais necessitados.
Desde o início de maio, o Colégio Dom Bosco de Porto Alegre se destacou como uma referência no atendimento aos desabrigados, recebendo diariamente doações provenientes de todo o Brasil. Com a colaboração voluntária de funcionários, professores, estudantes e seus familiares, o Colégio Salesiano tornou-se um dos mais completos centros de recepção e distribuição de doações na capital gaúcha. “Em pouco tempo conseguimos articular uma equipe ativa, presente e solidária, que não mediu esforços para ajudar os necessitados”, explica Gilson Cardoso, coordenador de Pastoral do Colégio.
Durante os meses de maio e junho, virou rotina a presença de diferentes sotaques no pátio da escola. Eram motoristas de carretas vindas de localidades como Rondonópolis, MT, ou Lauro de Freitas, BA. Enquanto as doações eram descarregadas, os motoristas eram acolhidos e podiam descansar e fazer uma refeição com calma. Os caminhões chegavam lotados de água, alimentos, roupas, cobertores, colchões etc.
Uma das cargas de fora do Estado veio de Curitiba, PR, com mais de 40 toneladas de alimentos. “Através de uma articulação feita por uma funcionária nossa, fizemos contato com um empresário do Paraná, que, juntamente com outras três empresas do setor de fertilizantes, conseguiu enviar esta grande entrega”, conta Maria Elvira Jardim Menegassi, diretora executiva do Colégio Dom Bosco e responsável pela organização da escola como centro de distribuição.
Mão na massa da solidariedade
Em Viamão, RS, a Obra Social Novo Lar tornou-se um ponto de produção de mais de 1.200 marmitas diárias, feitas com muito carinho e dedicação pelos voluntários, para distribuição para famílias e abrigos da cidade e municípios vizinhos. A ação foi realizada em parceria com o 18° Batalhão da Polícia Militar de Viamão, que encaminhava as marmitas de helicóptero para locais em que não era possível chegar pela via terrestre.
Já o Colégio Salesiano Leão XIII, através da iniciativa Corrente do Bem, mobilizou recursos para auxiliar as famílias afetadas em Rio Grande. As campanhas de doações e as ações de voluntariado para o atendimento dos mais atingidos pelas enchentes envolveram colaboradores da escola, alunos e pais, além da juventude salesiana do GAM. Não faltou também a solidariedade do Colégio Dom Bosco de Santa Rosa, RS.
Demonstrando ainda mais o espírito de união e apoio, a Paróquia São João Bosco de Itajaí, a Paróquia Santo Antonio de Joinville, a Paróquia Coração de Jesus de Massaranduba, o Centro Educacional Dom Bosco de Joinville e o Colégio Dom Bosco de Rio do Sul, todos em Santa Catarina, também se juntaram ao movimento, promovendo campanhas de solidariedade para as vítimas das chuvas no estado vizinho.
Filhas de Maria Auxiliadora
As FMA da Inspetoria Nossa Senhora Aparecida (BAP) estão presentes em quatro cidades do estado: Porto Alegre, Rio Pardo, Uruguaiana e Bagé. Destas, apenas Bagé não foi atingida pelas inundações, mas a população sofreu com a escassez de alimentos provenientes de outras regiões.
Em Porto Alegre, as FMA da comunidade Santa Teresa acolheram 120 pessoas, além da colaboração em outros abrigos e na “cozinha solidária” da Associação de Moradores do Morro Santa Teresa, que preparou refeições para os desabrigados.
Em Rio Pardo outra cidade muito atingida pelas enchentes, as FMA conduzem uma obra social – Instituto Medianeira Casa da Criança (IMCC) – que atende 67 famílias e 80 educandos. Além das campanhas de doações e do serviço emergencial, as FMA mantiveram as atividades do Instituto, mesmo diante das dificuldades, colaborando para a saúde mental das crianças e para garantir a elas a alimentação e a segurança que a instituição oferece.
Já em Uruguaiana, o Instituto Laura Vicuña promoveu a campanha ILV Ajuda, movimento que contou com o apoio de estudantes, familiares e todos os colaboradores. A iniciativa partiu do Conselho de Liderança da escola, que deu início à mobilização de recursos essenciais para aqueles que perderam tudo nas enchentes. Foram arrecadados roupas, água potável, alimentos não perecíveis e brinquedos, em uma ação permeada de empatia e generosidade.
“Cada doação representou uma mensagem de solidariedade e apoio emocional para aqueles que ainda estão enfrentando momentos de incerteza e desespero. Na cidade de Uruguaiana, assim como tem ocorrido em diversos locais do Estado, não apenas se testemunhou a dor das vítimas das enchentes, mas se decidiu agir, trabalhando juntos para criar um mundo onde ninguém fique para trás e onde o cuidado mútuo continue sendo a prioridade”, afirmou a Direção do Instituto em um comunicado que resume bem o espírito de solidariedade que permeou as ações em todas as casas salesianas da região.
Esta matéria foi escrita com a colaboração de: Inspetoria Nossa Senhora Aparecida – BAP; Lavínia Pimpão e Verônica Streliaev – Inspetoria São Pio X; Euclides Fernandes e Monique Bueno – Missão Salesiana de Mato Grosso – MSMT
O UniSalesiano de Araçatuba, SP, realizou em maio a missão humanitária “Saúde não Espera!”, com o envio para Porto Alegre, RS, de 37 voluntários que atuaram nos serviços de emergência de saúde. A equipe foi composta por médicos, enfermeiros, médico veterinário, psicóloga, acadêmicos do último ano de Enfermagem e acadêmicos de Medicina, sob a coordenação do Dr. Ângelo Jacomossi, docente do Curso de Medicina do UniSalesiano.
O grupo ficou abrigado na Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre e prestou serviços na capital gaúcha e região metropolitana, realizando, nos 15 dias de atividades, mais de 1.000 atendimentos.
Dr. Ângelo explicou que o grupo chegou num momento de tragédia emergencial, em que as pessoas estavam em abrigos temporários, sem medicamentos e sem histórico médico. “Nosso primeiro trabalho foi o reconhecimento das necessidades e características dos abrigados”, disse ele, ao relatar que o cenário encontrado era desafiador.
Por sua vez, o acadêmico de Medicina, João Pedro Teixeira de Queiroz, enfatizou a importância do aprendizado prático: “Tínhamos poucos recursos e confiávamos em nossa formação e nos médicos Ângelo e Lucas, que nos transmitiam confiança. Aprendemos a ouvir mais as pessoas, entender suas histórias e necessidades”.
Encerrando a entrevista coletiva concedida no retorno dos voluntários, o Reitor do UniSalesiano, Pe. Paulo Vendrame, SDB, ressaltou o impacto da missão, que marcou a experiência profissional e a vida dos voluntários, bem como a vida do pessoal de Porto Alegre. “Tenho falado muito com o pessoal da Faculdade Dom Bosco, com o Inspetor Salesiano do Sul do Brasil, Pe. Ademir Ricardo Cwendrych, SDB, e eles ficaram muito impressionados com a postura de vocês, com a disponibilidade. Foi muito bonito e é um jeito salesiano de ser, que é um diferencial”, explicou.