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A responsabilidade educomunicativa frente às mudanças climáticas

Diante desta realidade preocupante, a grande pergunta é: o que ainda pode ser feito? Como os ambientes educativos podem ajudar a amenizar essa problemática global que não poupa nenhuma região do planeta?
Ir. Márcia Koffermann, FMA / Foto: istock - Silvia Moraleja

No mês de maio, os olhares de todo o Brasil e até do exterior se voltaram para a tragédia ambiental que aconteceu no Rio Grande do Sul. Uma situação até então inimaginada, mas que, infelizmente tende a ser uma realidade cada vez mais presente no Brasil e no mundo.

Há vinte anos, quando se falava de mudanças climáticas, imaginava-se algo possível para um futuro distante, algo que teria de ser enfrentado pelos nossos filhos ou netos. Porém, as mudanças já estão acontecendo muito antes do que se previa. As calotas polares estão se desfazendo num ritmo mais acelerado do que as piores previsões poderiam sugerir; os Alpes, os Andes e outras montanhas que eram fonte de água potável para muitas regiões estão descongelando e a neve do inverno é cada vez mais insuficiente para repor o gelo derretido. Tornados, secas e enchentes fazem parte das calamidades do cotidiano de todo o planeta.

Diante desta realidade preocupante a grande pergunta é: o que ainda pode ser feito? Há tempo suficiente para reverter essa situação? Como os ambientes educativos podem ajudar a amenizar essa problemática global que não poupa nenhuma região do planeta?

Educação e meio ambiente
Por mais que se venha trabalhando há muitos anos nas escolas sobre a necessidade de cuidado com o meio ambiente, e que se tenha alertado para a proximidade das mudanças climáticas, as políticas públicas não foram suficientemente eficazes para transformar a relação de exploração predatória dos recursos naturais. E, infelizmente, as mídias têm sido fortemente utilizadas para propagar o negacionismo por meio de estratégias que vão desde a proliferação de fake news, passando pelo questionamento das evidências científicas que confirmaram e alertaram sobre as alterações climáticas eminentes até, mais recentemente, propagando a ideia de que os governos são ineficazes e incapazes de fazer frente às tragédias ocasionadas pelas alterações climáticas.

istock / Halfpoint

Ou tomamos uma atitude de mudança radical de nosso comportamento, ou teremos que conviver sempre mais com situações extremas e trágicas como a que assistimos e vivenciamos no Rio Grande do Sul.

É diante da formação da opinião pública que os ambientes educativos possuem uma responsabilidade gigantesca. É preciso que as escolas e outras instituições sejam capazes de abordar essa problemática a partir do desenvolvimento do pensamento racional, crítico e dialético. É fundamental que se coloque em evidência a falácia, ou seja, a falsidade e o engano desses grupos e movimentos que se beneficiam da desinformação climática. São grupos que fazem um desserviço para a humanidade, difundindo ideias e informações falsas com a finalidade de apelar para as emoções e impedir que leis e políticas de proteção ambiental mais rígidas sejam colocadas em prática.

O apelo do Papa Francisco
O Papa Francisco tem sido uma voz incessante em favor de uma mudança de comportamento, no sentido de colocar limites ao modelo capitalista e neoliberal de superexploração dos recursos naturais em vista do cuidado com a casa comum. Segundo o Pontífice: “Os poderes econômicos continuam a justificar o sistema mundial atual, onde predominam uma especulação e uma busca de receitas financeiras que tendem a ignorar todo o contexto e os efeitos sobre a dignidade humana e sobre o meio ambiente. Assim se manifesta como estão intimamente ligadas a degradação ambiental e a degradação humana e ética” (LS, 56). Esse modelo vem se demonstrando irracional e coloca em risco não só a vida humana, mas toda a criação.

Diante dessa realidade, como cristãos, é necessário termos um posicionamento profético, de pessoas conscientes que não se deixam levar pela onda de desinformação que questiona e minimiza a problemática do aquecimento global e suas consequências para com a nossa Casa Comum. Diante do pluralismo de opinião, o Papa Francisco alerta: “A Igreja não tem motivo para propor uma palavra definitiva e entende que deve escutar e promover o debate honesto entre os cientistas, respeitando a diversidade de opiniões. Basta, porém, olhar a realidade com sinceridade, para ver que há uma grande deterioração da nossa casa comum” (LS, 61).

Compromisso cristão e cidadão
Enquanto cidadãos responsáveis, não é possível dar atenção e continuar compartilhando mensagens de WhatsApp sem fundamento científico que promovem o negacionismo climático. Antes, é necessário que busquemos fontes confiáveis, verificáveis, de organizações e instituições que estão realmente preocupadas com o bem comum, com a ética, com os direitos humanos e com o futuro sustentável do planeta, onde todos tenham direito à vida e vida em abundância.

Ou tomamos uma atitude de mudança radical de nosso comportamento, ou teremos que conviver sempre mais com situações extremas e trágicas como a que assistimos e vivenciamos no Rio Grande do Sul.

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