Entrevista

Ir. Sarah Garcia: "O mundo é melhor por causa da sua confiança e da sua esperança"

Irmã Sarah Garcia, FMA, representante do Escritório de Direitos Humanos do Instituto Internacional Maria Auxiliadora (IIMA) na Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, esteve no Brasil em setembro para participar do Encontro Continental de Obras e Serviços Sociais Salesianos da América.

Ao Boletim Salesiano, ela explica o que é o IIMA e como é sua atuação junto à ONU, além de trazer uma mensagem de gratidão para os educadores das obras sociais da Rede Salesiana Brasil (RSB): “O mundo é melhor por causa do seu amor pelos mais frágeis, pelos mais vulneráveis; é melhor por causa da sua confiança no devir humano e da sua esperança inabalável em novos começos”.

O que é o Instituto Internacional Maria Auxiliadora e como o IIMA atua na defesa dos direitos humanos?
O Instituto Internacional Maria Auxiliadora (IIMA) é uma ONG que representa o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora na Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra (Suíça), desde 2008, quando obteve o status de organização consultiva especial do Conselho Econômico e Social (ECOSOC). ) da ONU.

O Escritório de Direitos Humanos do IIMA tem a seguinte visão: “Um mundo onde todas as crianças, meninas e jovens possam realizar todo o seu potencial para serem cidadãos livres e responsáveis”. Por esta razão, o IIMA promove o direito à educação e a formação para os direitos humanos. O IIMA cumpre esta missão mediant seus pilares de ação: defesa, formação e capacitação de atores locais para se tornarem defensores dos direitos humanos e do bem comum (ver: http://iimageneva.org/ ).

Para promover a sensibilização para os direitos humanos nas diversas nações em que o Instituto está presente, o Escritório divulga informações às inspetorias, aos defensores locais dos direitos humanos e às organizações internacionais, partilhando ferramentas de defesa de direitos, bem como outros materiais baseados nos direitos humanos. O Escritório também trabalha em redes de parceria com o VIDES Internacional e outras organizações não governamentais e congregações religiosas.

Que atividades/ações são realizadas junto à ONU?
No Conselho de Direitos Humanos, o IIMA promove o direito à educação para todos, utilizando mecanismos de defesa dos direitos humanos e chamando a atenção do Conselho e dos governos para questões relacionadas com crianças, jovens, mulheres e pessoas em situação de vulnerabilidade. O Escritório participa nas sessões do Conselho de Direitos Humanos; prepara declarações orais sobre determinados temas; prepara relatórios como as Submissões da Avaliação Periódica Universal (APU) sobre a situação dos direitos humanos em alguns países onde as Filhas de Maria Auxiliadora (FMA) estão presentes; entrega ao Alto Comissariado para os Direitos Humanos (ACNUDH) algumas contribuições escritas sobre as questões em discussão, entre outras atividades.

O mundo é melhor por causa do seu amor pelos mais frágeis, pelos mais vulneráveis;

O Escritório de Direitos Humanos do IIMA também fornece aos especialistas da ONU e aos representantes dos Estados Membros informações relevantes e confiáveis sobre como os direitos humanos são implementados no nível local, incluindo a denúncia de violações, assumindo assim a responsabilidade de representar e de apoiar as ações do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora nos 97 países em que estamos presentes. Esta ação é realizada em estreita colaboração com as presenças locais.

Além disso, o Escritório oferece aos defensores locais dos direitos humanos, incluindo educadores e jovens, a oportunidade de participar em reuniões das Nações Unidas (ONU) e promover os seus próprios direitos. O IIMA oferece a oportunidade para os intervenientes locais, incluindo crianças e jovens, expressarem a sua opinião sobre a implementação dos direitos humanos e partilharem boas práticas implementadas em todo o mundo, a fim de apoiar os governos no cumprimento das suas obrigações internacionais em matéria de direitos humanos.

Por que é importante a ação política e cidadã na defesa dos direitos humanos?
Para proteger, promover e cumprir os direitos humanos, as pessoas devem conhecer seus direitos e responsabilidades. Para criar uma sociedade de igualdade e liberdade, inclusão e solidariedade, justiça e paz, uma pessoa deve conhecer sua responsabilidade social. Empoderada, essa pessoa pode ser cidadã proativa e ser uma voz para defender seus direitos e para participar onde os processos de tomada de decisão ocorrem. A formação para os Ensinamentos Sociais da Igreja, a formação para a consciência e os valores, são igualmente importantes para que a pessoa possa desempenhar um papel na transformação social e na promoção do bem comum.

Que mensagem a senhora teria para as crianças, os adolescentes e os jovens atendidos nas obras sociais da Rede Salesiana Brasil?
Queridas crianças; queridos adolescentes e jovens: não importa a idade, o status social ou as condições de vida, vocês são cocriadores do futuro ao viver o seu melhor agora – neste momento presente. Vocês podem ser para nós expressões de bondade, beleza e verdade. O Papa Francisco, falando aos jovens em Veneza (28 de abril de 2024), os convidou a acreditar em sua própria beleza, a amar a vida e a permanecer maravilhados com a beleza ao seu redor: “…o Criador nos convida, por nossa parte, a sermos criadores de beleza… e a criar algo que não existia antes. […] Levante-se e vá! Caminhe com os outros, procure aqueles que estão sozinhos, pinte o mundo com sua criatividade, pinte o Evangelho nas ruas da vida”, disse ele.

E para os educadores dessas obras sociais, o que a senhora gostaria de dizer?
Lembrem-se, queridos educadores das obras sociais da RSB, que vocês têm uma missão muito preciosa de acompanhar as crianças, os jovens e suas famílias para que possam ter vida plena como seres humanos e cidadãos, construtores de um mundo mais próximo do sonho de Deus para a humanidade. Continuem gerando vida com sua fé na bondade, na beleza e na verdade dos seres humanos. Obrigada pelo que vocês são e pelo que vocês fazem. O mundo é melhor por causa do seu amor pelos mais frágeis, pelos mais vulneráveis; é melhor por causa da sua confiança no devir humano e da sua esperança inabalável em novos começos.

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