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Dom Bosco e o voluntariado salesiano: uma proposta de cidadania e de cuidado com o próximo

“Em suas práticas educativas, Dom Bosco não estava sozinho: ele sempre chamava colaboradores para ajudarem em sua missão”.
José Cleudo Matos Cardoso

Dom Bosco, em sua máxima “formar bons cristãos e honestos cidadãos”, nos mostra que a formação holística do ser humano passa pela gratuidade e generosidade, pelo cuidado e atenção para com o próximo. Desta forma, o nosso pai e fundador nos aponta o voluntariado como meio de compromisso humano e social, promovendo valores essenciais como a cidadania e a solidariedade, para que, assim, possamos contribuir para a construção de uma sociedade em que as barreiras da indiferença e do distanciamento sejam rompidas, tendo como principal destinatária a juventude.

Em suas práticas educativas, Dom Bosco não estava sozinho: ele sempre chamava colaboradores para ajudarem em sua missão. O convite que Dom Bosco fez para ajudar no seu trabalho educativo-pastoral também se integra na perspectiva do Sistema Preventivo, pois a proposta de voluntariado que ele promoveu tem Jesus Cristo, o Bom Pastor, como modelo e guia, com ações que visam ao bem-estar físico, psíquico, social, cultural e espiritual dos jovens, tendo como meta a salvação deles.

E como dizia Dom Bosco: “A vida é muito breve. É preciso fazer logo o pouco de bem que se pode fazer, antes que a morte nos surpreenda”.

Um grande exemplo de voluntariado
Dom Bosco por si só foi um grande voluntário pela causa da juventude, doando-se incondicionalmente, entregando o seu tempo, as suas energias e a sua vida diante desse propósito. Logo, a sua escolha existencial para os jovens o impulsionava a se dedicar inteiramente a eles, que encontravam no seu coração e no seu oratório um espaço de acolhimento. Dessa forma, quando olhamos para Dom Bosco como voluntário, vemos que ele está a serviço, assim como Nossa Senhora com a sua prima Santa Isabel, que “partiu apressadamente para a região montanhosa” (cf Lc 1, 39b).

Um dos fatos mais impressionantes de voluntariado que Dom Bosco promoveu foi o que ocorreu na epidemia de cólera em Turim, na Itália, em 1854. Muitas pessoas não queriam se envolver com medo de adoecerem, já que a cólera era contagiosa. Dom Bosco convocou seus meninos para serem voluntários diante desse problema sanitário. Ele prometeu que nenhum deles seria contaminado – e de fato nenhum deles adoeceu – e eles, voluntariamente, ajudaram a salvar muitas vidas. Aprendemos com isso que a ação voluntária salva vidas!

É assim que funciona o voluntariado: é um entregar-se ao outro, é uma solicitude que se dispõe em ajuda, colocando seus dons a serviço de uma causa. Por sua vez, o voluntariado salesiano se insere dentro do contexto do “educar evangelizando e evangelizar educando”, pois o nosso voluntariado não se configura como assistencialismo, mas como dedicação e doação.

Caridade educativa e pastoral
O agir voluntário que Dom Bosco nos propõe está inserido na praxe da caridade pastoral. Juan Edmund Vechi, em seu livro “Espiritualidade Salesiana”, comenta: “A caridade pastoral salesiana é uma caridade pedagógica. É um amor que sabe criar uma relação educativa”. Nesse sentido, percebemos que o voluntariado salesiano se baseia nessa caridade pastoral-pedagógica, pois além de vivenciar o Evangelho, há uma promoção da vida.

Outrossim, como ainda diz o autor citado: “A caridade pedagógica demonstra ardor, mas também tato, bom senso, medida e afeto”. Desse modo, concluímos que o voluntariado salesiano é presença significativa entre os jovens, deixando-se interpelar pelos anseios que eles apresentam, sendo uma experiência comunitária que se funda numa proposta educativa-pastoral, sendo também uma relação de cuidado com o próximo, de valorização à vida, fortalecendo os vínculos comunitários, numa perspectiva de ação transformadora por meio do encontro com as juventudes, com foco no seu protagonismo.

Assim, o voluntariado salesiano é uma proposta de ação com intencionalidade pedagógica em que a solidariedade se liga aos diversos modos de educar o ser humano, relacionando-se com a cidadania, participação social e vivência dos valores do Evangelho. Portanto, é uma oportunidade de responsabilidade social e de evangelização, de envolvimento e de comprometimento, tendo Jesus como referência, como está nos Atos dos Apóstolos: “E Jesus passou fazendo o bem” (cf. Atos 10, 38).

E como dizia Dom Bosco: “A vida é muito breve. É preciso fazer logo o pouco de bem que se pode fazer, antes que a morte nos surpreenda”.

José Cleudo Matos Cardoso é psicólogo (CRP 11/18908) e teólogo pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) e atua no Colégio Salesiano São Gonçalo de Cuiabá, MT.

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