Missões

Família Salesiana na defesa dos direitos dos povos indígenas

A ação política da Família Salesiana em favor dos setores socialmente mais vulneráveis da população é bem exemplificada na presença em organismos da Igreja que defendem os direitos dos povos indígenas e a preservação da Amazônia.
Com informações: CNBB, Inspetoria Missionária da Amazônia e Missão Salesiana de Mato Grosso

Nos dias 19 a 22 de agosto, foi realizado em Manaus, AM, o V Encontro da Igreja na Amazônia Legal, que reuniu os bispos e outros representantes das 58 igrejas locais que fazem parte da região sob o tema “A Igreja que se fez carne, alarga sua tenda na Amazônia: Memória e Esperança”. Organizado pela Comissão Episcopal Especial para a Amazônia e a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), o encontro foi uma oportunidade para refletir sobre como a Igreja pode contribuir na proteção do meio ambiente e na promoção dos direitos dos povos originários da região.

Como destacou na abertura do encontro a vice-presidente da REPAM, Ir. Maria Carmelita Conceição, FMA, o evento possibilitou aos participantes “ver o que fazer e como nos posicionar (como Igreja) diante de tantos desafios”. Ir. Carmelita destacou como um desses grandes desafios uma das principais preocupações no âmbito político internacional: a seca na região amazônica, provocada pela crise climática, e para a qual a Igreja é desafiada a “dar um sinal de vida e esperança na Amazônia”.

FOTOS: Joelma Viana e Natália Mitie – REPAM

REPAM
A Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) celebrou em setembro dez anos de caminhada. Ela foi criada em 2014 com o desejo de “unir esforços para enfrentar questões cruciais como a defesa dos direitos humanos, a proteção dos territórios e a promoção de uma justiça socioambiental mais equitativa, integrando a voz dos povos indígenas, tradicionais e das populações locais às iniciativas e decisões que orientam seu presente e seu futuro”.

Ir. Carmelita é inspetora da Inspetoria Nossa Senhora da Amazônia, das Filhas de Maria Auxiliadora, e foi eleita em 2022 como vice-presidente da REPAM, juntamente com o presidente da entidade, dom Rafael Cob García, do Equador, e de outros dois vice-presidentes: a indígena peruana Yesica Patiachi e o bispo dom David Martínez de Aguirre, também do Peru. A participação ativa de Ir. Carmelita na REPAM é bem representativa da presença salesiana nos organismos da Igreja que defendem os povos indígenas e a preservação da Amazônia.

FOTOS: MSMT

Junto ao CIMI e aos povos indígenas
A Missão Salesiana de Mato Grosso (MSMT) tem, desde suas origens, uma forte atuação na defesa dos direitos dos povos indígenas. Essa atuação foi relembrada na Assembleia Regional do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), realizada nos dias 22 a 27 de julho em Diamantino, MT. Além de celebrar os 50 anos do CIMI na região de Mato Grosso, a assembleia focou as discussões no fortalecimento das comunidades indígenas, promovendo a autonomia e a preservação das suas culturas e tradições.

Ir. Mário Bordignon, SDB, que foi duas vezes coordenador regional do CIMI em Mato Grosso, participou do evento. Segundo ele, a “assembleia está em um momento histórico. O contexto da política indigenista, embora o governo tenha mudado, a situação está muito crítica”. O Salesiano Irmão destaca sua preocupação para defender melhor a causa indígena, uma vez que a “situação não está nada favorável, pelo contrário, está bem adversa”.

O missionário salesiano padre Joseph Tran Van Lich também participou da assembleia e refletiu com grande entusiasmo sobre a importância desse momento: “É uma grande alegria ouvir e olhar a visão dos missionários do CIMI, de pessoas de outras congregações que estão atuando com os povos indígenas, com sua luta, sua vida diária”. Para ele, a reunião do CIMI “fez fortalecer a missão salesiana de dar continuidade e enfrentar os novos desafios, pois sabemos que tem uma organização da Igreja que está caminhando junto conosco”.

História do Conselho Indigenista Missionário
O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) foi fundado em 1972, durante a ditadura militar no Brasil, como um organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Seu surgimento se deu em um contexto de crescente pressão e violência sobre os povos indígenas, resultante de políticas governamentais de expansão e integração que desconsideravam os direitos e a cultura dos povos originários. Desde o início, o CIMI se dedicou à defesa dos direitos dos indígenas, apoiando suas lutas por terra, autonomia e reconhecimento cultural.

A primeira Assembleia dos chefes indígenas junto à Igreja em Mato Grosso aconteceu em Diamantino, MT, há 50 anos. Sebastião Carlos Moreira, que foi coordenador do CIMI Regional MT por três mandatos, destaca que é muito significativo comemorar essa data, porque ela celebra o protagonismo dos chefes indígenas.

FOTOS: MSMT

Visita à Terra Indígena Enawene Nawe
Outro exemplo recente da ação da MSMT, também realizada em parceria com outras entidades da Igreja e da sociedade e, principalmente, com a voz ativa das próprias lideranças indígenas, foi a visita do Diácono José Alves, SDB, à Terra Indígena Enawene Nawe, MT, nos dias 18 a 21 de setembro.

José Alves participou de um grupo composto por representantes de diversas entidades, que visitou o local com o objetivo de discutir com a comunidade indígena questões relacionadas a educação, saúde, território e sustentabilidade. O grupo, que contou com o apoio logístico da Defensoria Pública do Estado, foi recebido por dom Neri José Tondello, bispo da Diocese de Juína e referência para as causas indígenas no Regional Oeste 02.

“Visitar essa etnia e região pela primeira vez, para mim, foi um grande presente de Deus”, declarou o missionário salesiano. Além de dom Neri e do diácono José Alves, a equipe contou com a presença de diversas lideranças e representantes de instituições, como Fundação Nacional do Índio (FUNAI), Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso e Conselho Indigenista Missionário (CIMI). Ao final, todos os participantes enfatizaram a importância da troca de conhecimentos e da continuidade do diálogo entre as entidades e a comunidade indígena, visando enfrentar os desafios ambientais e territoriais.

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