Projeto Pessoal de Vida

Capítulo Geral 29: profecia e esperança

O salesiano padre João Mendonça participou do 29º Capítulo Geral da Congregação Salesiana como representante da Inspetoria São Domingos Sávio, de Manaus, e relata como foram esses intensos dias de reflexão e deliberação.
Pe. João Mendonça, SDB

De 16 de fevereiro a 12 de abril de 2025, aconteceu o 29º Capítulo Geral dos Salesianos de Dom Bosco, cujo tema foi: “Apaixonados por Jesus Cristo, dedicados aos jovens, para uma vivência fiel e profética da nossa vocação salesiana”. O Capítulo realizou-se na Casa Mãe, fundada por São João Bosco no ano de 1846, em Valdocco/Turim. Nesse cenário histórico e carismático, 230 capitulares, representantes de 92 Inspetorias e de 132 países, refletimos sobre o momento histórico de nossa missão à luz da sinodalidade.

O cenário
O ambiente da fundação, Oratório Festivo de Valdocco, com a reforma tida em 2020, que colocou mais em evidência os lugares históricos e o museu salesiano com objetos das origens, além dos lugares da cidade por onde Dom Bosco passou, formavam um cenário que nos ajudou a mergulhar nas fontes genuínas do carisma. Revisitar as fontes é beber da água pura do carisma fundacional e, ao mesmo tempo, avançar, movidos pelo Espírito Santo, que é o autor desse movimento espiritual e carismático.

Não nos foram indiferentes as peregrinações aos lugares históricos salesianos. Sempre aos domingos, tínhamos a possibilidade de realizar em grupos guiados a visita a um lugar que marcou nossa história e a expansão do carisma. Não posso deixar de citar a peregrinação à cidade de Gênova, exatamente ao porto de onde saíram os primeiros missionários rumo à Argentina, em 1875. Foi um momento mágico e de grande emoção. Depois, a visita à obra de Sampierdarena, planejada e querida por Dom Bosco para ser uma extensão da obra de Valdocco. Ali ele esteve por 48 vezes. Sua presença é marcante na cidade.

Também foi significativa a peregrinação ao Monferrato, visita à primeira casa fora de Turim, o pequeno seminário São Carlos, em Mirabello, fundado em 1863, ligado a salesianos da primeira hora: padre Miguel Rua, diretor e depois primeiro sucessor de Dom Bosco (1888-1910); a cidade de Lu Monferrato, de onde veio padre Felipe Rinaldi, terceiro sucessor (1922-1931); Mirabello, cidade onde nasceu o padre Pedro Ricaldone, quarto sucessor (1932-1951). As visitas aos ambientes da própria cidade de Turim, que acolheu Dom Bosco de 1841 a 1888, e a outros lugares também foram importantes para nosso discernimento.

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Guiados pelo “diálogo no Espírito”, fruto do Sínodo sobre a Sinodalidade, mergulhamos na escuta atenta de Deus

O processo capitular
Iniciamos o Capítulo com o retiro espiritual. Dias intensos de escuta, oração, silêncio. Padre Pascual Chávez Villanueva, Reitor-Mor emérito, foi o orientador. Com sua experiência e sabedoria, soube nos colocar diante da Palavra de Deus, do caminho de Emaús, do diálogo com Jesus Ressuscitado. Na medida em que avançava o retiro, o coração de cada um de nós se abria aos apelos de Deus, que pedia de nós, fidelidade criativa, ousadia, profecia e esperança.

As missas, celebradas todas as manhãs do retiro na Basílica Maria Auxiliadora, davam a todos o sabor de contemplar a beleza daquele monumento indicado por Maria a Dom Bosco, querido por ele e concretizado entre os anos de 1862 a 1868. O quadro de Maria Auxiliadora, no seu esplendor, expressa muito bem o que significa para nós a devoção à Virgem de Dom Bosco, a Auxiliadora.

Após o retiro, tivemos uma semana de relação sobre o estado atual da Congregação e avaliação do governo passado. Todas as manhãs, por grupos linguísticos, nos encontrávamos em capelas preparadas para favorecer a meditação e a celebração eucarística. Um clima de comunhão diária, união com Deus e partilha na oração. Guiados pelo “diálogo no Espírito”, fruto do Sínodo sobre a Sinodalidade, mergulhamos na escuta atenta de Deus. Utilizamos o método “escuta – interpretação – opções”, trabalhado em pequenos grupos e em seis comissões. A escuta de cada um, sem julgar, foi um passo importante para caminharmos em fraternidade e diversidade, no respeito recíproco.

A compreensão do estado da Congregação abriu nossas mentes para a necessidade de mudança. Não uma mudança movida pelo modismo, mas pelos apelos dos tempos atuais. Não poderíamos ficar em especulações abstratas, muito menos em formalismos ou, pior ainda, imóveis diante da realidade que nos era apresentada, mas o Espírito pedia mais, pedia coragem, pedia resposta pronta e criativa.

As eleições
O clima salesiano de fraternidade, a assessoria segura e sábia do padre Cencini, os diálogos formais e informais, tanto nos pequenos grupos como nas comissões, foram delineando os caminhos que deveríamos percorrer na escolha do Conselho Geral. O primeiro gesto profético foi escolher o Reitor-Mor: fomos buscá-lo fora da aula capitular, pois o nome do padre Fabio Attard ecoava em nossos corações e diálogos. Sentíamos que o 11º sucessor de Dom Bosco deveria ser um homem provado na missão, com identificação com a Pastoral Juvenil, de maturidade de governo e capacidade de criar comunhão na diversidade complexa da Congregação.

Desde o início das sondagens o nome dele apareceu como o mais provável. Na votação final, dia 25/03, o desejo do capítulo foi expresso. Faltava somente a resposta do eleito. O presidente do capítulo, padre Stefano Martogllio, até então vigário, chamou ao telefone. A resposta foi imediata: aceito! Um grande grito de viva e aplausos ecoaram na sala capitular. Na sua chegada, os aplausos o acompanharam da entrada até a profissão de fé. Estávamos todos felizes com aquela escolha. Dom Bosco estava entre nós na pessoa do seu 11º sucessor, padre Fábio Attard.

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