O mês de maio em nossas obras sempre foi especial: para nós, salesianos, e para nossos destinatários é um tempo de muita criatividade em homenagens à nossa Mãe Auxiliadora.
No volume XII das Memórias Biográficas, que fala da “Novena e festa de Maria Santíssima Auxiliadora” no Oratório de Valdocco (Turim) no ano de 1876, encontramos vários fatos interessantes. Um deles está no livro que Dom Bosco escreveu intitulado: Maria Auxiliadora com a narrativa de algumas graças.
Apresentou-se a Dom Bosco um médico perito na sua profissão, mas incrédulo, e lhe disse:
– Ouço dizer que o senhor cura todo tipo de doenças.
– Eu? Não!
– E, no entanto, me garantiram, citando-me também o nome das pessoas e o tipo de doença.
– Enganaram-no. É verdade que se me apresentam pessoas desejosas de obter semelhantes graças para si ou para seus conhecidos, por intercessão de Maria Auxiliadora, fazendo tríduos ou novenas ou orações, com algumas promessas a cumprir se obtiveram a graça; mas nestes casos as curas acontecem por obra de Maria Auxiliadora e não, certamente, por virtude minha.
– Então cure-me também e acreditarei também eu nestes milagres.
– De que doença Vossa Senhoria está padecendo?
O doutor sofria de epilepsia. Há um ano, os ataques se repetiam tão frequentes que ele não ousava sair sem ser acompanhado. Os tratamentos nada adiantavam. Sentindo-se piorar cada dia mais, vinha até Dom Bosco, na esperança de obter finalmente a tão suspirada cura.
– Pois bem, faça também o senhor como os outros. Ponha-se aqui de joelhos, reze comigo algumas orações e disponha-se a purificar a alma com os sacramentos da confissão e da comunhão e verá que Nossa Senhora o consolará.
– Determine-me outra coisa porque o que me diz não posso fazer.
– Por que?
– Porque seria para mim uma hipocrisia. Eu não acredito nem em Deus, nem em Nossa Senhora, nem em oração, nem em milagres.
Dom Bosco ficou consternado. Mas, tanto fez que, com a graça de Deus, o incrédulo ajoelhou-se, fez o sinal da cruz e em seguida, levantando-se, disse:
– Fico pasmo por ainda saber fazer este sinal que há quarenta anos não faço mais.
– Além disso, prometeu que se prepararia para confessar-se.
E manteve a palavra. Apenas confessado, teve a sensação de estar curado. De fato, não foi mais surpreendido por ataques epiléticos, enquanto antes no dizer de seus familiares, eram frequentes e terríveis a ponto de fazer sempre temer um caso mortal. Após pouco tempo, veio à Igreja de Maria Auxiliadora, aproximou-se da mesa sagrada, nem quis esconder seu contentamento por ter sido reconduzido desse modo da incredulidade à fé.
Nessa época, em Turim, a comemoração do dia 24 de maio, dedicado a Nossa Senhora Auxiliadora, tornava-se a cada ano mais popular. No tríduo dedicado a Ela, Dom Bosco via uma afluência extraordinária de paroquianos. Muitos se apresentavam na sacristia para ter a bênção de Dom Bosco, que ele dizia ser a bênção de Maria Auxiliadora. A Maria Auxiliadora, alguém agradecia por graças alcançadas, alguém pedia graças que esperava receber, e quantos eram atendidos! Em dois fascículos das Leituras Católicas, um de maio de 1877 e outro de maio de 1878, leem-se bem umas 59 relações de graças recebidas no ano de ’76; mas quantas outras houve que não foram ali registradas!
Oração e reflexão
“Maria é a concreta realização do perfeito cristão.
Maria é uma como nós.
Jesus Cristo é outrossim um como nós, mas Ele é também Deus.
Maria, esta sim, é que é inteiramente uma entre nós.
O que Ela é, nós devemos sê-lo.
É por isso que Maria nos é tão familiar.
É por isso que nós A amamos”.
(Karl Rahner)
Padre Osmar A. Bezutte, SDB, é revisor da nova tradução das Memórias Biográficas de São João Bosco (Editora Edebê).