Automação, inteligência artificial, realidade aumentada, gamificação, computação nas nuvens e Internet das coisas são algumas das tendências que hoje se visualiza para os profissionais do futuro (Shafique et al., 2020). Em um cenário assim, é imprescindível “educar para a mediação tecnológica”, como uma das áreas de intervenção educomunicativa.
Isso inclui não apenas o uso imediato das tecnologias disponíveis, mas uma ampla compreensão da lógica da rede, que permita a resolução de problemas, o uso e compreensão de diferentes linguagens, a criatividade, a inovação e o alto nível de capacitação e qualificação profissional. A compreensão de que a aprendizagem se dá ao longo da vida é algo que ainda precisa ser interiorizado e assimilado pelos educadores para que possam proporcionar uma educação aberta e de acordo com as atuais necessidades.
Grandes desafios
Um dos grandes desafios da educação para a mediação tecnológica é transformar a informação em conhecimento, o que exige uma série de competências e um amplo trabalho de reflexão. O conhecimento é um dos fatores centrais, possivelmente o mais importante para o desenvolvimento econômico da sociedade. A grande brecha digital que se apresenta entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento está ligada aos esforços e à capacidade de investir em ciência e tecnologia.
“O risco de uma lacuna científica existe a partir do momento em que os governantes não decidem considerar a ciência e a tecnologia como um investimento econômico e humano de primordial importância” (Unesco, 2005). Também aqui faz-se necessário pensar em “educação para a mediação tecnológica”, pois além da vontade política, há um compromisso da sociedade civil, que tem o dever de exigir e engajar-se com as políticas públicas locais, regionais e nacionais.
Educação salesiana
Os ambientes educativos salesianos, que tradicionalmente primam pelo ensino de alta qualidade, precisam se apropriar dessa dimensão tecnológica, não recebendo tudo de forma passiva, mas apropriando-se de forma consciente, crítica e criativa das inovações que nortearão o futuro de nossa sociedade.
Assim, para um desenvolvimento social sustentável, a educação precisa oferecer para crianças, adolescentes e jovens um currículo que tenha em vista o desenvolvimento de “competências, conhecimentos e atitudes que permitam aos cidadãos conhecerem, compreenderem e fazerem uso adequado” (Aguaded et al., 2021) das tecnologias existentes em seus diferentes suportes e formatos.
De forma concreta, a mediação tecnológica tem um amplo espaço de implementação nas instituições educativas, que podem desenvolver ações como:
• Projetos que possibilitem aos estudantes compreender e utilizar adequadamente as tecnologias, desde as mais básicas até as mais complexas: oficinas de digitação e diagramação textual, utilização de softwares de pesquisa, criação de jogos on-line, páginas web, canais ou redes sociais para difusão do conhecimento, debate ou formação de opinião, programas de edição de vídeo, áudio, imagem, criação de revista, conhecimento das linguagens de programação, robótica etc.
• Projetos que visem a leitura crítica dos meios, análise de jornais, revistas, redes sociais; estudos sobre o funcionamento do sistema de algoritmos, sua relação com a ética e sua influência no dia-a-dia, entre outros.• Projetos de criação de animação 2D, 3D e outras inovações tecnológicas disponíveis.
• Projetos voltados para o uso consciente, crítico, criativo e adequado da inteligência artificial – IA – identificação de conteúdo falso e fraudulento.• Projetos que permitam o desenvolvimento de softwares de criação de conteúdo, o aprofundamento da lógica de programação e que possibilitem a superação de problemas locais na lógica dos direitos humanos.• Projetos que permitam a compreensão de como funcionam os algoritmos, as redes sociais, os filtros e “bolhas” de conteúdos digitais.