Encíclica

“Amou-nos”: a encíclica do Papa Francisco sobre o Sagrado Coração de Jesus

No dia 24 de outubro, o Papa Francisco lançou a quarta encíclica do seu pontificado: Dilexit nos (Amou-nos), que percorre a tradição e a atualidade da devoção ao Sagrado Coração de Jesus.
Com informações: Vatican News

A encíclica Dilexit nos convida “a renovar sua autêntica devoção para não esquecer a ternura da fé, a alegria de colocar-se a serviço e o fervor da missão: porque o Coração de Jesus nos impele a amar e nos envia aos irmãos”.

O Papa Francisco explica que, ao encontrar o amor de Cristo, “tornamo-nos capazes de tecer laços fraternos, de reconhecer a dignidade de cada ser humano e de cuidar juntos da nossa casa comum”, como ele nos convida a fazer em suas encíclicas sociais Laudato si' e Fratelli tutti (217). Diante do Coração de Cristo, pede mais uma vez ao Senhor “que tenha compaixão desta terra ferida” e derrame sobre ela “os tesouros da sua luz e do seu amor”, para que o mundo, “que sobrevive entre guerras, desequilíbrios socioeconômicos, consumismo e o uso anti-humano da tecnologia, recupere o que é mais importante e necessário: o coração” (31).

A importância do coração
A encíclica é aberta por uma introdução e composta por cinco capítulos, que revisitam e buscam renovar a devoção ao Sagrado Coração de Jesus entre os cristãos.

O primeiro capítulo, “A importância do coração”, explica por que é necessário “voltar ao coração” em um mundo no qual somos tentados a “nos tornarmos consumistas insaciáveis e escravos na engrenagem do mercado” (2). Para isso, o Papa Francisco retoma o significado do “coração” na Bíblia e ressalta que a atual desvalorização do coração nasce do “racionalismo grego e pré-cristão, do idealismo pós-cristão e do materialismo”. No pensamento filosófico, afirma ele, foram preferidos conceitos como “razão, vontade ou liberdade”. Não encontrando lugar para o coração, também “não se desenvolveu suficientemente a ideia de um centro pessoal” que pode unificar tudo, ou seja: o amor (10).

É o coração “que une os fragmentos” e torna possível “qualquer vínculo autêntico, porque uma relação que não é construída com o coração não pode ultrapassar a fragmentação do individualismo” (17). A espiritualidade de santos como Inácio de Loyola (aceitar a amizade do Senhor é uma questão de coração) nos ensina, escreve o Papa Francisco, que “perante o Coração de Jesus vivo e atual, o nosso intelecto, iluminado pelo Espírito, compreende as palavras de Jesus” (27). E isso tem consequências sociais, porque o mundo pode mudar “a partir do coração” (28).

“O amor do coração de Jesus não compreende somente a caridade divina, mas se estende aos sentimentos do afeto humano” (61).

Gestos e palavras de amor
O segundo capítulo é dedicado aos gestos e palavras de amor de Jesus Cristo. Os gestos com os quais nos trata como amigos e mostra que Deus “é proximidade, compaixão e ternura” são vistos em seus encontros com a Samaritana, com Nicodemos, com a prostituta, com a mulher adúltera e com o cego no caminho (35). Sua palavra de amor mais eloquente é ser “pregado numa cruz” (46), depois de chorar por seu amigo Lázaro e sofrer no Jardim das Oliveiras, ciente de sua própria morte violenta “nas mãos daqueles que tanto amava” (45).

Este é o coração que tanto amou
“Este é o coração que tanto amou”, terceiro capítulo da encíclica, apresenta como a Igreja refletiu no passado e reflete hoje a devoção ao Sagrado Coração. O Papa Francisco explica que não se trata de um culto a um órgão separado da Pessoa de Jesus, porque adoramos a “Jesus Cristo por inteiro, o Filho de Deus feito homem, representado numa imagem sua em que se destaca o seu coração” (48). A imagem do coração de carne, ressalta o Papa, nos ajuda a contemplar que “o amor do coração de Jesus não compreende somente a caridade divina, mas se estende aos sentimentos do afeto humano” (61).

O amor que dá de beber
No quarto capítulo, “O amor que dá de beber”, o Papa Francisco relê as Sagradas Escrituras e, com os primeiros cristãos, reconhece Cristo e seu lado aberto como uma fonte aberta para o povo, para saciar a sede do amor de Deus, “para a purificação do pecado e da impureza” (95).

Neste capítulo, Francisco também apresenta as visões de alguns santos particularmente devotos do Coração de Jesus, como São Francisco de Sales, que representa a sua proposta de vida espiritual com um “coração trespassado por duas flechas, encerrado numa coroa de espinhos” (118). Recorda ainda Santa Margarida Maria Alacoque, Santa Teresa de Lisieux, Santo Inácio de Loyola e Santa Faustina Kowalska.

Amor por amor
O quinto e último capítulo, “Amor por amor”, aprofunda a dimensão comunitária, social e missionária da verdadeira devoção ao Sagrado Coração de Cristo, que, ao mesmo tempo, “nos conduz ao Pai e envia-nos aos irmãos” (163).

A encíclica recorda, com São João Paulo II, que “a consagração ao Coração de Cristo ‘deve ser aproximada à ação missionária da própria Igreja, porque responde ao desejo do Coração de Jesus de propagar no mundo, através dos membros do seu Corpo, a sua total dedicação ao Reino’. Por conseguinte, através dos cristãos, ‘o amor difundir-se-á no coração dos homens, para que se construa o Corpo de Cristo que é a Igreja e se edifique uma sociedade de justiça, de paz e de fraternidade’” (206).

A oração de Francisco
O texto da encíclica é concluído com uma oração escrita pelo Papa Francisco, que você pode acompanhar AQUI:

Leia AQUI a íntegra da Encíclica Dilexit nos

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