Juventude tem Pauta

Temos um amigo!

Na relação com Jesus, a lógica deve ser outra. Ninguém é substituível. Ele conhece cada um de nós; conhece nossas singularidades e nos convida a sermos seus amigos.
Me. Fernando Campos Peixoto, SDB / Foto: istock - Liudmila Chernetska

Querido e querida jovem, o Papa Francisco, em sua carta encíclica sobre o amor humano e divino do coração de Jesus (Dilexit nos – Amou-nos), logo no início, recorda-nos esta bonita passagem do Evangelho segundo João (15,15), onde Jesus diz: “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor. Eu vos chamo amigos [...]”. Neste momento, Jesus se apresenta sob uma nova perspectiva: para os seus, ele está não como um senhor que ordena, que cobra demasiadamente o impossível, que impõe fardos pesados, estando sempre numa postura de superioridade, cujo único sentido da relação é a obediência sem problematização; ao contrário, ele está como precioso amigo, como aquele que se deixa conhecer.

Geralmente, na relação entre quem manda e quem obedece, aquele que manda não espera nada mais do subordinado do que o seu serviço. Se este ou aquele não oferece alguma utilidade, é facilmente dispensado, descartado, colocado à margem. Muitas vezes, com relação ao serviçal, aquele que manda, que dita as regras, não sabe sequer o nome. Ainda hoje é assim, muitos gestores trabalham nas empresas sem sequer saber os nomes daqueles que colaboram para o bom andamento do trabalho. Neste caso, as relações são inexistentes e, quando muito, são frias. Não há espaço para o diálogo e para o conhecimento do outro.

Nessa relação, normalmente, interessa apenas a utilidade do ser humano, aquilo que ele pode colocar à disposição para que algum serviço seja realizado. Se alguém não consegue responder à altura, do modo que se espera, é logo dispensado, trocado. E vem à tona um ditado que muito tem se popularizado e disseminado entre nós: que “ninguém é insubstituível”.  

Ninguém é substituível
Na relação com Jesus, a lógica deve ser outra. Ninguém é substituível. Ele conhece cada um de nós; conhece nossas singularidades e nos convida a sermos seus amigos. O evangelista João narra uma das ações mais bonitas de Jesus: quer ser nosso amigo. Quando expressa essa sua vontade, quer dizer para cada um e cada uma de nós que Ele quer ser mais próximo, estar mais perto, como um amigo. Quer nos conhecer, adentrar o nosso coração, saber a nossa realidade, não para julgar e punir, mas para nos entender e nos amar.

Quando Jesus diz que já não deseja que sejamos seus servos, mas seus amigos, Ele decide que o seu coração misericordioso e fraterno está plenamente aberto para nós. Ele quer que O conheçamos, que entendamos os seus atos, as suas ações, seus pensamentos e o seu coração generoso e acolhedor. Neste momento, não somos nós que vamos até Ele, mas Ele que vem até cada um nós e se abre a nós inteiramente.

istock / Yuri Arcur

Não espere grandes momentos para viver a sua relação de amizade com Deus. Deus está no cotidiano de nossa vida, e quer ser nosso amigo agora.

Os amigos têm facilidade na abertura, gostam de se encontrar, contar as novidades da vida, expressar as dificuldades, festejar as alegrias, compartilhar as dúvidas, apresentar os anseios, vibrar com os novos projetos. Amigos não têm segredos, partilham tudo, colocam à mostra o que têm em comum. Amigos não temem ser corrigidos, pois na relação de cumplicidade, os erros são também apontados. Amigos comemoram a conquista de cada um como se fosse a sua, não há espaço para sentimentos de superioridade.  

Amigos conhecem-se mutuamente. Conhecem até os pais do outro e suas histórias, amigos passam a fazer parte da família de um modo único, passam a ser amados e benquistos pelos familiares. Na amizade há interesse, há reciprocidade, há carinho e cuidado. Nunca é vivida só por uma pessoa, pode até haver amizade entre mais de duas pessoas, mas nunca somente com uma pessoa.

É tempo de conhecer Jesus
Querido e querida jovem, tudo isso é amizade, e é a essa relação bonita e singular que Jesus nos convida. Temos um amigo! É tempo de conhecer Jesus. E você pode se perguntar: como conhecer Jesus mais de perto? Uma grande dica: escolha um dos Evangelhos e leia (medite) um capítulo por dia; isso não levará mais que 10 minutos. Será um momento privilegiado para que você conheça cada vez mais Jesus, que te chama para ser amigo. Anote uma característica de Jesus que te chamou a atenção durante a meditação. Por exemplo: para a samaritana, Jesus foi um excelente ouvinte.

Ao longo do dia, converse com Deus, apresente, ainda que mentalmente, suas alegrias, suas dificuldades, seus projetos. Por exemplo, você pode dizer: “Querido Pai, hoje eu estou muito feliz porque consegui um novo emprego, que o seu Espírito Santo me conduza neste novo momento e me dê sabedoria”. Sabe o nome dessa prática? Oração! Isso mesmo, oração significa um diálogo com Deus. A oração pode ser feita ao longo do dia, em diversos momentos, é uma abertura do seu coração Àquele que deseja ser seu amigo.

Viu como é simples? Sem grandes sacrifícios, você conseguirá ser amigo de Deus, conhecendo a vida de Jesus por meio do Evangelho e dialogando com Deus ao longo do dia, apresentando seu coração como ele está. Não deixe essa oportunidade passar. Não espere grandes momentos para viver a sua relação de amizade com Deus. Deus está no cotidiano de nossa vida, e quer ser nosso amigo agora.

Aproveite este novo ano de 2025 para começar e/ou estreitar seus laços de amizade com Jesus. Cada novo ano é um convite para revermos nossos atos, nossos projetos, nosso modo de ser e de viver. Sigamos o exemplo de São Domingos Sávio que, em sua vida, firmou um bonito propósito: “Meus amigos serão Jesus e Maria”.

Que Deus abençoe seu novo ano, que seu 2025 seja cheio de conquistas e alegrias e que você não se esqueça: temos um amigo!

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