Em 27 de abril de 2025, durante o Jubileu dos Adolescentes, será celebrada a canonização do jovem Carlos Acutis, primeiro santo dos “millenials”. Acutis é considerado o influencer de Deus e foi responsável por criar e disponibilizar na internet uma belíssima e detalhada exposição dos milagres eucarísticos. O exemplo de Acutis ilustra como é possível criar conteúdo significativo que ultrapassa as fronteiras geográficas e culturais. A exposição que o jovem santo criou circula hoje pelos cinco continentes e está disponível oficialmente em seu site em 19 línguas.
Assim como Carlos Acutis, há inúmeros exemplos de jovens que utilizam as mídias digitais para a criação de conteúdos voltados para a reinvindicação e consolidação dos direitos humanos, a formação de grupos de voluntariado, a discussão de temáticas da atualidade, o exercício da cidadania nas mais diferenciadas esferas e aspectos da vida. São movimentos e ideias que partem de indivíduos e grupos que podem virar tendências e influenciar milhares de outros jovens a fazerem o bem e a engajarem-se de forma crítica, criativa e positivamente em todo o mundo.
Os jovens geralmente se sentem atraídos pelas mídias digitais e muitos deles são produtores de conteúdo. Os maiores influencers das redes sociais são crianças, adolescentes e jovens e isso traz inúmeras preocupações para pais e educadores. Primeiro, pelo tempo que gastam dedicando-se à produção e divulgação de conteúdo em detrimento de outras atividades que são importantes para o seu desenvolvimento integral e, em segundo lugar, pela qualidade e significatividade do conteúdo que produzem. Nesse sentido, é muito importante que os educadores e instituições que trabalham com esses públicos estejam atentos e dediquem-se a acompanhá-los nos processos de produção de conteúdo.
Esse acompanhamento inclui diversos aspectos como:
●Qualidade técnica e estética do material produzido, elemento que é muito apreciado pelos seus pares e condição para que o conteúdo seja viralizado;
● Cuidado com as visões de mundo e atitudes que transmitem e instigam, de modo que estejam de acordo com os direitos humanos e os valores cristãos;
●Capacidade de gerar engajamento não apenas on-line, mas também nas realidades concretas em que as pessoas estão inseridas. Que sejam conteúdos voltados para a transformação da sociedade a partir de uma visão humanista, preocupada com as grandes questões ecológicas, sociais, políticas, econômicas, culturais e religiosas que estão na pauta do dia;
● Cuidado com a dignidade humana da pessoa que produz o conteúdo e, também, daqueles a quem o conteúdo se refere, procurando evitar a criação de estereótipos, a difusão de preconceitos e de condutas violentas e prejudiciais ao ser humano, tais como o consumismo, a objetificação da pessoa, a superficialidade de conhecimento, as visões reducionistas e fundamentalistas que perpassam os conteúdos e que infelizmente, muitas vezes, viralizam nos dias de hoje;
●Preocupação com a vida democrática, a inserção ativa, criativa e pacífica nos debates da esfera pública, para que as mídias digitais não sejam espaços de alienação e distanciamento da realidade, mas, ao contrário, novos pátios que reúnem amigos e permitem a formação de grupos com interesses semelhantes e que funcionam como forças impulsionadoras do bem nos quais “jovem evangeliza jovem”.
Aos adultos que acompanham os jovens nos espaços virtuais é importante que tenham uma visão realista das mídias: nem um pessimismo que os faça ver apenas aspectos negativos, nem um encantamento ingênuo que os faça fechar os olhos aos riscos que estes ambientes oferecem. É fundamental uma capacidade de discernimento, orientada a partir do conhecimento, da leitura de mundo, de uma ética cristã e de valores humanos profundamente arraigados, que lhes permitam agir com uma intencionalidade educomunicativa.
O educador de hoje não pode ignorar o poder e a importância das mídias digitais e refletir sobre a questão da produção de conteúdo é essencial. Essa é uma área de intervenção educomunicativa que está em pleno desenvolvimento e é também um dos aspetos em torno do qual giram os processos de alfabetização midiática e informacional. É um desafio, mas também uma rica oportunidade. Como filhos e filhas de Dom Bosco e Madre Mazzarello, ousemos e aproveitemos essa oportunidade!