“Em coração de mãe, sempre cabe mais um”.
Existem na Internet vários sites dedicados a contar a origem e/ou os significados de ditados populares, mas procurei atentamente e não encontrei esse, tão conhecido de todos nós. Tenho minha própria opinião a respeito. Imagino que a primeira vez que alguém disse essa frase, estava se referindo a Margarida Occhiena, conhecida na Família Salesiana como Mamãe Margarida, mãe de Dom Bosco, que a Igreja beatificou em 15 de novembro de 2006, e cujo dia se comemora em 25 de novembro.
Por que penso dessa forma? Simples: basta conhecer a história da vida dessa mulher e se perceberá que esse ditado é a melhor expressão da forma que ela encontrou para ajudar seu filho sacerdote a cumprir com sua missão.
Tendo casado jovem ainda com um viúvo que já tinha um filho de nome Antonio, adotou-o como se fosse seu. Deu ainda ao marido mais dois filhos, José e João, mas nunca fez distinção entre os seus e Antonio. Tanto não fez que, já viúva, com João ainda pequeno, para tentar dar um basta nas desavenças entre o enteado e o caçula, preferiu enviar o seu próprio filho à casa de amigos para morar.
Passado o tempo, este caçula, já sacerdote e já conhecido em Turim como Dom Bosco, retorna à casa materna para tratamento de saúde e percebe ali o que ainda falta para o grupo de meninos órfãos e abandonados, dos quais cuidava em Turim: uma mãe. Dom Bosco convence então Mamãe Margarida a seguir com ele para Turim, a fim de ajudá-lo a cuidar daqueles jovens e crianças, o que ela aceita.
Ali ela vai conhecer a família de seu filho: um grande número de jovens e crianças, carentes e necessitados de tudo, e passa a ser a mãe de todos eles. Inicia uma fase de sua vida na qual cozinhar, remendar as roupas e cuidar daqueles cerca de quinhentos meninos e rapazes passa a ser sua rotina. Mesmo assim, quando algum novo jovem batia à porta do Oratório, ela era a primeira a acolhê-lo e convencer o filho de que havia lugar para mais um.
Tornou-se também uma educadora daqueles meninos, não no aspecto da cultura, coisa que não possuía, mas no sentido de torná-los melhores pessoas e cristãos de qualidade, passando a eles valores como honestidade, sinceridade, solidariedade e amizade. E deu-lhes principalmente carinho! Mas não qualquer tipo, e sim um carinho de mãe, sincero e sem medidas para cada um daqueles quinhentos ou mais filhos que adotou e que, segundo os historiadores e biógrafos dela, no dia 25 de novembro de 1856, choravam e lamentavam sinceramente o falecimento, chamando-a de sua Mamãe Margarida.
É por isso que, diante de uma biografia dessas, penso não restar nenhuma dúvida de que o ditado citado no início desta coluna cai como uma luva para lembrar-nos dela, pois no coração de Mamãe Margarida, sempre coube mais um.