Memórias Biográficas

A preguiça

Conforme as Memórias Biográficas VII, p. 306-307, o Padre Félix do Coração de Jesus comenta sobre o trabalho e o ócio, conceitos muitas vezes refletidos por Dom Bosco.
Pe. Osmar A. Bezutte, SDB

Para dezembro de 1862 a tipografia do Jornal L’Armonia imprimia o opúsculo O trabalho, discurso do orador da Metropolitana de Paris, padre Félix do Coração de Jesus, à juventude estudantil, por ocasião de uma solene distribuição de prêmios. Encontramos nesse discurso conceitos que Dom Bosco muitas vezes expressava a seus alunos:

Todos somos obrigados a trabalhar: comerás teu pão com o suor do teu rosto.
O ócio é pai de todos os vícios e produz desventuras sem número.
O trabalho forma o homem, o ócio o joga na incapacidade de prever, enfraquecendo o intelecto e freando a vontade.

Padre Félix comenta como o Espírito Santo descreve o ocioso no livro dos Provérbios:

O preguiçoso quer e não quer.
Os desejos matam o preguiçoso, porque suas mãos não quiseram fazer nada.
O preguiçoso esconde a mão debaixo da axila e não a leva até a boca.
Como a porta gira sobre os gonzos (sem mover-se do seu lugar), assim o preguiçoso na sua cama.
O medo desencoraja o preguiçoso; ele diz (para desculpar sua inércia): “Lá fora tem um leão; serei morto no meio da praça”.
O caminho do preguiçoso é ladeado de espinhos.

O trabalho forma o homem, o ócio o joga na incapacidade de prever, enfraquecendo o intelecto e freando a vontade.

Comentando as sentenças da Escritura acima, padre Félix falava aos jovens estudantes desejosos de enriquecer a própria inteligência: “O conhecimento científico amplo, claro e profundo não se adquire sem um obstinado trabalho. O homem só sabe o que memoriza; só memoriza o que aprende, e não aprende senão o que assimila com esforço e trabalho mental: eis, a meu ver, o verdadeiro e filosófico sentido dessa simples e profunda palavra: aprender”.

Comentários da Bíblia do Peregrino sobre três provérbios:

“A porta dá voltas no gonzo, e o preguiçoso na cama” (14). Um dos melhores provérbios do livro. Seria interessante transformá-lo numa montagem cinematográfica, alternando e compassando os dois movimentos giratórios, que não levam a lugar nenhum. Mover-se para não se mexer é o cúmulo da preguiça.

“O preguiçoso põe a mão no prato e se cansa ao levá-la à boca” (15). Isto é: “O preguiçoso mete a mão no prato e não é capaz de leva-la à boca” (19,24).

“O preguiçoso se crê mais sábio do que sete que respondem com acerto”. Aqui se juntam as duas séries, do néscio e do preguiçoso. Está tão satisfeito com seu mesquinho saber, como o outro de sua atividade nula. A preguiça mental lhe basta para convencer a si mesmo, já que não convence os outros.

Padre Osmar A. Bezutte, SDB, é revisor da nova tradução das Memórias Biográficas de São João Bosco (Editora Edebê).

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