Mensagem do Reitor-mor

O sonho de Dom Bosco está mais vivo do que nunca!

Diante de tudo o que vejo no mundo salesiano, posso dizer com um pouco de autoridade: amado Dom Bosco, o seu sonho continua a realizar-se.
Dom Ángel Fernández Artime – Reitor-Mor dos Salesianos

Caros leitores do Boletim Salesiano: faço-lhes chegar, como todo mês, uma saudação pessoal, vinda do coração e da minha reflexão motivada pelo que vou vivendo, pois creio que a vida nos chega a todos e o que compartilhamos de bom nos faz bem.

Escrevo de São Domingo, na República Dominicana. Fiz antes uma preciosa visita, muito significativa, a Juazeiro do Norte, no Nordeste do Brasil, e em algumas horas parto para o Vietnã. No meio dessa agitação, que, entretanto, se desenvolveu com muita paz, fui nutrindo meu coração salesiano com belas vivências.

Conto a vocês porque falam da missão salesiana, mas permitam-me iniciar com uma anedota que ontem me contava um salesiano e que me fez rir, me comoveu e me falou de “corações salesianos”.

Contava-me esse irmão salesiano que, em certa ocasião, viajando por uma das regiões do interior da República Dominicana, passou por um local onde algumas crianças costumavam atirar pedras nos carros, para provocar algum pequeno acidente – como quebrar um vidro – e, na confusão, poder roubar alguma coisa do viajante.

Pois bem, assim aconteceu com ele: passava pela estrada e um garoto atirou uma pedra para quebrar o vidro, e conseguiu. Ele saiu do carro, conseguiu pegar o menino e o obrigou a levá-lo até seus pais. A questão era que nessa família não havia um pai, pois ele os havia abandonado; somente uma mãe sofrida, que tinha este filho e uma filhinha.

Quando o salesiano disse para a mãe do menino que seu filho havia quebrado o vidro do carro (coisa que o garoto admitia), que isso custava muito dinheiro e que precisavam ver como pagá-lo, a mãe se desculpou, pediu perdão, mas o fez ver que não teria como pagar, que era pobre, que repreenderia seu filho etc.

Assim ia a conversa quando a menininha, a irmãzinha do “pequeno Magone de Dom Bosco”, que tinha a mão fechada, a abriu e estendeu a única moeda que tinha. Uma moeda quase sem valor, mas era todo o seu tesouro, e disse: “Tome, senhor, para ajudar a pagar o vidro”. Este meu irmão salesiano me contou que se comoveu tanto que já não podia mais falar e terminou dando algum dinheiro para a senhora, para ajudar a sua família.

Eu não sabia como interpretar a história, mas tem tanto de vida, de dor, de necessidade, de humanidade, que prometi a mim mesmo que a compartilharia com vocês.

É fato, amigos e amigas: o sonho de Dom Bosco continua se fazendo realidade ainda hoje, 200 anos depois.

E poucas horas depois, muito perto do lugar onde estava alojado na casa salesiana, me mostraram outra casinha pequena na qual acolhemos meninos que estão em situação de rua, sem nada, e majoritariamente são haitianos. Sabemos bem a tragédia que está vivendo o Haiti, onde não há ordem, governo nem lei... apenas as máfias, que dominam tudo.

Meu coração se encheu de alegria ao saber que esses meninos, menores de idade que chegaram até aqui não se sabe como e não têm onde viver, são acolhidos em nossa casa (são um total de 20 nesse momento), para depois serem encaminhados a outros lugares assim que estejam estabilizados, com outros objetivos educativos (onde temos, nas várias obras e sempre com salesianos e educadores leigos, outros 90 menores).

Isso me fez pensar que Valdocco, em Turim, nasceu assim. Foi exatamente assim: um pequeno grupo de meninos de Valdocco que, junto com Dom Bosco, deu origem de fato à Congregação Salesiana naquele 18 de dezembro de 1859.

Como não ver “a mão de Deus” em tudo isso? Como não perceber que todo esse trabalho responde a muito mais do que a uma estratégia humana? Como não perceber que aqui e em outros milhares de lugares salesianos no mundo continuamos fazendo o bem, sempre com a ajuda de tantas pessoas generosas e outras muitas que compartilham nossa paixão educativa?

Este ano, em Madri, na Espanha, e em outros lugares (também da América) se apresentou o magnífico curta-metragem intitulado “Canillitas”, que trata sobre a vida de muitos desses meninos em situação de rua. Alegrou-me estar tão próximo, ver com meus olhos e tocar com minhas mãos essa realidade. É fato, amigos e amigas: o sonho de Dom Bosco continua se fazendo realidade ainda hoje, 200 anos depois.

Um último fato: ontem passei todo o dia com os jovens do ambiente salesiano que se sentem chamados e líderes, em toda a América Latina, de um movimento que busca conseguir que, ao menos o ambiente educativo salesiano, se trate muito seriamente do cuidado com a Criação e da ecologia integral com a mesma sensibilidade do Santo Padre Papa Francisco na encíclica Laudato Si’. Estavam presentes nesse encontro (pessoalmente ou on-line) jovens de 12 nações da América Latina, representando o movimento “América Latina Sustentável”. Achei muito bonito que os jovens sonhem e se comprometam com algo que é bom para eles, para o mundo e para todos nós.

Diante de tudo isso, sinto-me com um pouco de autoridade para dizer: Amado Dom Bosco, o seu sonho continua a realizar-se.

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