Neste ano, estamos comemorando o bicentenário do Sonho dos Nove Anos, que Dom Bosco narra nas Memórias do Oratório de São Francisco de Sales. Foi, certamente, um sonho que, como ele mesmo diz, o marcou para toda a vida: “Não pude nunca tirar aquele sonho da minha cabeça”. No sonho, Maria, colocada como Mestra de Joãozinho por Jesus, dá o primeiro grande ensinamento para ele: “A seu tempo, tudo compreenderás!”.

Realmente, Dom Bosco foi percebendo a importância do sonho conforme ia avançando, tanto em idade, como no amadurecimento humano. E por isso a missa que ele rezou na nova Basílica do Sagrado Coração de Jesus em Roma, no dia 16 de maio de 1877, foi muito emocionante para ele. Ficou comovido durante toda a missa. Tinham se passado 62 anos daquele sonho e ali, naquele dia, estava acontecendo o coroamento da missão que tinha recebido no início da sua vida. “Eu tinha tão viva diante dos meus olhos a cena de então, quando eu tinha 10 anos, sonhei com a Congregação, e via e ouvia tão bem os meus irmãos e a minha mãe a discorrer e questionar o sonho que tive,” disse ele.

Assim ousamos dizer que deste sonho brotou toda a Obra Salesiana. Ele foi como que a semente, da qual se originaram o Oratório de São Francisco de Sales, os Salesianos, os Salesianos Cooperadores, a Associação de Maria Auxiliadora, as Filhas de Maria Auxiliadora, o apostolado da boa imprensa, o Boletim Salesiano, as missões salesianas e, posteriormente, através dos seus filhos, novos grupos que hoje formam a Família Salesiana.

Caro leitor do Boletim Salesiano: apresentamos nesta edição muitas atividades, ações que são realizadas pela Família Salesiana no Brasil e no mundo, dando continuidade ao sonho de Dom Bosco. Nesta edição, o Reitor-Mor fala exatamente disso, quando ele diz que “o sonho está mais presente do que nunca”.

Carlos R. Minozzi apresenta a figura de Mamãe Margarida, aquela que profetizou: “Talvez você venha a ser sacerdote”. Esta mulher (8 de março é o dia da Mulher) certamente merece todo louvor, porque foi uma grande educadora, evangelizadora e apoiadora, não só dos seus filhos, mas posteriormente dos meninos pobres do Oratório de Dom Bosco. E o Sínodo continua. Padre João Mendonça reforça que “um dos desafios pastorais da Igreja Católica que vive entre avanços e retrocessos é incentivar o ecumenismo e o diálogo inter-religioso”.

Fernando Campos Peixoto apresenta para os jovens um convite para vivenciar este tempo de Quaresma através de uma fórmula bem simples: “Colocar todo o ensinamento de Jesus e o seu amor em atos concretos”. Nossa linguagem tem que ser revista à luz do mandamento do amor. Deste mandamento brota também a amizade social, tema da Campanha da Fraternidade deste ano. Irmã Márcia Koffermann termina o seu artigo sobre este assunto dizendo algo bem salesiano: “O mundo de hoje precisa mais de ternura, de gentileza e de pessoas que ressaltem o bom e o belo para curar as feridas causadas pelo ódio e pela amargura que se espalham em nossas comunidades. Precisamos alimentar o espírito e a mente de coisas boas para podermos falar e agir com gentileza e bondade”.

Katiane Fátima de Gouvêa apresenta um artigo onde fala do cuidado da Criação: “Refletir sobre a Criação é um exercício íntimo e essencial, um chamado ao reconhecimento de como nossas escolhas cotidianas podem afetar profundamente o equilíbrio e a perfeição da obra divina”. “Na vida salesiana, aprendemos com Dom Bosco, a fazer tudo com gosto, senão a coisa não anda”, diz o padre Valdemar Pereira dos Santos no poema que conclui a edição do Boletim Salesiano.

Por tudo isso, também nós dizemos que o Sonho dos Nove Anos está mais vivo do que nunca.

P. Tarcizio Paulo Odelli
Diretor do Boletim Salesiano Brasil