Desde há muito tempo Dom Bosco pensava em mandar salesianos para a América do Sul. Tinha sonhado com isso. Em março de 1875 disse ao padre Cagliero: “Gostaria de mandar alguns de nossos padres mais antigos para acompanhar os missionários na América e ficar por três meses com eles, até que estejam bem instalados. Deixá-los sozinhos agora sem um apoio, um conselheiro no qual eles tenham confiança, parece-me um pouco cruel. Quando penso nisso o meu coração não aguenta”.
Padre Cagliero respondeu: “Se Dom Bosco não encontrar ninguém a quem confiar essa tarefa, e se acreditar que eu sou adequado, eu estou pronto”.
Os meses passavam sem que Dom Bosco fizesse algum outro aceno a este seu pensamento; mas um dia disse repentinamente ao padre Cagliero: “Quanto a ir para a América, você não mudou de opinião? Você disse brincando que iria?”. “O senhor sabe muito bem que com Dom Bosco não brinco nunca!”, respondeu Cagliero.
“Está bom. Prepare-se, chegou a hora”, confirmou Dom Bosco. Pe. Cagliero no mesmo instante correu para dar ordens para os preparativos, assim que, em poucos dias, trabalhando febrilmente, os levou a termo.
Pe. Cagliero, formado em Teologia pela Régia Universidade, lecionava a moral no Oratório, dirigia vários institutos religiosos na cidade, era professor de música dos jovens, participava dos assuntos mais delicados da Casa; ninguém jamais teria pensado que ele poderia se afastar disso tudo, mesmo que por pouco tempo. Depois de Pe. Cagliero, formou-se o grupo de missionários:
Pe. José Fagnano, destinado a dirigir o colégio de San Nicolás de los Arroyos. Tinha 31 anos, era homem de grande coração e intrépido, professor de literatura no ginásio superior e prefeito primeiro em Lanzo, depois em Varazze.
Pe. Valentim Cassinis, mestre de escola elementar. Deixava uma grande saudade entre os jovens aprendizes, dos quais cuidava.
Iam mais três padres: Pe. Domingos Tomatis, professor de letras no ginásio; Pe. João Batista Baccino e Pe. Tiago Allavena, mestres na escola elementar.
Completavam o grupo quatro coadjutores (Irmãos), que pela ocasião eram denominados catequistas, no sentido que tem essa palavra na linguagem missionária. Eram eles: Bartolomeu Scavini, mestre carpinteiro; Vicente Gioia, cozinheiro e mestre sapateiro; Bartolomeu Molinari, mestre em música vocal e instrumental; Estevão Belmonte, músico e atendente da economia doméstica.
Dom Bosco dedicou-se a concluir os preparativos para a partida dos missionários. Embora o tempo fosse curto, quis que recebessem a bênção do Vigário de Cristo. Partiram para Roma em 29 de outubro, acompanhados também pelo Comendador Gazzolo. Na festa de Todos os Santos tiveram uma audiência especial com o Santo Padre. Voltaram no dia 4 de novembro, tarde da noite. Dom Bosco fixou o dia da partida para a América: 11 de novembro, uma quinta-feira.
Chegando o dia, desde cedo a Basílica de Nossa Senhora Auxiliadora esteve movimentada. Por volta das 16h a afluência à igreja fazia prever uma multidão sem precedentes. As Vésperas foram cantadas, casando-se às melodias do órgão centenas de vozes juvenis que, debaixo das majestosas abóbadas do templo, ressoavam altas, harmoniosas e devotas. Assim que as Vésperas chegaram ao Magnificat, os missionários entraram no presbitério, dois a dois, colocando-se no meio, em locais preparados para eles. Todos os padres do Oratório e todos os diretores assistiam.
No fim das Vésperas, Dom Bosco subiu ao púlpito. Quando apareceu, naquele mar de pessoas fez-se um profundo silêncio; uma onda de emoção passou por toda a audiência, que se inebriou com suas palavras. Sempre que acenava diretamente aos missionários, sua voz era-lhe velada quase a morrer nos lábios. Só com muito esforço conseguia frear as lágrimas, mas o auditório chorava.
Dom Bosco encerrou as orações com sua bênção aos novos missionários, que a receberam em meio ao silêncio geral. Então veio a parte mais comovente da cerimônia, que levantou em todos os cantos soluços e lágrimas e colocou à prova a serenidade dos jovens apóstolos. Enquanto um coro de jovens repetia do coro o motete Sit nomen Domini benedictum ex hoc nunc et usque in saeculum (Seja o nome do Senhor bendito, agora e para sempre), no presbitério o amado Pai e todos os sacerdotes presentes davam o abraço aos peregrinantes. A emoção atingiu o auge quando, saindo pela balaustrada, os dez missionários atravessaram a igreja, passando entre jovens e conhecidos. Apertavam-se ao redor deles para beijar suas mãos e suas roupas.
Dom Bosco chegou por último à soleira da porta, da qual contemplou por um breve momento um grandioso espetáculo: a praça tomada pela multidão e uma longa fila de carruagens esperando os missionários, no brilho das lanternas que iluminavam a noite e nos reflexos do fluxo de luz que saía da porta aberta, debaixo de um céu claro e cheio de estrelas, numa brisa que soprava calma sobre os espectadores.
Os missionários, acompanhados por Dom Bosco e o cônsul argentino, sentaram-se nas carruagens, que primeiro lentamente e depois depressa dirigiram-se à ferrovia. Partiu-se quase imediatamente para Gênova.
Dom Bosco prometera deixar aos missionários algumas lembranças especiais, quase testamento paterno aos filhos que talvez ele nunca mais iria ver. Tinha-os escrito a lápis em seu caderninho durante uma recente viagem de trem e, tendo feito cópias, as entregou a cada um, enquanto se afastavam do altar de Maria Auxiliadora. Ao todo, eram 20 recomendações.
1. Procurai almas e não dinheiro, honras, dignidades.
2. Usai de caridade e suma cortesia para com todos, mas evitai as conversas e a familiaridade com pessoas de outro sexo ou de procedimento suspeito.
3. Não fazei visitas a não ser por motivo de caridade e necessidade.4. Nunca aceitai convites para refeições senão por gravíssimos motivos. Nesses casos, procurai ter um companheiro.
5. Cuidai de modo especial dos doentes, meninos, velhos e pobres, e ganhareis as bênçãos de Deus e a benevolência dos homens.
6. Sede obsequiosos com todas as autoridades civis, religiosas municipais e governativas.
7. Encontrando na rua alguma pessoa de autoridade, cumprimentai-a respeitosamente.
8. O mesmo fareis com os eclesiásticos ou membros de institutos religiosos.
9. Fugi do ócio e das discussões. Grande sobriedade nos alimentos, bebidas e repouso.
10. Amai, reverenciai, respeitai as outras ordens religiosas e falai sempre bem delas. É esse o meio de vos fazerdes estimar por todos e promover o bem da Congregação.
11. Tende cuidado da vossa saúde. Trabalhai, mas não além do que comportam as vossas forças.
12. Fazei que o mundo conheça que sois pobres, no vestuário, no alimento, na habitação e sereis ricos diante de Deus, e conquistareis o coração dos homens.
13. Amai-vos, aconselhai-vos e corrigi-vos mutuamente, mas não haja nunca entre vós inveja nem rancor; antes, o bem de um seja o bem de todos; as penas e os sofrimentos de um considerem-se como penas e sofrimentos de todos, e procurai cada um afastá-los ou ao menos minorá-los.
14. Observai as vossas Regras e nunca vos esqueçais do exercício mensal da boa morte.
15. Cada manhã recomendai a Deus as ocupações do dia, especialmente as confissões, aulas, catecismos e pregações.
16. Recomendai constantemente a devoção a Nossa Senhora Auxiliadora e a Jesus Sacramentado.
17. Aos meninos recomendai a confissão e a comunhão frequentes.
18. Para cultivar as vocações eclesiásticas, inculcai: 1) amor à castidade; 2) horror ao vício oposto; 3) fuga dos maus; 4) comunhão frequente; 5) caridade com sinais de bondade e especial benevolência.
19. Nas coisas contenciosas, antes de julgar, ouçam-se ambas as partes.
20. Nas fadigas e sofrimentos não nos esqueçamos de que nos aguarda um grande prêmio no céu. Amém.
Discurso de Dom Bosco na partida dos missionários para a América do Sul em novembro de 1875 na Basílica de Nossa Senhora Auxiliadora
O Nosso Divino Salvador, quando estava nesta terra, antes de ir ao Pai Celestial, reuniu seus Apóstolos, disse-lhes: Ite in mundum universum... docete omnes gentes... Praedicate evangelium meum omni creaturae. Ide por todo o mundo ... ensinai a todos ... pregai meu evangelho a todas as criaturas.
Com essas palavras o Salvador não deu um conselho, mas uma ordem a seus apóstolos, para que levassem a luz do Evangelho em todos os lugares da terra. Esse comando ou missão deu o nome de Missionários a todos aqueles que em nossos países ou em países estrangeiros vão promulgar ou pregar as verdades da fé. Ite, ide.
Tendo, o Divino Salvador, subido ao Céu, os Apóstolos cumpriram fielmente o preceito do Mestre. São Pedro e São Paulo foram a muitos países, cidades e reinos do mundo. Santo André foi para a Pérsia, São Bartolomeu à Índia, São Tiago à Espanha e todos, quem num lugar quem noutro, pregaram o Evangelho de Jesus Cristo, de modo que São Paulo já escreve aos Romanos: Fides vestra annunciatur in universo (A vossa fé é proclamada no mundo inteiro – Rm 1,8).
Mas não teria sido melhor se os Apóstolos tivessem permanecido primeiro para conquistar os habitantes de Jerusalém e de toda a Palestina, especialmente para ter a comodidade de se reunir e discutir os pontos mais fundamentais da Religião Católica e como propagá-la para que não tivesse mais ninguém naquelas regiões que não acreditasse em Jesus Cristo? Não, eles não fizeram assim; o Divino Salvador lhes dissera: Ite in mundum universum, ide para o mundo inteiro. Portanto, os Apóstolos, não podendo percorrer todas as regiões do globo por conta própria, juntaram-se a outros e, ainda, a outros operários evangélicos, que enviavam aqui e ali para propagar a palavra de Deus. São Pedro enviou Santo Apolinário para Ravena, São Barnabé para Milão, São Lino e outros para a França, e assim fizeram os outros Apóstolos no governo da Igreja.
Os Papas sucessores de São Pedro fizeram o mesmo; e todos os que foram às Missões, ou partiram de Roma ou foram com o consentimento do Santo Padre.
E tudo isso está de acordo com as disposições de Deus Salvador, que estabeleceu, como era necessário, um centro seguro, infalível, ao qual todos devessem se referir, do qual todos dependessem e ao qual se deveriam se conformar todos aqueles que tinham que pregar sua santa palavra.
Agora, estudando nós, na nossa pequena maneira de executar, de acordo com as nossas forças, o preceito de Jesus Cristo, se apresentavam várias Missões na China, na Índia, na Austrália, na própria América; mas por várias razões, especialmente por ser a nossa Congregação ainda incipiente, foi preferida uma Missão na América do Sul, na República Argentina. Para seguir o uso adotado, aliás o preceito de Jesus Cristo, apenas começamos a falar desta Missão, perguntamos imediatamente o que pensava o Chefe da Igreja e todas as coisas foram feitas em total entendimento com Sua Santidade; nossos Missionários, antes de partirem para a sua Missão, foram prestar homenagem ao Vigário de Jesus Cristo para receber sua bênção Apostólica e, então, partir como enviados pelo mesmo Divino Salvador.
Desta forma, nós iniciamos uma grande obra, não porque temos pretensões ou porque acreditamos converter o universo inteiro em poucos dias, não; mas quem sabe se não seja essa partida e este pouco como uma semente da qual deve nascer uma grande planta? Quem sabe, se ela não é como um grão de milho ou mostarda, que, pouco a pouco, se estende e não faça um grande bem? Quem sabe se essa partida não despertou no coração de muitos o desejo de se consagrar a Deus nas Missões, juntando-se a nós e reforçando as nossas fileiras? Eu espero que sim. Vi o número imenso daqueles que pediram para serem escolhidos.
Para lhes dar uma ideia justa da grande necessidade de padres na República Argentina, cito apenas algumas passagens de uma carta recém-recebida de uma pessoa amiga que mora nesse país. “Se alguma vez nesses países alguém tivesse o conforto, escreve ele, que se pode ter, não digo na Igreja de Maria Auxiliadora, mas no lugar mais esquecido da Itália ou da França, hein! quão afortunadas se considerariam esses povos e como se mostrariam maleáveis e gratos à voz de quem se cansa por eles. Mas aqui muitas vezes, mesmo na morte, não se consegue ter o conforto de Nossa Santa Religião. Não poucas cidades ficam absolutamente sem a Santa Missa”. Ele me conta de um parente seu que, querendo ir à Missa aos domingos, saiu na quinta-feira e para chegar a tempo, teve que viajar muito rápido, servindo-se de cavalo, de carroça e de todos os meios possíveis, e chegou a esse povoado apenas no domingo de manhã para a hora da Missa.
Os poucos sacerdotes que estão lá não são suficientes para administrar os sacramentos aos moribundos, seja pela grande população à qual se estendem seus cuidados, seja pela distância dos diferentes povoados em que vivem.
Recomendo-lhes, então, com particular insistência (disse ele, voltando-se para os Missionários) a dolorosa posição de muitas famílias italianas, que, numerosas, vivem dispersas nessas cidades e nesses povoados e mesmo no meio dos campos. Os pais, os seus filhos com pouco conhecimento da língua e dos costumes dos lugares, longe das escolas e das igrejas, ou não frequentam as práticas religiosas ou, se vão, não entendem nada. Por isso, me escrevem que vocês encontrarão um número muito grande de crianças e até de adultos que vivem na mais deplorável ignorância da leitura, da escrita e de todos os princípios religiosos. Ide, procurem esses nossos irmãos, que a miséria ou a desventura levaram para uma terra estrangeira, e esforcem-se para que eles saibam quão grande é a misericórdia daquele Deus, que envia vocês pelo bem de suas almas, para ajudá-los a conhecer e seguir aquele caminho, que certamente os levará à sua salvação eterna.
Nas regiões que circundam a parte civilizada existem grandes hordas de selvagens, entre os quais ainda não penetraram nem a religião de Jesus Cristo, nem a civilização nem o comércio, onde até agora o pé do europeu não deixou vestígio.
Esses países são os Pampas, a Patagônia e algumas ilhas que a cercam e que formam um continente talvez maior que toda a Europa.
Pois todas essas vastas regiões são alheias ao cristianismo e ignoram todos os princípios da civilização, comércio e religião. Oh, então, rezemos, rezemos ao proprietário da vinha para enviar trabalhadores para a sua colheita, para enviar muitos, mas enviá-los conforme o seu coração, para que se espalhe nesta terra o Reino de Jesus Cristo.
Neste ponto, deveria dizer a todos os que me ouvem que rezem pelos nossos missionários; espero que o farão. Aqui nós não deixaremos passar um dia sem recomendá-los a Maria Auxiliadora e parece-me que Maria, que agora abençoa a partida, não poderá não abençoar o progresso da Missão.
Também devo agradecer a muitos benfeitores, que de várias maneiras se empenharam para o sucesso desta Missão. Mas o que vou dizer? Vamos nos voltar para Jesus no Santíssimo Sacramento, que agora será exposto para a bênção, e rezaremos para que Ele recompense tudo o que fizeram em favor desta nossa Casa, da Congregação Salesiana e desta Missão.
Eu deveria falar de um personagem ilustre que iniciou, levou para frente e concluiu o santo empreendimento; mas não posso falar o nome porque ele está presente. Certamente falarei dele em outros momentos.
E agora vou falar algumas palavras a vocês, filhos amados, que estão para partir.
Antes de tudo, recomendo que em suas orações particulares e comuns, nunca se esqueçam de nossos benfeitores da Europa, e as primeiras almas que vocês conseguirem ganhar para Jesus Cristo, as ofereçam ao Pai celestial em homenagem e em sinal de agradecimento aos beneméritos benfeitores desta missão. A todos em particular, eu já falei a viva voz o que o coração me estava inspirando ou o que eu achava mais útil; e a todos deixo escritas lembranças especiais que são o meu testamento para aqueles que vão para aqueles países distantes e que talvez eu não tenha mais o consolo de ver nesta terra.
Mas falta-me a voz, as lágrimas sufocam a palavra. Digo apenas que, se minha alma neste momento se emociona com a sua partida, o meu coração tem um grande consolo ao ver consolidada a nossa Congregação; ao ver que em nossa pequenez também nós colocamos a nossa pedrinha neste grande edifício da Igreja. Sim, partam corajosos; mas lembrem-se de que existe apenas uma Igreja que se estende por toda a Europa, a América e por todo o mundo, e recebe em seu seio os habitantes de todas as nações que desejam vir e se refugiar em seu seio materno.
Cristo é o Salvador das almas que estão aqui, como das que estão lá. E o Evangelho que é pregado em um lugar é o mesmo que se prega nos outros; de modo que, embora separados no corpo, temos, em todos os lugares, unidade de espírito, trabalhando todos para a maior glória do mesmo Deus e Salvador Nosso Jesus Cristo.
Mas onde quer que vocês vão morar, filhos amados, vocês devem sempre pensar que são sacerdotes católicos e são Salesianos. Como católicos, vocês foram a Roma para receber a bênção, aliás, a Missão do Sumo Pontífice. E com esse fato vocês pronunciam uma fórmula, uma profissão de fé e tornam público que vocês são enviados pelo Vigário de Jesus Cristo para cumprir a mesma missão dos Apóstolos, como enviados pelo próprio Jesus Cristo.
Portanto, esses mesmos Sacramentos, esse mesmo Evangelho pregado pelo Salvador, por seus Apóstolos e pelos sucessores de São Pedro até os dias de hoje, a mesma Religião, os mesmos Sacramentos, vocês devem amar zelosamente, professar e pregar exclusivamente, quer entre os selvagens ou entre os povos civilizados. Deus os livre de dizer uma palavra ou fazer a menor ação que seja ou possa ser interpretada contra os ensinamentos infalíveis da Suprema Sé de Pedro, que é a Sé de Jesus Cristo, a quem devemos tudo referir, e de quem deve-se depender em tudo.
Como Salesianos, em qualquer remota parte do globo que se encontrarem, não se esqueçam de que aqui na Itália vocês têm um pai que vos ama no Senhor, uma Congregação que pensa em vocês em todas as circunstâncias, provê sempre a vocês e os acolhe como irmãos. Ide, portanto; vocês terão que enfrentar todos os tipos de fadigas, privações, perigos; mas não tenham medo, Deus está com vocês, ele lhes dará tão grande graça, que vocês dirão com São Paulo: sozinho eu não posso fazer nada, mas com a ajuda divina sou onipotente. Omnia possum in eo qui me confortat. Vocês irão, mas não irão sozinhos; todos irão acompanhá-los. Não poucos colegas seguirão o seu exemplo e irão se juntar a vocês no campo da glória e das tribulações. E aqueles que não poderão partir com vocês para acompanhá-los no campo Evangélico, que a Divina Providência estabeleceu para vocês, os acompanharão com o pensamento e a oração, e com vocês compartilharão as consolações e as aflições, as flores e os espinhos, para que com a ajuda Divina possam ser frutuosos em tudo o que terão que suportar pela salvação das almas redimidas por Jesus. Ide, portanto, o Vigário de J. C., o nosso venerável Arcebispo os abençoaram. Eu também, com todo o carinho do meu coração, invoco abundantes bênçãos divinas sobre vocês, sobre sua viagem, sobre todos os seus empreendimentos, todos os seus esforços.
Adeus! Talvez todos nós não poderemos nos rever nesta terra. Por um tempo estaremos separados com o corpo, mas um dia estaremos reunidos para sempre. Nós, trabalhando para o Senhor, ouviremos dizer-nos, Euge, serve bone et fidelis... intra in gaudium Domini tui (Muito bem, servo bom e fiel… vem participar da alegria do teu Senhor – Mt 25,21).